III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST75 – Políticas linguísticas e processos de acolhimento no Brasil: um diálogo importante e necessário

Coordenação:
Georgiana Márcia Oliveira Santos (UFMA/PGLetras)
Wagner Barros Texeira (UNILA e PPGL-UFAM)


No atual cenário mundial, temos testemunhado fenômenos impactantes como novas enfermidades, o recrudescimento do embate entre o negacionismo e o conhecimento científico, a ameaça desafiadora das Fake News, a evidência dos discursos de ódio, de manifestações de intolerância, do preconceito e da xenofobia. Tudo isso acaba gerando crises sociais e políticas, muitas das quais culminando em conflitos armados que levam a crises humanitárias. Consequentemente, movimentos de deslocamento de pessoas têm crescido, intensificando processos migratórios e a diáspora de comunidades em diferentes regiões do planeta. Considerando-se o contexto brasileiro, nas últimas décadas, temos percebido a intensificação de processos migratórios de grupos minorizados, os quais demandam políticas de acolhimento que valorizem suas visões de mundo, bem como aspectos culturais, línguas e saberes constitutivos de suas identidades. Nesse sentido, é importante considerar ações que promovam a inclusão desses grupos, de forma significativa e transformadora, combatendo o preconceito, a intolerância, a xenofobia e o discurso de ódio. Na esteira do acolhimento no Brasil, são importantes, e cada vez mais necessárias, pesquisas e ações que evidenciem a correlação intrínseca entre políticas linguísticas e políticas de acolhimento em perspectiva plurilíngue, transgressiva e decolonial, e que reconheçam as relações identitárias entre territorialidades, fluxos migratórios, linguagens em movimento e processos de integração. Movidos por essa visão e pela proposta do III ENALA, a partir do Eixo Temático 9: “Políticas Linguísticas”, neste Simpósio, acolhemos trabalhos que busquem propor uma resposta ao seguinte questionamento: como integrar políticas linguísticas e processos de acolhimento no Brasil? Com vistas a responder a esse questionamento, optamos por tomar pressupostos teórico-metodológicos de duas áreas: a da Linguística Aplicada, em especial aqueles relacionados a sua perspectiva transgressiva (Pennycook, 2006) e indisciplinar (Moita Lopes, 2006), e a das Políticas Linguísticas, a partir da perspectiva Glotopolítica (Guespin e Marcellesi, 1986; Arnoux, 2000; 2014; Lagares, 2018; Zambrano e Reinoldes, 2021). Dessa forma, pretendemos promover a socialização e o debate sobre pesquisas, já concluídas e/ou em andamento, que evidenciem ações voltadas para o ensino de línguas que considere processos de acolhimento em diferentes esferas: a da formação docente, a do currículo, a da avaliação, a da prática de ensino na Educação Básica e no Ensino Superior, a de espaços transfronteiriços, a do material didático, a dos direitos linguísticos, entre outras.

Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Processos de acolhimento, Decolonialidades, Migrações, Linguística Aplicada Transgressiva e Indisciplinar.