III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST77 – Educação indígena e ensino de língua: os lugares da linguística

Coordenação:Fábia Fulni-ô (UFAL – Campus do Sertão) Este Simpósio Temático visa a promover discussões em torno dos lugares que podem ser ocupados pela pesquisa em linguística no âmbito da educação indígena, considerando o ensino de língua materna ou de língua portuguesa – quando se tratar de situações em que a língua materna perdeu espaços de uso ou simplesmente não é mais falada na comunidade – sob uma perspectiva ampla, podendo englobar resultados de diferentes vertentes de pesquisas, incluindo descrições de línguas para propostas de alfabetização e ensino, bem como relatos de situações de ensino-aprendizagem e de descrição etnográfica de sala de aula de ensino de língua em uma ou mais comunidade indígena. Nesse sentido, serão aceitos trabalhos que apresentem discussões sobre a questão do ensino da chamada norma culta em situações de contato e de bilinguismo. Uma outra vertente de estudos a ser considerada diz respeito a investigações que buscam compreender a situação linguística de comunidades indígenas com foco em estratégias de revitalização e preservação, abrindo-se espaço também para relatos e/ou pesquisas sobre essas estratégias. Considerando que se trata de um campo vasto e no qual coexistem muitas e diferentes abordagens, não limitamos o alcance das abordagens teóricas e ou metodológicas utilizadas. Apenas sugerimos que estas estejam de algum modo relacionadas a discussões de caráter linguístico. Palavras-chave: Descrição de língua, Educação indígena, Ensino de língua, bilinguismo.

ST76 – Tecnologias digitais e multiletramentos no ensino de língua e literatura: perspectivas e propostas

Coordenação:Thaís Nascimento Santana (UNEB)Valéria Rios Oliveira Alves (UFBA) Com avanço e desenvolvimento das tecnologias digitais, as práticas de linguagem foram sendo modificadas de modo que o predomínio da escrita verbal, foi dando espaço para o surgimento de gêneros discursivos cada vez mais multissemióticos/multimodais, o que demanda o desenvolvimento de outros letramentos, para além daquele da letra/livro, que deem conta das múltiplas linguagens presentes nos textos postos em circulação nas práticas sociais em rede (Rojo; Barbosa, 2015). A Base Nacional Comum Curricular propõe o desenvolvimento de diversas competências gerais, entre elas “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais” (Brasil, 2018, p. 9). No que tange à Língua Portuguesa, defende que “é preciso considerar a cultura digital e os multiletramentos”. Desse modo, torna-se relevante pensar criticamente de que maneira essas prescrições presentes na BNCC, inspiradas pela Pedagogia dos Multiletramentos (NLG, 1996; Rojo, 2012) têm repercutido (ou não) nos cursos de formação de professores das linguagens e nas salas de aula da educação básica. Nesse contexto, este simpósio pretende reunir trabalhos que discutam o ensino de Língua Portuguesa, bem como de Literatura, que levem em consideração as práticas de linguagem emergentes do uso das tecnologias e da cultura digital, bem como os multiletramentos e os letramentos críticos na formação inicial do professor e/ou nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. São bem-vindos, portanto, trabalhos resultantes de pesquisas concluídas ou em andamento, relatos de experiência de professores em formação e/ou em exercício, que tragam em suas discussões e/ou experiências uma articulação entre ensino das linguagens, o atravessamento das tecnologias digitais em suas aulas e/ou formação, na perspectiva dos multiletramentos e dos letramentos críticos. Palavras-chave: Ensino de linguagens, Tecnologias digitais. Cultura digital. Práticas de linguagem. Multiletramentos.

