III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

Resumos de atividades

Simpósios Temáticos Abertos Presenciais (01 ao 39)   |  Simpósios Temáticos Abertos On-line (40 ao 77)
Comunicações Coordenadas Presenciais (01 a 08)   |   Comunicações Coordenadas On-line (09 a 12)

ST01 - Saberes e práticas sobre o ensino e aprendizagem de Língua Brasileira de Sinais em múltiplos contextos

Coordenação:
Sérgio Ferreira (UNESPAR)
Tânia Ap. Martins (UNIOESTE)

Na área dos estudos linguísticos de diversos programas de pós-graduação cujo interesse de pesquisa é a linguagem em diferentes perspectivas, as línguas de sinais de forma gradativa têm atraído atenção de pesquisadores que encontram nestes lugares um espaço de acolhimento para seus estudos (Martins, 2022; Quadros, 2021; Stumpf, 2024; Xavier, 2020). No que se refere especificamente ao campo da Linguística Aplicada (LA), percebe-se um aumento significativo de estudos que se debruçam sobre as questões que orbitam sobre os saberes e as práticas do ensino e aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais – Libras em múltiplos contextos (Andreis-Witkoski, 2020; Ferreira, 2019; Rodrigues, 2023). Nesse sentido, este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores, educadores e profissionais que investigam ou atuam com o ensino e aprendizagem de Libras como L1 ou L2 em diferentes contextos e ambientes. No intuito de fomentar um espaço de acolhimento, diálogo e compartilhamento de estudos, neste simpósio também são bem-vindas pesquisas originadas a partir de experiências sobre práticas pedagógicas, abordagens metodológicas, recursos tecnológicos, políticas linguísticas e os desafios enfrentados na formação de professores que abordem em seus trabalhos sobre o ensino e aprendizagem de Libras em diversos cenários.

Palavras-chave: Inteligência artificial, Realidade aumentada, Multiletramentos, Gênero textual, Formação docente e discente.

ST02 - Pluralidade linguística das línguas de sinais e o ensino de português e educação bilíngue de Surdos

Coordenação:
Waldemar dos Santos Cardoso Junior (UFPA)
Leila Saraiva Mota (UFPA)

Conforme enfatiza Botelho (2010), a educação bilíngue sugere que a pessoa Surda seja exposta a Língua de sinais o mais cedo possível. A língua de sinais é concebida como língua materna de pessoas Surdas. O bilinguismo simboliza aspectos políticos, sociais e culturais, onde é necessário garantir um currículo organizado e atender o acesso aos conteúdos escolares na própria Língua do Surdo (L1) (Quadros, 2004). Nesse sentido, este simpósio propõe agregar trabalhos que envolvam estudos teóricos e descritivos das línguas indígenas de sinais e da língua brasileira de sinais-Libras e de seus aspectos linguísticos que abarquem reflexões e reformulações, descritivas, metodológicas e tipológicas de línguas de sinais, que favoreçam investigações no plano de análise e descrição das línguas de sinais, além de discutir políticas públicas que reconheçam a pluralidade linguística das línguas de sinais existente no Brasil. Busca reunir ainda estudos que investiguem a língua de sinais como instrumento cultural nas mediações do processo de construção da identidade surda, da sociabilidade, da memória social, das práticas sociais e das políticas culturais da pessoa surda. Pretende-se agregar também trabalhos que envolvam políticas públicas para a formação de professores da educação básica na perspectiva da educação bilíngue, para alunos surdos, saberes e práticas na educação básica, envolvendo as modalidades e as diferentes metodologias de ensino, considerando os princípios da formação docente, bem como o ensino da língua portuguesa como L2.

Palavras-chave: Pluralidade linguística, Educação bilíngue, Políticas públicas, Formação docente.

ST03 -  Práticas de ensino da Libras (como língua natural, materna e adicional) e da Língua Portuguesa (como língua adicional) para surdos/as  

Coordenação:
Joseane dos Santos do Espírito Santo (UFRR) 

Nas últimas décadas, as pesquisas sobre os Estudos Surdos avançaram para diversas linhas, o que possibilitou novas reflexões sobre as práticas de ensino. Uma das áreas que tem avançado nas pesquisas são os estudos sobre ensino-aprendizagem de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da Língua Portuguesa escrita. A Libras é uma língua natural que pode ser aprendida como língua materna para os/as surdos/as filhos/as de pais surdos. Ela também pode ser ensinada como língua natural para os/as surdos/as filhos/as de pais ouvintes e como língua adicional para as pessoas ouvintes. E, por fim, a Língua Portuguesa (LP), língua oficial do Brasil, pode ser ensinada na modalidade escrita para as pessoas surdas. Diante da diversidade de práticas de ensino das referidas línguas, faz-se necessário a investigação e socialização sobre como ocorre o processo de ensino-aprendizagem e as implicações que elas estão produzindo. Sendo assim, tendo como base os estudos da Linguística Aplicada (LA), essa sessão busca reunir e socializar as atuais pesquisas sobre o ensino da Libras (como língua natural, materna e adicional) e da LP escrita (como língua adicional) para surdos/as. Proporcionar essas discussões e reflexões no ambiente de eventos acadêmicos permitirá a socialização e a produção de novos conhecimentos sobre o tema, o que pode implicar nas práticas docentes. 

Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem, Libras, Língua Portuguesa, Surdos. 

ST04 - Ensino da leitura: aspectos cognitivos e desafios práticos

Coordenação:
Marcos Suel dos Santos (Semed-São Sebastião/AL)
Maria Silma Lima de Brito (UFAL)

A leitura é uma atividade complexa que exige a compreensão de diversos modelos e abordagens (Silveira, 2005) teórico-metodológicas. No contexto educacional, a compreensão dos processos cognitivos envolvidos na leitura é fundamental para práticas pedagógicas eficientes, especialmente nas aulas de língua portuguesa. Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores, professores da educação básica e estudantes para discutir sobre os aspectos cognitivos da leitura e como eles impactam o ensino. Entre os temas envolvidos, destacam-se as estratégias cognitivas e metacognitivas, os processos de decodificação na fase inicial da alfabetização, a formação docente para o ensino da leitura, a relevância e os benéficos da leitura em voz alta. Ao considerar os desafios enfrentados no cenário nacional, incluindo a redução de quase sete milhões de leitores nos últimos quatro anos, conforme a pesquisa Retratos da Leitura (2024), este simpósio se apresenta como um espaço crucial para discutir soluções práticas e teóricas para melhorar a competência leitora no Brasil. A socialização de pesquisas, práticas e experiências permitirá o fortalecimento de uma educação alicerçada nos fundamentos cognitivos da leitura, contribuindo para o desenvolvimento de leitores proficientes e para a promoção de um ensino mais eficaz e transformador.

Palavras-chave: Leitura, Aspectos cognitivos, Práticas de Ensino, Educação Básica.

ST05 - Ensino e formação de professores de língua materna: reflexões suleadas sob o escopo da LA

Coordenação:
Dannytza Serra Gomes (UFC)
Francisco Rogiellyson da Silva Andrade (UFC/CE)

Este simpósio busca reunir pesquisas que visibilizem e desvelem questões acerca de ensino e/ou formação de professores de língua materna. Desse modo, interessam-nos projetos científicos que se balizem no escopo indisciplinar e decolonial da Linguística Aplicada – LA (Rajagopalan, 2003; Moita Lopes, 2006; Pennycook, 2006), por acreditarmos que essa diretriz permite a construção de um corpo de conhecimentos que objetiva problematizar e desvelar questões sociais atinentes a cada realidade local cujas reflexões gerem excedentes de visão para pensar translocalmente modos de ser e de pensar, na e pela linguagem, acionamentos para cada realidade da Linguística Aplicada que se faz aqui. A partir disso, elegemos como temática transversal ensino e formação de professores de língua materna, dado o fato de estudos, como o de Queiroz (2023), afirmarem que as licenciaturas vêm sofrendo uma severa crise desde 2018, com a eleição de governos de extrema direita e com as consequências da pandemia. Em virtude dessa realidade, pensamos ser necessário, a partir da LA em interface com as diversas searas teórico-metodológicas dos estudos discursivos, promover discussões que notabilizem a temática, apontando pontos invisibilizados, bem como promovendo ecos, atravessamentos e alargamentos de visão necessários a este Sul Global. Acreditamos que, com isso, daremos vazão à promoção de debates trans e indisciplinares que suleiam as discussões sobre ensino e formação de professores de língua materna, com forte apelo para refletir sobre a realidade transcultural e multissemiótica que hoje se mostra ubíqua nos cenários de aprendizagem.

Palavras-chave: Ensino de língua materna, Formação de professores de línguas, Linguística Aplicada, Decolonialidade.

