III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST70 – Alfabetização “fora de fase” e leitura crítica em perspectiva crítica: instrumentos de justiça social e de combate à patologização da infância

Coordenação:
Thalita Cristina Souza-Cruz (UNIRIO)
Fernanda Moraes D’Olivo (CAP/Uerj)

A alfabetização no Brasil e a dificuldade de leitura e escrita têm sido uma questão de intensa preocupação entre estudiosos da educação e áreas correlatas, sobretudo no que tange o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Esse desempenho pode ser observado em pesquisas como “Retratos da Leitura no Brasil” e resultados nacionais e internacionais – como o PISA e o SAEB – com consequências para a formação do futuro profissional, leitor e leitor e cidadão, estando, portanto, intimamente relacionada a questões de vulnerabilidade social e a dificuldade de aprendizagem e também tem reflexos na forma como nossa sociedade recebe, julga e entende as informações – levando à desinformação. Nesse sentido, é relevante pensarmos na autonomia da escrita e na leitura crítica como elementos centrais de justiça social e de combate à discriminação (Santos et al., 2022; Ramos e Sampaio, 2024), uma vez que são responsáveis por possibilitar o acesso ao conhecimento, à cidadania e à cultura. Some-se a isto, um cenário de patologização e medicalização da infância, focada em dar diagnósticos e na educação bancária – fruto da ascensão do Neoliberalismo e de seu consequente individualismo. Partindo-se deste cenário, este simpósio olha para o ensino da escrita e da leitura como processos intimamente relacionados aos contextos histórico-culturais e discursivos dos indivíduos (Gallo, 1994, Pfeiffer, 2000, Silva, 2016, Marcuschi, 2008, Vygotsky, 1991) e que, portanto, exige uma perspectiva dialógica (Bakhtin, 1997), na qual a linguagem constrói significados e reflete relações de poder. Nesse sentido, a escola se configura como espaço híbrido de transformação e questionamento (Babbha, 1994; hooks, 1994) com função de combate aos preconceitos e, na garantia de uma inclusão efetiva. Tendo em vista essa perspectiva teórica, este simpósio acolherá discussões e relatos de casos que promovam: i) uma discussão crítica do ensino de leitura e de escrita (sobretudo, mas não limitado ao Ensino Fundamental II) e sua relação com um ensino voltado para o combate ao preconceito, possibilitando uma inclusão efetiva e a construção de uma sociedade mais justa; ii) trabalhos que discutam experiências transformadoras voltadas para a alfabetização “fora de fase” e a promoção da leitura; ii) trabalhos voltados à discussão da patologização da infância e às dificuldades de aprendizagem.


Palavras-chave: Alfabetização tardia. Letramento crítico. Justiça Social