ST75 – Políticas linguísticas e processos de acolhimento no Brasil: um diálogo importante e necessário

Coordenação:Georgiana Márcia Oliveira Santos (UFMA/PGLetras)Wagner Barros Texeira (UNILA e PPGL-UFAM) No atual cenário mundial, temos testemunhado fenômenos impactantes como novas enfermidades, o recrudescimento do embate entre o negacionismo e o conhecimento científico, a ameaça desafiadora das Fake News, a evidência dos discursos de ódio, de manifestações de intolerância, do preconceito e da xenofobia. Tudo isso acaba gerando crises sociais e políticas, muitas das quais culminando em conflitos armados que levam a crises humanitárias. Consequentemente, movimentos de deslocamento de pessoas têm crescido, intensificando processos migratórios e a diáspora de comunidades em diferentes regiões do planeta. Considerando-se o contexto brasileiro, nas últimas décadas, temos percebido a intensificação de processos migratórios de grupos minorizados, os quais demandam políticas de acolhimento que valorizem suas visões de mundo, bem como aspectos culturais, línguas e saberes constitutivos de suas identidades. Nesse sentido, é importante considerar ações que promovam a inclusão desses grupos, de forma significativa e transformadora, combatendo o preconceito, a intolerância, a xenofobia e o discurso de ódio. Na esteira do acolhimento no Brasil, são importantes, e cada vez mais necessárias, pesquisas e ações que evidenciem a correlação intrínseca entre políticas linguísticas e políticas de acolhimento em perspectiva plurilíngue, transgressiva e decolonial, e que reconheçam as relações identitárias entre territorialidades, fluxos migratórios, linguagens em movimento e processos de integração. Movidos por essa visão e pela proposta do III ENALA, a partir do Eixo Temático 9: “Políticas Linguísticas”, neste Simpósio, acolhemos trabalhos que busquem propor uma resposta ao seguinte questionamento: como integrar políticas linguísticas e processos de acolhimento no Brasil? Com vistas a responder a esse questionamento, optamos por tomar pressupostos teórico-metodológicos de duas áreas: a da Linguística Aplicada, em especial aqueles relacionados a sua perspectiva transgressiva (Pennycook, 2006) e indisciplinar (Moita Lopes, 2006), e a das Políticas Linguísticas, a partir da perspectiva Glotopolítica (Guespin e Marcellesi, 1986; Arnoux, 2000; 2014; Lagares, 2018; Zambrano e Reinoldes, 2021). Dessa forma, pretendemos promover a socialização e o debate sobre pesquisas, já concluídas e/ou em andamento, que evidenciem ações voltadas para o ensino de línguas que considere processos de acolhimento em diferentes esferas: a da formação docente, a do currículo, a da avaliação, a da prática de ensino na Educação Básica e no Ensino Superior, a de espaços transfronteiriços, a do material didático, a dos direitos linguísticos, entre outras. Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Processos de acolhimento, Decolonialidades, Migrações, Linguística Aplicada Transgressiva e Indisciplinar.

ST74 – Discurso e tensões raciais na língua(gem)

Coordenação:Rogério Modesto (UESC)Mauricio J. Souza Neto (IFBA) A língua não é neutra. Vibra nos corpos, ressoa nas margens, ecoa nos silêncios impostos. A palavra carrega a tensão das histórias interrompidas, dos nomes desfeitos, dos sentidos desviados. No entrelaçar dos discursos, a racialização não é um acaso: é trama urdida pelo racismo, esculpindo identidades, limitando pertencimentos, hierarquizando humanidades. O discurso fabrica a cor que oprime, mas também a cor que resiste. A língua, ferida e ferindo, pode ser jugo ou rebeldia. O negro, o indígena, o cigano, o judeu, o amarelo – categorias forjadas na brutalidade colonial – são sujeitos que reescrevem a gramática da opressão em novos registros de existência. Onde se tentou silêncio, brotam vozes; onde se impôs apagamento, inscreve-se memória. Onde a linguagem foi violentada, surgem novas formas de enunciar o mundo. O discurso, enquanto campo de disputa, opera como ferramenta tanto da dominação quanto da resistência. O racismo se manifesta na estrutura da língua, nos enunciados que marginalizam e nos sentidos que delimitam os sujeitos dentro da ordem colonial. Mas a língua, em sua potência insubmissa, também é território de insurgência, abrindo brechas para a reconstrução de sentidos. Nesta sessão coordenada, acolheremos trabalhos que naveguem pelas correntezas da linguagem, investigando como discurso, colonialidade e resistência se entrelaçam. Buscamos reflexões que desvelem os mecanismos de invisibilização e silenciamento, mas, sobretudo, aquelas que iluminam as fissuras, os desvios e os espaços onde a linguagem insurge e reinventa. Queremos trazer para o debate as formas pelas quais a língua abriga a memória e a resistência dos sujeitos racializados. Porque a linguagem não apenas nomeia: ela reescreve histórias, reconfigura mundos e pode, enfim, libertar. Palavras-chave: Discurso, Linguagem, Tensões Raciais, Racialização, Silenciamento.