ST06 - Leitura e escrita nos primeiros anos de escolarização

Coordenação:
Elaine Cristina de Oliveira (UFBA)
Cristiane Carneiro Capristano (UEM)

A proposta deste simpósio é se constituir como um espaço de debate, reunindo pesquisas (concluídas ou em andamento), no campo do ensino e da aprendizagem de língua materna, cuja temática principal envolva a discussão sobre as práticas de leitura e/ou de escrita nos primeiros anos de escolarização, em particular, aqueles destinados ao Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). As práticas de leitura e de escrita vivenciadas no cotidiano escolar são processos amplamente estudados em diferentes campos científicos. Em cada campo e no interior desses campos, essas práticas ganham também diferentes conotações, sendo, portanto, definidas e compreendidas sob variadas perspectivas teórico-metodológicas. Sem desmerecer a importância dessa pluralidade, este simpósio destina-se, primordialmente, a pesquisas desenvolvidas tendo como ponto de partida perspectivas linguístico-discursivas da leitura e/ou da escrita. Trata-se, pois, de privilegiar a discussão de pesquisas nas quais a descrição linguística dos processos de leitura e de escrita seja feita a partir da consideração de que esses processos não são atividades mecânicas de decodificar/codificar sílabas, palavras, sentenças ou textos, mas, sim, práticas sócio-históricas complexas que envolvem a produção de sentidos e resultam de gestos de interpretação dos sujeitos, desde sempre interpelados pela ideologia, pela história e pelo inconsciente. Nesse sentido, o simpósio visa a acomodar pesquisas fundadas na intersecção e no trânsito entre a descrição linguística e a compreensão discursiva das práticas de leitura e/ou de escrita. O privilégio a perspectivas linguístico-discursivas funda-se no desejo de promover debates e expandir o diálogo a respeito do potencial explicativo desse ponto de vista para a análise e compreensão da circulação das crianças por práticas sócio-históricas de leitura e de escrita, sobretudo aquelas vividas no contexto escolar.

Palavras-chave: Leitura, Escrita, Escolarização, Perspectiva linguístico-discursiva.

ST07 - Educação Bilíngue de Surdos, Ensino de Libras e Escrita de Sinais

Coordenação:
Alexandre Melo de Sousa (UFAL)
Jânio Nunes dos Santos (UFAL)

A Educação Bilíngue de Surdos vem sendo discutida há pelos menos duas décadas, no Brasil (Fernandes; Pereira; Ribeiro, 2024), a partir do Decreto Federal nº 5.626/2005 que estabeleceu a obrigatoriedade de as escolas ofertarem-na aos estudantes surdos, sendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua e o português escrito como segunda língua (Brasil, 2005). Recentemente, a educação bilíngue de surdos ganhou o status de modalidade da educação formal no Brasil, a partir da Lei no 14.191/2021, cujo teor jurídico regulamenta a oferta em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns, seja em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de educação bilíngue de surdos. Sabe-se que a Libras apresenta um papel essencial no processo de ensino e aprendizagem da L2. A perspectiva que se assume não é de transferência de conhecimento da primeira língua para a segunda nos moldes da mera tradução, mas de um processo paralelo de aquisição e aprendizagem de ambas, embora a Libras seja sempre a língua de mediação nos processos de ensino e de aprendizagem. Comunicar-se pela Libras, bem como ler e escrever em português escrito, são habilidades substanciais para o processo de desenvolvimento dos sujeitos surdos para que vivenciem plenamente as práticas e os eventos sociais de comunicação, contudo são processos complexos que envolvem diversas competências. Nestes moldes, as competências gramaticais e comunicativas dos estudantes são elementos fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita do português (Quadros; Schmiedt, 2006) tendo em vista que a Libras constitui língua de mediação no processo das aprendizagens. Levando em consideração as diversas perspectivas teórico-metodológicas, este simpósio tem por interesse reunir trabalhos que se destinem a debater a educação bilíngue de surdos nas diversas etapas da educação básica e do ensino superior; o ensino da Libras como primeira língua e como segunda língua e a escrita de sinais.

Palavras-chave: Educação Bilíngue de Surdos, Ensino de Libras, Escrita de Sinais.

ST08 - Lingua(gem) como ação afirmativa na escola: contribuições da linguística aplicada para o ensino crítico de nossa língua materna, a Língua Portuguesa

Coordenação:
Maria Teresa Tedesco Vilardo Abreu (UERJ)
Hilma Ribeiro de Mendonça Ferreira (UERJ)

Que tempos estamos vivendo! Que tempo de mudanças!! De reflexões! Essas mudanças precisam ser vistas, de forma crítica e reflexiva. Precisamos fazer com que as novas gerações entendam as mudanças sociais que estamos vivendo, sem considerar que (as mudanças) representam uma ilha social, que afetam somente um bairro, uma família, um grupo social. Parte-se da premissa de que a escola tem como função precípua construir reflexão – crítica, ampliando o conhecimento dos estudantes. Especificamente, as aulas de língua materna contribuem, sobremaneira, para este desenvolvimento sobre a vida, suas mudanças e o entendimento acerca dos diferentes contextos sociais em que as mudanças ocorrem. Para tanto, há de se pensar em currículo que, efetivamente, contribua para essa construção de identidade(s) dos diferentes sujeitos. Nosso foco principal é que leitura, escrita e análise linguística, pilares básicos das aulas de língua portuguesa, são instrumentos fundamentais para a construção deste sujeito crítico e reflexivo, pois o pleno domínio da língua é condição para o “agir no mundo”, desenvolvendo capacidade (s) de gerir conhecimentos em todas as áreas e com isso saber fazer escolhas ao longo de sua vida, em qualquer das esferas discursivas em que esteja inserido. Neste sentido, este simpósio visa a receber pesquisas que discutam, teórico-metodologicamente, ações didáticas relativas ao ensino de língua materna, em qualquer nível de escolaridade, que aliem o processo de aprendizagem da língua, embasado nos contributos da linguística aplicada, a ações afirmativas que resultem em discussões sobre práticas identitárias, sejam étnico-raciais, sejam de outra natureza, em abordagens textuais e discursivas.

Palavras-chave: Ações afirmativas, Ensino de Língua Portuguesa, Linguagem, Processos de ensino e de aprendizagem.

ST09 - Produção textual e ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa: abordagens teórico-metodológicas da atividade metalinguística à luz da Genética Textual

Coordeção:
Mauri Célio Alves Santana (UFAL)
Rosiene Omena Bispo (Seduc/AL)

Este simpósio temático visa a reunir trabalhos voltados ao ensino e à aprendizagem de Língua Portuguesa no contexto da escrita colaborativa, com base em fundamentos da Genética Textual (GT) e da Linguística Enunciativa. A proposta parte da compreensão do texto como um processo em curso, e não como mero produto final, priorizando a observação da escritura em ato, na qual rasuras gráficas e orais (apagamentos, acréscimos, substituições, deslocamentos) revelam operações cognitivas e metalinguísticas relevantes para o aprendizado da língua. A Genética Textual, inicialmente ligada à Crítica Literária (Fabre, 1986, 1990), passou a ser aplicada aos manuscritos escolares (Calil, 1998, 2016), ampliando as possibilidades de análise dos processos de escrita em contextos reais de sala de aula. A partir dessa perspectiva, os borrões, hesitações e reformulações durante a produção colaborativa do texto ganham status de objetos de análise, permitindo compreender como os sujeitos refletem sobre a linguagem durante a escrita. Nesse contexto, destacamos o papel da atividade metalinguística, compreendida como ação reflexiva, consciente ou não, sobre a língua (Camps et al., 1999, 2000, 2005; Culioli, 1990), particularmente em sua relação com o ensino da gramática. A escrita colaborativa oferece terreno fértil para essa atividade, pois o confronto de ideias, a necessidade de negociação linguística e a verbalização de conflitos podem revelar não apenas o que os estudantes sabem, mas como eles pensam sobre a linguagem. Dessa forma, este simpósio acolherá estudos concluídos ou pesquisas em andamento que focalizem práticas de produção textual em situação colaborativa, observando especialmente as interações face a face entre alunos e/ou entre professor e alunos, em que emergem comentários metalinguísticos relacionados a aspectos linguísticos, gramaticais, textuais, semânticos ou pragmáticos. Pretende-se, com isso, fomentar discussões que contribuam para o avanço das investigações sobre a aprendizagem da Língua Portuguesa, sobretudo em sua dimensão processual e dialógica.

Palavras-chave: Genética Textual. Atividade metalinguística. Ensino de Língua Portuguesa. Escrita colaborativa. Manuscrito escolar.

ST10 - A Proposta Multirrede-Discursiva no ensino-aprendizagem de línguas: subsídios para o trabalho docente

Coordenação:
Yamilka Rabasa (UnB)

A Proposta Multirrede-Discursiva (MR-D) foi desenhada e aprimorada por Silvana Serrani na Unicamp. Em 2005, com reimpressão em 2010, a proposta, denominada de Multidimensional-Discursiva, foi divulgada em um instigante livro em que Serrani aborda e fundamenta, com rigor teórico, as bases convocadas na elaboração da Proposta: a Linguística Aplicada, os estudos discursivos, os estudos da aquisição de línguas, do inconsciente e os teórico-literários. Em 2020, a proposta passou a adotar o nome multirrede, para indicar a “perspectiva reticular” que a caracterizaria. Na Proposta MR-D, “Propõe-se o trabalho com redes de discursos, que tematicamente girem em torno de um tópico cultural específico. A finalidade dessa rede é que diferentes posições de sentido sejam mobilizadas em relação aos conteúdos socioculturais de ensino em foco” (Serrani, 2020, p. 266). A MR-D está constituída por três componentes: o Componente Intercultural permite que contextualizemos os materiais no que diz respeito aos territórios, espaços, momentos histórico-culturais e grupos sociais contemplados, além de se observar a diversidade cultural considerando o contexto de partida e o de chegada; o Componente Língua-discurso e gêneros discursivos diz respeito aos conteúdos do sistema da língua enfocados a partir da compreensão discursiva da linguagem e aos gêneros discursivos em que se inscrevem (Bakhtin, 2011); o Componente Práticas de linguagens em oficinas multirrede-discursivas corresponde ao planejamento das práticas de audição, leitura, produção escrita, produção oral e tradução, porém, articulando os componentes anteriores. A MR-D permite abordar, de forma não banalizada, dimensões socioculturais, em articulação com conteúdos de língua-discurso, que possibilitem uma educação humana e crítica para pensar e (quem sabe?) mudar o estado de coisas atual. A partir de uma formação transdisciplinar, o professor multirrede-discursivo pode, ao mobilizar os critérios MR-D, analisar livros didáticos e materiais paradidáticos, selecionar textos em diversas linguagens para complementar o livro didático, planejar atividades, aulas e cursos de línguas. Assim, neste simpósio, convocamos professores, estudantes e pesquisadores da área para compartilharem suas experiências e pesquisas no que diz respeito a: metodologias de ensino, planejamentos de aulas e de cursos, relatos de práticas docentes e propostas teóricas que foquem na formação de professores e no ensino-aprendizagem de línguas desde perspectivas interculturalmente críticas, que concebam a língua como “um objeto complexo” (Revuz, 2016) para além de “um mero instrumento a ser dominado” (Serrani, 2010), comprometidos com uma educação para a emancipação (Freire, 2019). Que este simpósio possa ser o embrião de profícuas discussões atentas aos desafios da realidade da educação no Brasil hoje.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de línguas, Proposta Multirrede-Discursiva, Materiais didáticos, Cultura, Língua-discurso.

ST11 - Ensino de literatura e linguística aplicada: interseções

Coordenação:
Adriana Nunes de Souza (IFAL)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)

Este simpósio aceitará trabalhos que discutam o ensino de literatura sob a perspectiva da linguística aplicada. Educar para o letramento e a formação do leitor têm sido uma constante indicação nos documentos oficiais que orientam os projetos pedagógicos das escolas de Ensino Básico, assim como enfatizam o papel das Licenciaturas enquanto formadoras de professores da Escola Básica. Desse modo, somos solicitados a ultrapassar os muros da Academia, cumprindo o nosso papel social de inserção efetiva na comunidade. Os benefícios alcançados são compartilhados entre a comunidade que recebe o trabalho e os alunos da Universidade, que, ao vivenciarem o cotidiano das escolas, aprimoram a sua formação enquanto professores. No caso específico da Literatura, é importante ressaltar que a leitura deve ser encorajada. Adultos mais reflexivos, criativos e críticos são o resultado de um trabalho que deve iniciar-se bem cedo na vida das pessoas. Sendo a leitura e o letramento temas constantes das preocupações dos docentes da Educação Básica, o simpósio discutirá o ensino e a aprendizagem da literatura (Cosson, 2014), associando a problemática da leitura e do ensinar aos estudos do letramento literário (Cosson, 2009), dos multiletramentos (Rojo & Moura, 2012) e/ou do letramento crítico (Monte-Mór, 2015). Adotando, portanto, uma perspectiva multidisciplinar da pesquisa em linguística, os trabalhos poderão versar sobre a prática docente, sobre a análise da literatura nos materiais didáticos para a Educação básica (módulos, livros didáticos, apostilas etc.), sobre as estratégias de ensino e de aprendizagem da literatura, sobre a formação do leitor ou sobre as teorias ligadas ao tema do simpósio. Os trabalhos devem relacionar-se a uma reflexão acerca da docência, da prática pedagógica, das práticas sociais da leitura e do papel do professor de literatura numa perspectiva que discuta o ensino de literatura associado ao valor social e político da leitura, que “não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo” (Freire, 2021). Tal concepção de leitura associa-se ao letramento literário, em que ensinar, considera o contexto da escola e não apenas ela, permite identificar e questionar os “protocolos de leitura, afirmando ou retificando valores culturais, elaborando e expandindo sentidos” (Cosson, 2014). Sob esse cenário, o trabalho com a leitura e o letramento literário pode ser associado ao letramento crítico ao elucidar temáticas emudecidas socialmente pela colonialidade, tornando o ensino de literatura uma contribuição para transformar o silenciamento de questões cotidianas opressoras, evitando desigualdades sociais (Monte-Mór, 2015).

Palavras-chave: Ensino de literatura, Educação Básica, Linguística Aplicada, Multiletramentos, Leitura literária.

ST12 - Educação Literária: produção, seleção e experiências com obras na escola pública

Coordenação:
Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE)
Eliana Kefalás Oliveira (UFAL)

Nos últimos anos, uma série de discussões sobre como selecionar e mediar obras literárias nas escolas públicas têm ganhado destaque na formação inicial e continuada de professores, com destaque para as pesquisas no âmbito do Mestrado Profissional em Letras. Tal contexto recente coincide também com a extinção do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) e com a fabricação do PNLD-Literário, uma política pública que envolve processos complexos de produção, avaliação e escolha de obras literárias. O presente simpósio temático pretende discutir justamente os processos de circulação de obras literárias na escola, com destaque para a agentividade docente na realização de escolhas de obras específicas. Ao levarmos em consideração que as propostas curriculares, a BNCC e o ENEM não indicam obras específicas para leitura, a discussão sobre como as obras são escolhidas e quais experiências são realizadas nas escolas faz-se necessário para uma melhor compreensão das práticas de letramento com a literatura no contexto escolar. Por isso, é importante a realização de pesquisas, no campo da Linguística Aplicada e dos Estudos Literários, que se interessem por analisar: (i) programas e projetos de leitura específicos; (ii) seleção de obras no âmbito de políticas públicas; (iii) critérios de seleção de obras de diferentes gêneros e formatos; (iv) processos de mediação e de experiências com obras literárias específicas. Espera-se assim colaborar com a ampliação de estudos sobre os critérios de escolha das obras literárias utilizadas por docentes em diferentes contextos e atuação, assim como sobre a recepção de tais obras em comunidades de leitura específicas. O simpósio almeja receber contribuições de diferentes campos de reflexão (letramento literário, educação literária, leitura subjetiva, didática da literatura) que colaborem para uma melhor compreensão da bibliodiversidade e dos processos de mediação que ocorrem nos diferentes cenários da escola pública. Ao focalizar a experiência literária com o uso de diferentes obras, a apreciação estética e ética com crianças, jovens e adultos (cf. Andruetto, 2017; Bajour, 2012, 2023; Cosson, 2021; Zilberman e Rösing, 2009), este simpósio espera reunir investigações sobre a mediação em sala de aula com o texto literário, análise de políticas públicas, análise de projetos e experiências com obras literárias nos contextos educativos escolares, especialmente nas aulas de língua materna e estrangeira. Desta forma, acreditamos que podemos construir um diálogo fértil que busque (re)construir modos de pensar a educação literária no campo da Linguística Aplicada e dos Estudos Literários realizada no Brasil.

Palavras-chave: Educação Literária, Experiência literária, Critérios de seleção.