ST73 – Práticas de Letramento à luz da Linguística Aplicada: construções decoloniais

Coordenação:Leila Patrícia Alves Dantas (IFPI)Luciana Oliveira Atanásio (IFMA/UFPB-Proling) Os estudos de práticas de letramento na sociedade contemporânea são marcados por avanços tecnológicos e pela diversificação cultural, de maneira que se exige uma abordagem interdisciplinar para compreendê-los plenamente. Nesse contexto, a Linguística Aplicada oferece ferramentas e perspectivas diversas para a análise das práticas de letramento, em contextos educacionais e sociais diversos. Isto posto, esse simpósio objetiva reunir trabalhos que discutam e promovam uma compreensão interdisciplinar do letramento e suas práticas associadas, com o intuito de discutir as contribuições da LA para o entendimento do letramento e de seus impactos na inclusão social e equidade educacional. O simpósio abarca estudos que abordem temáticas sobre os letramentos, relacionando-os aos contextos culturais, sociais e educacionais, na perspectiva da LA e suas intersecções, como letramentos e inclusão social, letramentos digitais, letramentos críticos, políticas de letramento escolar e social, entre outros, resultados de pesquisas já concluídas ou em andamento, realizadas por diversas metodologias, como estudos de caso, análise de discurso, pesquisas etnográficas, fundamentadas em abordagens interdisciplinares. A bibliografia inclui autores, como Street (2006, 2014) e Soares (2002), os quais trazem os letramentos como fenômenos sociais e culturais constituídos de identidade e de pessoalidade; quer dizer; estão vinculadas às identidades e expectativas sociais específicas sobre modelos de comportamentos e papéis sociais que cada indivíduo desempenha. Para Freire (2002) e Moita Lopes (2009), os letramentos são práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita em contextos específicos, socialmente situados e culturalmente determinados. Barton (1994) destaca que o(s) letramento(s) têm valores dados pela sociedade e por instituições sociais. Bell Hooks (2019) situa o letramento como uma prática capaz de promover a justiça social e a transformação política; um lugar de aprender a questionar e desafiar as estruturas de poder que oprimem as classes menos favorecidas, enfatizando a necessidade de reconhecer, questionar e confrontar o racismo, o sexismo e a luta de classes e outras formas de opressão existentes, a partir de uma perspectiva de práticas letradas decoloniais diaspóricas. Espera-se com esse simpósio que o debate em torno da relação interdisciplinar entre os Letramentos e a LA promova o compartilhamento, o reconhecimento e o respeito mútuo entre as diferentes pessoas e culturas, rompendo com a hegemonia de uma classe dominante que, pela imposição histórica de opressão, apagamentos e silenciamentos, perpetua uma visão eurocêntrica, no tocante à linguagem, à identidade, à pluralidade e à diversidade cultural brasileira. Palavras-chave: Letramento, Linguística Aplicada, Decolonialidade, Resistência.