ST13 - Linguística Textual e Ensino de Língua Portuguesa: teoria e prática em contextos multimodais

Coordenação:
Isabel Muniz-Lima (Fale/UFAL/Protexto/Getel)
Fábio André Cardoso Coelho (UFF/Thelpo/Gepelt)

Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisas na área da Linguística Textual e suas aplicações para o ensino de Língua Portuguesa, promovendo um diálogo entre teoria e prática com foco em estudos que abordem práticas em contexto digital, com foco na multimodalidade. Serão aceitos trabalhos que se debruçam sobre uma análise linguístico-textual, voltada para observar os fatores de textualidade evidentes em textos diversos com o objetivo de investigar como as especificidades dos diferentes modos de interação digital e da multimodalidade podem ser produtivamente utilizados nas aulas. Podem ser submetidas pesquisas as quais exploram atividades pedagógicas que integram aspectos semânticos, pragmáticos e interacionais, contribuindo para o desenvolvimento das diferentes habilidades textual-discursivas dos estudantes. O objetivo central desta proposta é reunir estudos que se voltem para as categorias do texto, enfatizando, entre outras, como a referenciação, as intertextualidades, a argumentação, o gênero, as sequências textuais, a organização tópica podem ser trabalhadas em aulas de Língua Portuguesa considerando as especificidades da interação em contexto digital e a multimodalidade. Neste simpósio, os professore(a)s/pesquisadore(a)s são convidado(a)s a apresentarem trabalhos que se fundamentam, entre outros autores da Linguística Textual, nos estudos de Beaugrande e Dressler (1981), Marcuschi (2008, 2012), Koch (2004), Koch e Elias (2006, 2011), Koch e Fávero (2000), Cavalcante (2014), Antunes (2005, 2017), Batista (2016), Bakhtin (2016) e Kress e Van Leeuwen (2001, 2006, 2010). Ainda, são aceitos trabalhos que explorem a compreensão e a produção textual em contextos digitais, abordando o texto como um enunciado singular em situações enunciativas simuladas e analisando a relação entre níveis de interatividade e a construção de referentes (Cavalcante et al. (2022), Muniz-Lima (2024), Custódio-Filho (2016), Matos (2016), entre outros). Pesquisas envolvendo estudos sobre texto, discurso, leitura, escrita, letramento, cognição, desde que com foco em práticas digitais e na multimodalidade, são igualmente bem-vindas. As pesquisas voltadas para este simpósio podem estar vinculadas, portanto, a uma observação de como os diferentes sistemas semióticos se combinam para colaborar na construção de sentidos dos textos que circulam em contexto digital. Em suma, este simpósio integra análises teóricas e práticas, no âmbito da Linguística Textual, com o objetivo de evidenciar possibilidades para o ensino de Língua Portuguesa em contexto digital, com foco na multimodalidade.

Palavras-chave: Linguística Textual, Multimodalidade, Interação Digital, Ensino de Língua Portuguesa.

ST14 - (Re)visões do Nordeste: permanências e rupturas no regionalismo a partir da literatura brasileira contemporânea

Coordenação:
Alan Brasileiro de Souza (SECBA / UnB)
Janara Laiza de Almeida Soares (UNEB – DLLARTES)

No conjunto da literatura brasileira, a representação da região que hoje nomeamos como Nordeste constitui um tópos demarcado desde as primeiras manifestações escritas do século XVI, produzidas pelos cronistas das Grandes Navegações. Contudo, a ocupação desse espaço pela literatura se dá de maneira consistente apenas no século XIX, no bojo do regionalismo romântico. Não é forçoso considerar que a inscrição do Nordeste na literatura romântica possui como pano de fundo o que Albertina Vicentini (2008) identifica como “caráter performativo de apresentação e uma identidade grupal” (Vicentini, 2008, p. 188). Assim, textos como O cabeleira de Franklin Távora (1876), ao investirem sobre a representação dos fatos, da vida e da cor local nordestina, tencionam demonstrar aspectos formadores de uma pretensa identidade regional que também serviriam para delimitar a identidade nacional. Nisto ressoa o uso de elementos temáticos e discursivos que não raro transformam os objetos capturados pelo discurso literário em meras formas exóticas extraídas da(s) cultura(s) da região. Ao longo do século XX, obras vinculadas ao chamado Romance de 30 (Bueno, 2013) deram novo fôlego e novo sentido ao que se poderia chamar de linhagem regionalista nordestina. Em “A nova narrativa”, Antonio Candido (2017), considerando a obra de escritores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e José Lins do Rego, identifica no decênio de 1930 uma transformação do velho regionalismo romântico pelo chamado “romance do Nordeste”, “ao extirpar a visão paternalista e exótica, para lhe substituir uma posição frequentemente agressiva, não raro assumindo o ângulo do espoliado” e lançando mão de uma linguagem calcada no realismo literário (Candido, 2017, p. 246-247). Embora o Romance de 30 tenha se fixado como uma espécie de linha-guia na literatura nacional, autores nordestinos contemporâneos como Cristhiano Aguiar, Itamar Vieira Junior, Jarid Arraes, e Luna Vitrolira buscam firmar-se no quadro da literatura brasileira sem convocar para si a incumbência de levar adiante o rótulo regionalista. Em lugar disso, intentam ocupar, para utilizar a metáfora de Vicentini (2008), o espaço nordestino de outras maneiras, seja pela apresentação de enredos, questões e temas que procuram superar as marcas da identidade local e do (neo)realismo, seja pelo questionamento de uma possível redução de suas obras ao espectro espacial, seja pela abertura do signo literário a outras linguagens, mídias e tradições. Partindo dessa compreensão, este simpósio pretende reunir trabalhos que buscam analisar obras (em prosa ou poesia) da literatura brasileira contemporânea considerando as maneiras como o regionalismo é utilizado ou desconstruído como ferramenta para a representação do Nordeste pela literatura.

Palavras-chave: Literatura Brasileira, Literatura Contemporânea, Regionalismo, Nordeste, Representação.

ST15 - Literatura, outras artes e sociedade no Brasil contemporâneo (pós-1960)

Coordenação:
Gabriel Provinzano (UFG)
João Vitor Rodrigues Alencar (IFPA)

Embora tenham coexistido e estejam intimamente relacionados, os processos de formação do Brasil e de sua literatura não se fizeram sem tensões e desencontros. Em Formação da literatura brasileira, Antonio Candido (2000) apresenta a história dos brasileiros (especialmente, das classes mais altas) em seu desejo de possuírem uma literatura, analisando os momentos decisivos desse processo de constituição de um sistema envolvendo autores, obras e públicos por meio da adaptação de formas artísticas tomadas de outros países à realidade nacional. Esse processo de formação do sistema literário se consolida com a obra madura de Machado de Assis, que retoma temas e motivos de seus antecessores, sem recair no exotismo, mas conferindo-lhes universalidade. Paralelamente a esse processo de superação literária (que ocorre antes do fim da escravidão), como notou Roberto Schwarz (2014), o país se mantém distante no plano social dos parâmetros mínimos de cidadania das nações das quais importava suas formas artísticas. Entre 1920 e 1970, esse quadro prático e ideológico que caracteriza a relação entre a literatura e o país passou por diversas reformulações que podem ser sintetizadas em algumas tendências identificadas por Candido (1989, 1999), como a ausência de debates políticos a orientar a escolha que os artistas fazem de seus materiais; a preponderância da experimentação do discurso em detrimento da representação da realidade local; e a desestruturação dos limites que caracterizavam os diferentes gêneros e linguagens. Interessado nessa complexa trama artística e histórica, o objetivo deste simpósio é acolher trabalhos, fundamentados em abordagens teóricas diversas (que não precisam seguir as diretrizes que embasam esta proposta) que, debruçando-se sobre obras publicadas depois de 1960, busquem compreender a relação das artes entre si e/ou com a sociedade, perguntando-se especialmente sobre dinâmicas e impasses da realidade nacional. Além da literatura, serão aceitos trabalhos sobre obras musicais, teatrais, cinematográficas e das artes plásticas, mesmo que internacionais, desde que fique clara sua relação com a matéria brasileira, preferencialmente, articulada com o andamento do mundo.

Palavras-chave: Literatura e sociedade, Literatura brasileira contemporânea, Literatura e outras artes.

ST16 - Argumentação e retórica: enfoques teóricos, metodológicos e analíticos

Coordenação:
Deywid Wagner de Melo (PPGLL/UFAL)
Max Silva da Rocha (PPGEL/UFPI)

Investigar de que modo os textos e/ou os discursos convencem, persuadem, modificam crenças, orientam visões de mundo, entre outras finalidades, é a grande tarefa dos estudos argumentativos de base retórica na contemporaneidade. A retórica, enquanto disciplina milenar, surgiu em meio às disputas por terras e foi nesse âmbito que o ensino da argumentação começou a ser praticado pelos mestres sofistas, considerados os grandes impulsionadores da retórica. São mais de XXV séculos desde o surgimento da arte de convencer e persuadir pelo discurso. Atualmente, temos uma teoria com sólido instrumental teórico, metodológico e analítico, capaz de descortinar as artimanhas persuasivas de diferentes atos linguageiros. Para tanto, tomamos como base teórica os postulados de alguns autores, a exemplo de Amossy (2020), Aristóteles (2011), Charaudeau (2018), Ferreira (2015), Fiorin (2017), Mateus (2018), Melo (2013), Meyer (2007), Morais (2019), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014), Reboul (2004), Rocha (2025), entre outros. A própria argumentação ganhou força e se apresenta como um outro campo do saber. De nossa parte, importa considerar a argumentação numa perspectiva retórica, tomando ambas as teorias como duas faces da mesma moeda. Assim sendo, temos como principal objetivo propiciar uma discussão acerca de fenômenos argumentativos e retóricos presentes em textos e/ou discursos de diferentes domínios de práticas linguageiras, a exemplo do campo digital, midiático, jurídico, educacional, jornalístico, literário, religioso, político, entre outros. Para isso, em nosso simpósio temático, aceitaremos trabalhos que, de alguma maneira, dialoguem com a presente proposta, podendo manter interface com outras disciplinas, tais como Análise Crítica do Discurso, Teoria Semiolinguística, Teoria da Argumentação no Discurso, Análise da Conversação, Linguística Textual, Teoria e Análise de Gêneros, entre outros pressupostos epistemológicos. Diante de várias possibilidades teóricas, metodológicas e analíticas, pretendemos reunir pesquisadores e pesquisadoras de diferentes universidades do Brasil e do exterior, para que possamos fazer avançar os estudos e as pesquisas em nossa área disciplinar.