ST72 – Identidades nos estudos textuais e discursivos: processo de construção e estratégia de resistência às desigualdades de classe

Coordenação:Elizandra Dias Brandão (UFPI)Evando Luiz e Silva Soares da RochA (SEMED) Nos últimos tempos temos nos deparado com uma sociedade desigual em concomitância com determinados grupos, o que tem despertado investigações por parte de pesquisadores que estudam sobre o assunto e constroem narrativas sobre esse mundo pesquisado. Nesse cenário, o/a pesquisador/a desempenha a função de intermediar as discussões teóricas de modo a deixar explicito a compreensão da língua como uma prática social. Em consonância com a proposta do III Encontro Nacional em Linguística Aplicada – Alteridades em Resistência (FALE/UFAL), considerando as pesquisas no campo da Linguística Aplicada, este simpósio objetiva reunir trabalhos concluídos ou em andamento que investiguem estudos do texto e do discurso e que provoquem discussões/ação sobre temas como: identidades, formação docente, ou ensino e aprendizagem de línguas. O objetivo é proporcionar a apresentação e a discussão de pesquisas na dimensão crítica dos estudos da linguagem que, através da análise do texto e/ou do discurso em diferentes contextos e através de metodologias de abordagem qualitativas de dimensão sócio-histórica, evidenciem a pluralidade de saberes e deem visibilidade às vozes silenciadas pelas desigualdades sociais resultantes de exclusão de diversas naturezas, valorizando, assim, identidades e grupos desfavorecidos ou subalternizados. Nesse sentido, aceitam-se resumos de trabalhos de graduação ou de pós-graduação, cuja fundamentação e discussões abordem, preferencialmente, autores que formam a base teórica da Análise Dialógica do Discurso Bakhtin, (2012) e da Análise de Discurso Crítica Fairclough, (2001, 2005, 2008); Magalhães, (2001, 2012) e outros, além de autores que embasam os estudos textuais discursivos e/ou interacionais (Marcuschi, 2002; Cavalcante, 2022) e outros. Os resumos devem ter entre 200 e 300 palavras e incluir, obrigatoriamente, título, objetivos, metodologia e análise de resultados ou discussão. Palavras-chave: Identidade, Estudos textuais e Discursivos, Desigualdades, Formação Docente, Ensino de línguas

ST71 – A relação entre letramentos, multiletramentos e alfabetização para o ensino de línguas

Coordenação:Dedilene Alves de Jesus-Oliveira (UFV)Bruno Cuter Albanese (UFV) A correlação entre letramentos, multiletramentos e alfabetização é uma abordagem que tem gerado estudos no campo da Linguística Aplicada que apontam as aproximações nesses conceitos (Kaworski, 2010; Soares e Moura, 2020; Castro e Rolim-Moura, 2023). Tomando por pressuposto a noção de que letramento e alfabetização são fenômenos interdependentes (Soares, 2003), que apresentam concepções distintas, porém intercambiáveis, compreendemos que a manifestação dessa relação se dá nas práticas diversificadas e sistematizadas que abarcam o processo de aquisição de leitura e escrita, sendo a elas associada posteriormente o conceito de multiletramentos, na concepção das múltiplas formas de letramentos ampliadas, principalmente pelas demandas tecnológicas e digitais (Cazden et al, 2021). Em uma perspectiva de diversidade linguística e cultural, tal relação torna-se fundamental, quando pensamos em abordagens didático-pedagógicas no ensino de línguas que possam corroborar para uma formação humana integral, bem como para a noção de um ensino que concentra diversos modos de representação para além do enrijecimento de uma língua ou mesmo do aprisionamento que pode ser ocasionado por uma organização curricular muito restrita às demandas de um sistema de ensino. A dinamicidade da linguagem, derivada de fatores históricos, sociais e culturais, na contemporaneidade, tem sido afetada pelo surgimento de fenômenos linguísticos e multimodais que emergem das diversas demandas da atualidade, como o consumo das redes sociais, entre outras, tornando necessária a reflexão acerca da forma como a escola tem tratado pedagogicamente essas representações (Ribeiro, 2021). Nesse viés, este simpósio temático objetiva receber pesquisas de pesquisadores e professores que discutam a relação entre letramentos, multiletramentos e alfabetização nas seguintes vertentes: a) no ensino regular; b) no ensino de grupos minoritários; c) na Educação de Jovens, Adultos e Idosos; d) na formação inicial docente; e) na formação continuada. Palavras-chave: Pedagogia dos Multiletramentos. Ensino de línguas. Alfabetização.