Palavras-chave: Argumentação, Discurso e texto, Persuasão, Retórica.

ST17 - Racialização como fato de linguagem: estudos em linguística da enunciação e em educação linguística

Coordenação:
Kizy dos Santos Dutra (UNISINOS)
Silvana Silva (UFRGS)

Os estudos sobre raça e racismo têm se expandido das áreas da Sociologia, Filosofia, Direito e alcançado a área dos Estudos da Linguagem. A Linguística, como diz Trabant (2021), tem uma função importante na descolonização de pensamentos e saberes linguísticos herdados. Contribuindo para o enfrentamento do racismo em seus marcos legais e jurídicos já estabelecidos (notadamente a Lei nº 10.639, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica), a Linguística tem ainda muitos estudos a fazer tanto no campo da descrição e análise linguística e o consequente desvelamento de formas menos visíveis de racismo quanto para a proposta de práticas educativas e, portanto, escolares antirracistas. Entendemos, por exemplo, que os trabalhos de Gabriel Nascimento (2019; 2021; 2023) bem como o trabalho de Flores e Severo (2023) contribuem para a primeira tarefa da Linguística e os trabalhos de Lírio (2021, 2022) e Rezende (2024) contribuem para a segunda. Como diz Nascimento (2019), “o termo racialização se refere a uma estrutura de significado que originalmente só pode existir enquanto enunciação” (p. 100, grifos nossos). Citando mais adiante o linguista Émile Benveniste, articula a Teoria dos Pronomes a uma estrutura linguística que produz referência no mundo e, portanto, traz consequências para a sociedade e para a linguagem. Nesse sentido, indicamos como essencial nessa elaboração teórica os seguintes textos de Benveniste: “Estrutura da língua, estrutura da sociedade”, “Semiologia da língua” e “O aparelho formal da enunciação”, todos publicados no volume II dos Problemas de Linguística Geral. Dessa forma, este Simpósio espera receber trabalhos que se proponham a descrever e a analisar práticas sociais e textos de cunho racista e antirracista bem como trabalhos que se debrucem sobre propostas pedagógico-linguísticas de enfrentamento do racismo nas Escolas da Educação Básica e do Ensino Superior.

Palavras-chave: Racialização, Racismo, Linguística da Enunciação, Língua e Sociedade, Educação Linguística.

ST18 - Estudos textuais e discursivos, persuasão e memória

Coordenação:
Maria Francisca Oliveira Santos (UFAL)
Zoroastro Neto (IFAL)

É de fundamental importância reflexões acerca da persuasão e da memória a partir dos estudos textuais e discursivos, com textos e imagens, em uma linguagem verbal e não verbal, como ancoragens para suscitar argumentos suscetíveis de sentidos significativos para a compreensão dos processos linguageiros nos diversos gêneros discursivos. Nos diferentes contextos, refletir criticamente sobre as estratégias retórico-textuais impulsiona a negociação dessas estratégias de textualização em contextos sociointeracionais (Cavalcante et al., 2020). Metodologicamente, interessam-nos propostas, finalizadas ou em andamento, que promovam a integração de abordagens qualitativas e/ou quantitativas que perpassem pela persuasão e pela memória, a partir da ancoragem com textos, imagens e som, com fundamentos nos constructos da Retórica aristotélica, da Nova Retórica e da Análise Crítica do Discurso. Amossy expande o conceito de argumentatividade ao sugerir que o discurso possui o poder de “orientar os modos de ver, pensar e sentir dos interlocutores” (Cavalcante et al., 2020, p. 30). Nessa convergência, o simpósio destina-se a acolher trabalhos que possam articular argumentação, persuasão, memória e provas retóricas em textos e discursos com temas de relevância social em pauta. A justificativa para a realização deste simpósio está na imprescindibilidade de promover um diálogo interdisciplinar que integre não apenas as teorias da argumentação, mas também as diferentes abordagens teóricas da argumentação em uso no contexto dos urdumes interacionais das práticas sociais de resistência, da visada argumentativa, entre outras. O leque de perspectivas para o estudo e a análise da persuasão e da memória nos estudos textuais e discursivos evidencia não apenas o caráter interdisciplinar das áreas propostas, mas também sua abrangência e complexidade nos estudos argumentativos da linguagem.

Palavras-chave: Texto/Discurso, Estudos Retórico-argumentativos, Memória, Ancoragem texto/imagem.

ST19 - Perspectivas Discursivas de Educação Linguística na Escola e na Universidade

Coordenação:
Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)
Jéssica do Nascimento Rodrigues (UFF)

Este simpósio tem como principal intenção possibilitar e ampliar o debate e a reflexão coletiva sobre educação linguística e sobre formação docente para a realização do trabalho pedagógico, tanto nas escolas quanto nas universidades brasileiras. Entende-se por educação linguística, conforme Freitas (2021, p.6), “um processo escolar que articula a ampliação: (1) da competência linguístico-discursiva do estudante por meio da produção de sentidos, de textos e de reflexões sobre a língua e sobre a linguagem; (2) do pensamento crítico sobre questões socialmente relevantes que se materializam em textos verbais, imagéticos e verbo-visuais”. Para orientar as propostas deste simpósio, consideram-se os seguintes pressupostos: o texto como cerne do trabalho pedagógico realizado por professores na Educação Básica e no Ensino Superior; a aula como acontecimento (Geraldi, 2010) e, portanto, como um espaço no qual a educação linguística vai além da sistematização da língua e do desenvolvimento de decodificação e codificação, em diálogo com os letramentos enquanto práticas sociais; a formação de professores como lugar de (re)elaboração de conhecimentos que viabilizem os dois pressupostos anteriores. Com base nesses apontamentos, o viés teórico-metodológico que se pretende privilegiar é o da natureza discursiva, em sentido mais amplo, ou seja, buscando agrupar distintas perspectivas, como as diversas linhas de análise do discurso, a semiolinguística, o socionteracionismo e as vertentes bakhtinianas. O objetivo geral deste simpósio é, portanto, agrupar pesquisas concluídas ou em andamento sobre educação linguística e sobre formação docente para a realização do trabalho pedagógico no contexto escolar e no universitário. Destacam-se como elementos cruciais desses processos: o reconhecimento das práticas de linguagem como práticas sociais e, portanto, letramentos, marcados por circunstâncias históricas e culturais; o entendimento de que a língua se organiza em gêneros discursivos (Bakhtin, 2003; Volóchinov, 2017); a importância do engajamento discursivo dos estudantes nesses diferentes contextos e da ampliação de seus conhecimentos e, portanto, repertórios para a construção de textos apropriados, com diferentes intenções e endereçamentos, segundo a diversidade das situações de interlocução.

Palavras-chave: Educação linguística, Formação docente, Trabalho pedagógico, Gêneros discursivos, Letramentos.

ST20 - Leitura retórica e multiletramentos: texto, argumentação e ensino

Coordenação:
Erinaldo da Silva Santos (IFAL)
Romildo Barros da Silva (IFAL)

Com propósito de problematizar os discursos que circulam nas esferas midiática, política e educacional, este simpósio pretende dialogar com estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisadores e professores interessados em criar inteligibilidades sobre práticas de linguagem em contextos que envolvam retórica, estudos textuais/discursivos, multiletramentos (Rojo, 2012) e práticas de educação linguística (Bagno, 2005), notadamente a partir de enfoques indisciplinares (Moita Lopes, 2006). Como marco histórico, é importante evidenciar que nas primeiras décadas do século XXI, vivenciamos, na sociedade brasileira, uma maior popularização do acesso à internet e aos dispositivos móveis, o que permitiu uma ampliação da possibilidade de produção e de circulação de sentidos (Maia, 2013), tendo como consequência um maior contato com outras formas de ser, de viver e de utilizar a linguagem. Esse processo de ampliação de “design de textos” (Mizan; Silva, 2021), além de permitir maior acesso à informação, possibilitou mais voz à “periferia” (Guimarães; Finardi, 2018), o que tem viabilizado a construção de discursos contra-hegemônicos e o questionamento de diversas assimetrias sociais. Em contrapartida, também experimentamos uma diversificação de dispositivos disponíveis para que grupos hegemônicos coloquem em circulação enunciados que reproduzem colonialidades (Mignolo, 2017), discursos de ódio e práticas de “violência linguística” (Silva, 2019), mobilizados com o propósito de impor posições de subalternidade a sujeitos periféricos. Há, desse modo, uma relação de conflito que emerge de um contexto em que as telas de celulares e computadores se tornam cada vez mais determinantes para a constituição de quem somos (Fabrício, 2022), fato que requer investigações acerca das mudanças que têm ocorrido nos processos de produção e circulação de sentidos, sobretudo, devido a um maior contato com a diversidade cultural, identitária e de usos da linguagem. Além disso, ao usar a língua argumentativamente o ser humano projeta realidades e imagens retóricas (ethos), principalmente nas práticas de natureza persuasiva. É, portanto, no universo dos múltiplos discursos que a retórica se instaura como a arte de persuadir pelo discurso, (Aristóteles, 2011), seja nos atos verbais e não verbais da língua/linguagem (Knapp e Hall, 1999). Assim, as várias projeções do eu (ethos retórico), (Meyer, 2007) e os processos de leitura estão reconfigurados com o advento do uso excessivo de telas, da disseminação de informações falsas e do incentivo ao discurso polêmico (Amossy, 2017). A proposta mostra-se relevante, uma vez que une os estudos em Linguística Aplicada aos Estudos Retóricos, com esse intuito serão aceitos trabalhos que dialoguem com essas áreas e perspectivas afins.

Palavras-chave: Estudos discursivos, Identidades, Multiletramentos, Retórica, Texto.

ST21 - Linguística Aplicada e Análise Dialógica do Discurso: os tecnodiscursos e(em) redes sociais

Coordenação:
Emerson Tadeu Cotrim Assunção (UNEB)
Urbano Cavalcante Filho (UESC/IFBA)

A história da Linguística Aplicada (LA) no Brasil é recente, se considerarmos os estudos da curricularização da Linguística nas Universidades brasileiras. Da década de 1960 pra cá, o foco e o escopo de interesse da LA têm se diversificado, mas sempre se pautando pelo viés da inter/tran/multidisciplinaridade, fato comprovado pelas suas vocações de pesquisas em estreitas relações com as ciências humanas e da linguagem (Moita Lopes, 2006, 2010, 2013; Kleiman; Cavalcanti, 2007; Signorini, 2001; Rajagopalan, 2003; Menezes; Silva; Gomes, 2009). Dentre as várias áreas de pesquisa no âmbito das ciências da linguagem, podemos destacar os estudos da LA em interface com os estudos da Análise Dialógica do Discurso (ADD) (Fiorin, 2010; Brait; Campos, 2009; Cavalcante Filho, 2022; Grilo, 2023; 2022), interessadas nas investigações em torno de discursividades advindas da Web, especialmente em redes sociais (Araújo; Leffa, 2016; Paveau; Costa; Barona, 2021; Paveau, 2022). É sobre esses estudos que esse Grupo de Trabalho (GT) pautará a sua área de interesse. As apresentações dos trabalhos se darão na forma de sessão coordenada de comunicações, com intervenções propositivas dos mediadores e dos comunicadores. Desse modo, espera-se que esse simpósio contribua com reflexões teóricas e empíricas para ampliações de quadros investigativos sobre pesquisas em linguagens em suas diversas formas de interesses e abrangências, em especial, àquelas que tomam as produções discursivas no ambiente digital como objeto de estudo. Assim, por intermédio de ações de interação sociocomunicativa, como a que propomos aqui, oportunizaremos que entrem em cena perspectivas teóricas que indiciam facetas multidisciplinares de compreensões desses estudos, produção de conhecimentos e momento dialógico de (re)significações de fenômenos linguísticos.

Palavras-chave: Tecnodiscursividade, Enunciados digitais, Análise do discurso.

ST22 - Linguística aplicada localizada para além das teorizações e modelos

Coordenação:
Paulo Rogério Stella (UFAL – FALE – PPGLL)
Fábio Rodrigues dos Santos (UFAL – FALE)

A linguagem como prática social tem sido foco de interesse e objeto de investigação da Linguística Aplicada (LA) em seus aproximados 70 anos (Menezes; Silva; Gomes, 2015). Opondo-se às propostas de ciências modalizantes, segue constituindo-se como ciência cujas pesquisas partem de observações da linguagem em uso no mundo. Nesse percurso, estabelece-se como campo de investigação que caminha “sem pudor”, isto é, faz-se transgressiva e crítica (Pennycook, 2006), perpassando por Estudos Culturais, Filosofia e Ciências Sociais, distanciando-se dos estudos essencialmente teóricos. Nesse contexto, o objetivo deste simpósio é agregar pesquisadores da LA cujas investigações circunscrevam a linguagem como prática social em suas relações com: a) tema e significação; e/ou, b) processos identitários (de gênero, classe etc.); e/ou, arquétipos de poder; e/ou, processos de ensino-aprendizagem de línguas. Partimos do pressuposto de que a LA caminha em busca de entendimentos de fenômenos da linguagem que escapem de visões essencialmente positivistas, reconhecendo a complexidade desses, trazendo para si problematizações gloco-locais e idiossincráticas, considerando abordagens disseminadoras de múltiplas oportunidades de aprendizagem, valorizando a qualidade de vida em sala de aula e, igualmente, inserindo-se em processos autocríticos em questões sensíveis, como as trazidas pelos próprios linguistas aplicados em teorizações sobre suas próprias práticas profissionais (Miller, 2013). Segundo Kleiman (2013), a partir de uma concepção suleadora da LA, que deve estar necessariamente implícita na agenda ética desse campo em decorrência da ênfase na produção das realidades sociais pela prática discursiva, a LA está em uma posição privilegiada para perceber e compreender as resistências (ou reexistências) de grupos minoritarizados que, a partir da periferia, ou de suas periferizações (socioidentárias, linguageira, econômicas etc.) constroem novos saberes num processo de transformação do global pelo local. Por assim dizer, as pesquisas apresentadas neste simpósio dizem respeito à busca pela compreensão de práticas discursivas emergentes das mais diversas esferas da atuação humana na proposição de oferecer perspectivas e reflexões que desafiem a nós e aos modelos estabelecidos nas sociedades contemporâneas, quer rompendo com eles, minando-os ou os problematizando para um entendimento mais profundo e crítico de tais práticas que os (nos) constituem e são por eles (nós) constituídas. Deste modo, espera-se, como resultado, que a interlocução promova a possibilidade de troca de saberes por meio do embate dialógico entre os vários pontos de vista que se constituirão na tensa construção de perspectivas para a construção de novas realidades, tanto locais quanto globais.

Palavras-chave: Linguística Aplicada, Prática social, Prática discursiva, Novos saberes, Novas realidades.

ST23 - Estudos discursivos à luz do Círculo de Bakhtin

Coordenação:
Samuel de Carvalho Lima (IFRN)
Rafael Lira Gomes Bastos (UECE)

Conceitos advindos do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, Volóchinov e Medviédev), tais como interação discursiva, gêneros do discurso, enunciado, campo de atividade humana, vozes sociais, entre outros, têm sido mobilizados na Linguística Aplicada para criar conhecimento sobre práticas sociais diversas, influenciando, particularmente, a formação/profissão docente e o ensino de línguas. Esses conceitos têm sido mobilizados por pesquisadores/as que buscam criar inteligibilidade sobre tipos variados de interação discursiva, sejam elas realizadas por meio de enunciados orais, escritos ou verbovisuais. Nesse contexto, o Simpósio Temático Estudos discursivos à luz do Círculo de Bakhtin objetiva reunir investigações que se fundamentam teórico e metodologicamente na obra bakhtiniana para analisar práticas sociais em diversos contextos: cotidiano, acadêmico, científico, universitário, escolar, publicitário, jurídico, legislativo, jornalístico, entre outros. Assim, neste Simpósio Temático serão bem-vindos estudos que, explicitamente: i.) compreendam a interdependência entre os conceitos de interação discursiva, gênero discursivo e enunciado, mas não os tomam um pelo outro, isto é, não os confundem; ii.) pressupõem os gêneros do discurso como tipos relativamente estáveis de enunciados; iii.) realizam a análise de enunciado(s) à luz de procedimentos teórico-metodológicos orientados pela obra do Círculo de Bakhtin.

Palavras-chave: Estudos discursivos. Círculo de Bakhtin. Enunciado.