ST70 – Alfabetização “fora de fase” e leitura crítica em perspectiva crítica: instrumentos de justiça social e de combate à patologização da infância

Coordenação:Thalita Cristina Souza-Cruz (UNIRIO)Fernanda Moraes D’Olivo (CAP/Uerj) A alfabetização no Brasil e a dificuldade de leitura e escrita têm sido uma questão de intensa preocupação entre estudiosos da educação e áreas correlatas, sobretudo no que tange o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Esse desempenho pode ser observado em pesquisas como “Retratos da Leitura no Brasil” e resultados nacionais e internacionais – como o PISA e o SAEB – com consequências para a formação do futuro profissional, leitor e leitor e cidadão, estando, portanto, intimamente relacionada a questões de vulnerabilidade social e a dificuldade de aprendizagem e também tem reflexos na forma como nossa sociedade recebe, julga e entende as informações – levando à desinformação. Nesse sentido, é relevante pensarmos na autonomia da escrita e na leitura crítica como elementos centrais de justiça social e de combate à discriminação (Santos et al., 2022; Ramos e Sampaio, 2024), uma vez que são responsáveis por possibilitar o acesso ao conhecimento, à cidadania e à cultura. Some-se a isto, um cenário de patologização e medicalização da infância, focada em dar diagnósticos e na educação bancária – fruto da ascensão do Neoliberalismo e de seu consequente individualismo. Partindo-se deste cenário, este simpósio olha para o ensino da escrita e da leitura como processos intimamente relacionados aos contextos histórico-culturais e discursivos dos indivíduos (Gallo, 1994, Pfeiffer, 2000, Silva, 2016, Marcuschi, 2008, Vygotsky, 1991) e que, portanto, exige uma perspectiva dialógica (Bakhtin, 1997), na qual a linguagem constrói significados e reflete relações de poder. Nesse sentido, a escola se configura como espaço híbrido de transformação e questionamento (Babbha, 1994; hooks, 1994) com função de combate aos preconceitos e, na garantia de uma inclusão efetiva. Tendo em vista essa perspectiva teórica, este simpósio acolherá discussões e relatos de casos que promovam: i) uma discussão crítica do ensino de leitura e de escrita (sobretudo, mas não limitado ao Ensino Fundamental II) e sua relação com um ensino voltado para o combate ao preconceito, possibilitando uma inclusão efetiva e a construção de uma sociedade mais justa; ii) trabalhos que discutam experiências transformadoras voltadas para a alfabetização “fora de fase” e a promoção da leitura; ii) trabalhos voltados à discussão da patologização da infância e às dificuldades de aprendizagem. Palavras-chave: Alfabetização tardia. Letramento crítico. Justiça Social

ST69 – (Multi)letramentos e dispositivos didáticos: fundamentos e práticas para o ensino de Língua Portuguesa e a formação docente