ST24 - Práticas Docentes: caminhos na Formação de Professores

Coordenação:
Camilla Ferreira (FEUFF)
Danuse Pereira Vieira (FEUFF)

A formação acadêmica e crítica de futuros professores está intrinsecamente ligada à sua imersão no ambiente escolar. Em cursos de formação para a educação básica, o diálogo entre os conhecimentos teóricos e as práticas pedagógicas é inevitável e essencial. Essa interação se destaca principalmente nos gêneros discursivos presentes na esfera do trabalho docente, equilibrando o conhecimento teórico consolidado com a criatividade e autoria necessárias para a prática educativa. Coloca-se a discussão sobre práticas pedagógicas que consideram o uso dos gêneros aliado a diferentes práticas discursivas de leitura, escrita e oralidade como elementos centrais para o afastamento de perspectivas conservadoras, transmissivas, que muitas vezes reforçam uma visão de educação bancária, conforme delineado por Freire, e reproduzem o estudo da língua de acordo com abordagens baseadas em classificações e categorizações linguísticas desconectadas do uso textual/discursivo, raramente integrando o gênero em suas análises, mas operando com aspectos gramaticais isolados. Na formação de professores, o foco na ampliação do repertório teórico dos futuros docentes impulsiona o desenvolvimento de saberes ancorados em contextos de robustas pesquisas e, por vezes, colabora para formação de competentes leitores e produtores de textos. Entretanto, pensando na complexidade de saberes que integram os letramentos docentes, é necessário forjar licenciandos que construam práticas educativas que contemplem os gêneros em sua circularidade e historicidade. Tendo em vista as especificidades dos estudos sobre os gêneros, leitura e escrita em sala de aula e as características de cada contexto escolar, reitera-se a imprescindibilidade de trocas e reflexões sobre os usos dos gêneros discursivos e letramentos que interpretem a prática docente como uma práxis educativa vista como uma ação de coconstrução entre professor e estudante e, sobretudo, uma investida no fazer docente como autoria e não reprodução de um modo de fazer educação abstrato e alheio ao contexto específico de cada instituição. Pensando nesse cenário, este simpósio intenciona: (a) refletir sobre as especificidades dos letramentos na formação do licenciando na sua imbricação com os letramentos do fazer docente nas escolas; (b) dialogar com experiências sobre o uso dos gêneros discursivos e práticas de leitura e escrita em contexto escolar; (c) valorizar o fazer docente reflexivo, criativo e autoral do trabalho docente na sua relação com a educação básica.

Palavras-chave: Formação docente, Letramentos do docente, Práticas docentes, Gêneros discursivos.

ST25 - Letramentos e multiletramentos na educação básica: perspectivas de ensino, práticas pedagógicas e formação docente

Coordenação:
Nayara da Silva Queiroz (COTUCA/UNICAMP)
Rosivaldo Gomes (DEPLA/UNIFAP)
Sirlei Adriani dos Santos Baima Elisiário (SEDUC-AM/UNICAMP)

As pesquisas em Linguística Aplicada Crítica vêm colaborando para discussões sobre o campo dos estudos dos letramentos, multiletramentos, letramentos críticos e da decolonialidade no contexto da educação básica e em outros contextos de ensino ou de educação linguística, seja na perspectiva dos currículos recém implementados a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), seja na formação docente. Nesse sentido, entendemos aqui que o direcionamento de nossas pesquisas se volta tanto para as concepções de letramentos como práticas sociais historicamente situadas permeadas pelas relações de identidade e de poder (Street, 2014; Kleiman, 1995; 2016) quanto para os multiletramentos que consideram as multiplicidades de linguagens e culturas contemporâneas, nas quais práticas de linguagem são constituídas por multissemioses e por tentativas de práticas decoloniais (Gomes, 2024) ou esforços decoloniais (Silvestre, 2017; Pereira, 2024). De maneira geral, pesquisas realizadas no campo da Linguística Aplicada Crítica brasileira, que tratam sobre as implicações de práticas de letramentos e multiletramentos no ensino de línguas, têm demonstrado como os novos modos de significação devem estar inseridos no processo de ensino-aprendizagem de línguas e, portanto, nos currículos dos territórios (Brasil, 2017; 2018), que, em certa medida, deveriam integrar os conhecimentos culturais de modo a garantir um currículo processual em diálogo com as diversas realidades contextuais e com a concepção social de usos da leitura e da escrita (Lopes e Macedo, 2011; Kleiman, 2007). Dessa forma, interessa-nos promover pesquisas alinhadas a uma agenda relacionada com as práticas pedagógicas e à formação de professores, que não se limitem apenas a descrição de relatos de práticas pedagógicas, mas que dialoguem com essas abordagens teóricas para refletir como determinada performatividade perpassa por saberes, ações, pensamentos, criação e criatividade docentes localmente situadas (Signorini, 2007). Nesse escopo, este simpósio está interessado em trabalhos que investiguem três eixos principais: (i) políticas curriculares na educação básica, (ii) práticas pedagógicas e educação linguística no ensino de línguas e (iii) formação inicial ou continuada de professores em perspectiva crítica e decolonial. Nesse contexto, busca-se tecer diálogos com pesquisas concluídas, em andamento e relatos de experiência que possam gerar novas ideias para colaborações e para um espaço acadêmico que considere os estudos dos letramentos e/ou multiletramentos e decoloniais como questões de reflexões na agenda da LA contemporânea. Este simpósio visa reunir pesquisas que discutam os letramentos e multiletramentos no contexto da educação básica e outros contextos de ensino de línguas e formação docente.

Palavras-chave: Letramentos, Multiletramentos, Currículo, Saberes docentes, Formação.

ST26 - Inteligência Artificial e Formação de Professores: desafios e oportunidades no contexto das tecnologias digitais

Coordenação:
Lilia Aparecida Costa Gonçalves (UNIGRANRIO)
Natália Xavier Pereira da Costa (UNIGRANRIO)

Com os avanços recentes da Inteligência Artificial (IA), intensificaram-se os debates sobre suas aplicações e desafios no processo educacional. Sob a ótica dos estudos sobre letramentos como práticas sociais de leitura e escrita (Kleiman, 1995) e da necessidade de novos letramentos em ambiente digital (Dudeney, Hockly & Pegrum, 2016), considera-se essencial desenvolver habilidades específicas para a utilização crítica e ética dessas tecnologias em práticas educacionais. O letramento em IA emerge como elemento relevante na formação contemporânea de professores, tornando-se essencial para garantir o protagonismo humano (Limongi, Marcolin, 2024; Unesco, 2024; União Europeia, 2024). Ng et al. (2021) defendem que o letramento em IA exige competências essenciais e destacam que é preciso conhecer e compreender, usar e aplicar, avaliar e criar. O desenvolvimento de IA, sobretudo as generativas, exige um novo repertório de letramentos, incluindo a compreensão de seu funcionamento, análise crítica das respostas geradas e uma utilização ética e eficiente dessas ferramentas (Chan, 2024). Estudos nessa área têm buscado entender os aspectos essenciais da formação docente (Castro et al., 2024) para uma integração crítica da IA na educação, bem como os impactos dessas tecnologias nas práticas de ensino-aprendizagem. Para Koedinger (2021), a IA pode personalizar o ensino ao fornecer feedback imediato, detectar lacunas de aprendizado e sugerir abordagens pedagógicas adaptadas. Além disso, conforme apontam Barbosa e Alves (2023), sistemas de ensino baseados em IA, como os tutores inteligentes, utilizam algoritmos avançados para acompanhar o desempenho dos alunos e ajustar os conteúdos conforme suas necessidades, auxiliando os professores na gestão da sala de aula e promovendo uma abordagem centrada no aluno. Nesse contexto, é fundamental garantir que professores e alunos desenvolvam um letramento que envolva a compreensão de questões éticas (Moorhouse et al., 2023), a navegação crítica na internet e a aquisição de competências digitais (Chan, 2024). Ainda há lacunas quanto aos conhecimentos específicos necessários para o letramento em IA. Assim, torna-se essencial investigar quais saberes docentes são fundamentais para a utilização eficaz da IA em sala de aula e como a formação docente pode propiciar esse letramento. A presente proposta visa aceitar estudos que abordem a aplicação da IA em diferentes práticas pedagógicas, a fim de compreender quais letramentos são necessários para a integração da IA generativa no processo de ensino e aprendizagem e contribuir para o desenvolvimento de abordagens teóricas e metodológicas mais eficazes na e para a formação de professores.

Palavras-chave: Inteligência Artificial. Formação de Professores. Letramentos Digitais. Ensino e Aprendizagem.