Coordenação:Ivoneide Bezerra de Araújo Santos-Marques (IFRN/UFRN)Alana Driziê Gonzatti dos Santos (UFRN) No Brasil, a busca pela ressignificação do ensino de Língua Portuguesa e a reflexão sobre a formação de professores para que se alcance essa meta em termos de formação leitora e escritora de estudantes da educação básica têm sido objeto de preocupação, tanto no contexto acadêmico, quanto no contexto escolar. Na sociedade grafocêntrica, atualmente, dos cidadãos, é exigido o domínio de múltiplos letramentos e multiletramentos. Assim, ensinar a ler e escrever exige do professor uma formação que lhe permita escolher adequadamente fundamentos, objetos de ensino, metodologias e dispositivos didáticos, para que a escola, a principal agência de letramento, cumpra a contento o seu papel de formar cidadãos letrados. Considerando a relevância dessa problemática, neste simpósio aberto, temos por objetivos: (i) oportunizar a discussão sobre fundamentos e práticas pedagógicas de uso social da leitura e da escrita; (ii) socializar experiências desenvolvidas na educação básica que tematizem letramento(s) no ensino de Língua Portuguesa ou na formação docente em uma perspectiva crítica. Interessam-nos, especialmente, pesquisas que relacionem o trabalho com letramentos e multiletramentos no ambiente escolar ou no contexto de formação docente a dispositivos didáticos (sequências didáticas, oficinas de letramento e projetos de letramento), discutindo as implicações do uso desses dispositivos para o ensino de Língua Portuguesa. Esperamos dialogar sobre pesquisas ancoradas na concepção sócio-histórica de linguagem; nos estudos de letramento de vertente sociocultural; na Pedagogia Crítica; na pedagogia dos multiletramentos; e/ou gêneros textuais/discursivos. Metodologicamente, interessam-nos investigações que partam do paradigma qualitativo com natureza interventiva (pesquisa-ação, etnografia ou outras abordagens). As discussões provenientes dos objetivos propostos podem contribuir para a compreensão do espaço escolar como um contexto para o uso situado e agentivo de práticas de linguagem. Palavras-chave: Letramentos, Multiletramentos, Dispositivos didáticos, Ensino de Língua Portuguesa, Formação docente.

ST68 – O Estágio Supervisionado como Espaço de Letramento Docente: desafios, perspectivas e reflexões críticas na e para a formação de professores de línguas

Coordenação:Elisa Mattos (UFV)Dedilene Alves de Jesus-Oliveira (UFV) O estágio supervisionado desempenha um papel central nas licenciaturas e na formação inicial de professores de línguas, proporcionando o contato direto com a realidade escolar e permitindo a articulação entre teoria e prática (Pimenta; Lima, 2019). No contexto da formação docente, esse componente curricular não apenas possibilita a aplicação de conhecimentos construídos na graduação, mas também deve fomentar a reflexão crítica sobre os desafios da sala de aula e as práticas pedagógicas adotadas (Gimenez, 2020; Reichmann; Romero, 2019), para professores formadores (orientadores e supervisores) e para estagiários. Nesse processo, os estudos sobre letramento oferecem uma perspectiva essencial para compreender as práticas de ensino e aprendizagem de línguas, considerando os múltiplos contextos nos quais os futuros professores atuam (Kleiman, 2005; Street, 2014). Este simpósio temático tem como objetivo reunir pesquisadores e docentes (em formação inicial e/ou continuada) para discutir as potencialidades e os desafios do estágio supervisionado na formação de professores de línguas, tendo como base tanto os processos de letramento de professores em formação inicial e continuada quanto os letramentos dos professores formadores/orientadores nos cursos de licenciatura. Para tanto, consideramos aspectos como a inserção do estagiário na cultura escolar, a reflexão do professor formador/orientador e o planejamento das disciplinas de estágio supervisionado, as experiências dos estagiários, professores supervisores e formadores, a construção da identidade docente e o desenvolvimento da consciência crítica sobre as práticas pedagógicas. Além disso, buscamos debater questões como a relação entre a formação inicial e continuada, as dificuldades enfrentadas nos contextos escolares, a mediação dos professores supervisores na construção do conhecimento docente e as contribuições do estágio para o desenvolvimento profissional docente (Gatti et al., 2019). Neste simpósio temático, convidamos professores formadores/orientadores, supervisores, estudantes e pesquisadores a submeterem trabalhos que explorem o estágio supervisionado como um espaço (político) de letramento docente, contribuindo para a construção de práticas reflexivas e críticas na formação inicial de professores e dialogando com as diferentes perspectivas sobre o estágio supervisionado e sua relevância para a formação de professores de línguas. Esperamos que as discussões fomentadas neste espaço possibilitem diálogos interinstitucionais e contribuam para a formulação de propostas que visem aprimorar o estágio supervisionado nas licenciaturas em Letras, com vistas a fortalecer a formação docente e promover um ensino de línguas mais reflexivo e crítico. Palavras-chave: Estágio supervisionado, Formação docente, Letramento docente, Ensino de línguas, Licenciatura.