ST27 - As relações entre formação docente, metodologias ativas e materiais didáticos na contemporaneidade

Coordenação:
Renato Caixeta da Silva (CEFET-MG)
Heliandro Rosa de Jesus (UFVJM/Posling-CEFET-MG)

A formação inicial e ou continuada de professores de línguas estrangeiras é essencial para a melhoria do ensino de línguas, especialmente no contexto atual, que exige práticas pedagógicas mais dinâmicas e inclusivas. As metodologias ativas, como a sala de aula invertida e a aprendizagem baseada em projetos (Moran, 2015; Bacich & Moran, 2018), permitem que os alunos se tornem protagonistas de suas trajetórias de aprendizado, favorecendo a autonomia e o engajamento. No entanto, a implementação dessas metodologias exige a criação de materiais didáticos inovadores, sensíveis aos contextos culturais e linguísticos dos alunos. Segundo Leffa (2008) e Almeida Filho (2011), esses materiais didáticos em geral precisam ser cuidadosamente elaborados para promover um ensino reflexivo e inclusivo, respeitando a diversidade de identidades culturais. A pesquisa sobre a formação docente e questões relativas à produção e ao uso de materiais didáticos é crucial, pois permite que os professores em formação inicial ou continuada desenvolvam práticas pedagógicas que visem não apenas o ensino da língua, mas também permitam conscientização e trabalho a respeito das diferenças culturais e identitárias dos alunos, criando espaços de (re)existência para saberes plurais e interculturais. O simpósio propõe um espaço de troca entre acadêmicos e educadores, com o objetivo de explorar como conhecimentos a respeitos de metodologias ativas e materiais didáticos podem ser utilizados para formar professores mais preparados, capazes de enfrentar os desafios do ensino de línguas estrangeiras de maneira inclusiva, inovadora e respeitosa à alteridade.

Palavras-chave: Formação de professores, Ensino de línguas estrangeiras, Metodologias ativas, Materiais didáticos.

ST28 - Interfaces entre Multiletramentos, Multimodalidade e Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação: implicações para o ensino de línguas na contemporaneidade

Coordenação:
Cristiano Lessa de Oliveira (IFAL)
Marcos Antônio de Araújo Dias (IFAL)

O presente Simpósio Temático (ST) tem o objetivo de reunir pesquisadores, educadores e demais interessados em discutir as interfaces entre os multiletramentos, a multimodalidade, as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) e o ensino de línguas materna e estrangeira na atualidade. As discussões podem girar em torno das transformações nas práticas de leitura e escrita promovidas pelas tecnologias digitais, bem como as implicações dessas mudanças para a educação linguístico-discursiva. Para este ST, as TDIC são apontadas como recursos essenciais para o desenvolvimento dos multiletramentos, sendo assim, serão aceitos trabalhos que discutem como as plataformas digitais, as redes sociais e os dispositivos móveis oferecem novas possibilidades para a criação, compartilhamento e consumo de textos multimodais. Os participantes, a partir das suas pesquisas, podem abordar: 1) a importância de conceber os letramentos de forma mais abrangente, indo além das habilidades tradicionais de leitura e escrita, 2) Os multiletramentos, que englobam a capacidade de compreender e produzir textos em diversas mídias e formatos, emergindo como um conceito fundamental para a educação contemporânea; 3) A multimodalidade, que enfatiza a utilização de diferentes linguagens (verbal, visual, sonora, gestual etc.) para a construção de significados nos mais variados gêneros textuais/discursivos orais e escritos. O Simpósio pretende evidenciar a necessidade de repensar o ensino de línguas à luz da Pedagogia dos Multiletramentos e da multimodalidade, defendendo a importância de integrar as TDIC às práticas pedagógicas que promovam atividades que estimulem a produção de textos multimodais em diferentes contextos comunicativos, uma vez que o ensino na contemporaneidade exige dos educadores uma constante atualização e adaptação às novas demandas da sociedade. Os trabalhos deste simpósio, portanto, devem destacar a importância de criar ambientes de aprendizagem que promovam o desenvolvimento de habilidades como a criatividade, a resolução de problemas e a colaboração. Nesse contexto, os multiletramentos e a multimodalidade surgem como elementos-chave para a formação de cidadãos críticos e capazes de atuar em um mundo cada vez mais digital e complexo. Além disso, o nosso ST enfatiza a relevância de desenvolver a criticidade dos alunos em relação aos conteúdos digitais e de promover a colaboração e o trabalho em equipe. Nessa perspectiva, este Simpósio proporcionará um espaço rico para a troca de experiências e a reflexão sobre o papel dos multiletramentos, da multimodalidade e das TDIC no ensino de línguas, apontando para o fato de que a integração dessas dimensões às práticas pedagógicas é fundamental para promover uma educação linguístico-discursiva mais significativa e relevante para os alunos do século XXI.

Palavras-chave: Multiletramentos, Multimodalidade, TDIC, Ensino de línguas.

ST29 - (Multi)letramentos digitais, gêneros textuais/discursivos e formação do professor de língua

Coordenação:
Úrsula Cunha Anecleto (UEFS)
Luciana Oliveira Lago (UEFS/UNEB)

Este simpósio objetiva discutir sobre os usos sociais da leitura, da escrita e da oralidade, e o ensino e a aprendizagem de língua, considerando a diversidade de práticas de letramentos que se desenvolvem na sociedade contemporânea, os aspectos sociais, as implicações, os desafios e as possibilidades pedagógicas dos (multi)letramentos digitais na formação de professores. Ser letrado na contemporaneidade demanda, do leitor e do produtor de textos, construir competências e habilidades textuais para mover-se entre os diferentes letramentos, colocando em movimento uma combinação de mídias e de significados sociais, de diferentes formas verbais e não verbais, característicos das culturas digitais – sons, imagens, cor, movimento etc. –, a partir de textos multimodais e multissemióticos. Nesse sentido, é preciso considerar, no currículo de formação do professor, a diversidade linguística e cultural, na sociedade tecnológica digital, com vistas ao empoderamento do professor e à construção da autonomia no exercício da prática docente, que se dá coletivamente e se tece na dialética das inter-relações cotidianas. Inquietam-nos questões como: no âmbito das práticas de formação do professor, que lugar ocupam as discussões sobre as demandas e os desafios propostos pelos (multi)letramentos digitais? Como o professor poderá trabalhar (ou tem trabalhado) os diferentes tipos de letramentos existentes, principalmente os que envolvem as mídias digitais? Uma discussão nesse âmbito se justifica pela relevância de se engendrar diálogos e debates sobre as seguintes temáticas: as transformações pelas quais passam os sujeitos, no que diz respeito às suas formas de estar no mundo, de pensar, comunicar-se, agir, interagir, recriar(-se) e produzir conhecimento; os modos mais complexos de letramentos que envolvem as multiplicidades de linguagens e semiótica, as quais exigem que práticas textuais sejam transformadas em práxis socioculturalmente situadas; o currículo, referente à formação docente, que precisa considerar a diversidade de linguagens e de recursos multimodais e multissemióticos que, atualmente, têm circulado no meio social, de modo a proporcionar ao professor a oportunidade de (multi)letrar-se. Nessa perspectiva, este simpósio acolherá estudos que explorem os seguintes temas: práticas textuais no contexto da Educação Básica e da Universidade; (multi)letramentos do impresso ao digital; letramentos escolar, midiático, profissional e/ou acadêmico; letramentos, cidadania e criticidade no uso das mídias digitais; letramentos e identidade; diversidade, letramentos e gêneros textuais/discursivos na construção identitária do professor; multiculturalismo/interculturalismo, formação docente e práticas textuais/discursivas.

Palavras-chave: Formação docente, Ensino de língua, (Multi)letramentos digitais, Práticas textuais/discursivas.

ST30 - Letramentos com foco em atividades de trabalho: algumas discussões sobre práticas e eventos de letramento desenvolvidos no âmbito do cotidiano escolar e em outros contextos profissionais

Coordenação:
Ana Maria de Oliveira Paz (FELCS/UFRN)
Jardiene Leandro Ferreira (IF/Sertão/PE)

A Linguística Aplicada (LA) é uma área de “caráter mestiço e transdisciplinar, caracterizada por se voltar para problemas sociais em que os usos da linguagem têm papel central” (Moita Lopes, 2006, p. 100) que busca lançar luzes e criar legibilidades sobre questões de linguagem que permeiam as mais diversas instâncias sociais. No âmbito da LA, os Estudos de Letramento se configuram como uma esfera de conhecimento expressivamente vasta e fértil em termos de discussões e investigações científicas com foco nos usos sociais da leitura e da escrita. Suas contribuições têm colaborado significativamente para focalizar as implicações que esses usos têm provocado na atuação humana em diferentes contextos. No campo das atividades de trabalho, os letramentos são concebidos como usos por meio dos quais agem os sujeitos mediante práticas de escrita no intuito de realizar ações alusivas às suas atividades profissionais cotidianas (Paz, 2024). No campo das atividades de trabalho, esses letramentos se organizam e se realizam conforme as especificidades das funções assumidas pelos profissionais, assim como pelos aspectos que compõem cada espaço de atuação, o que ressalta o caráter situado e múltiplo desses fenômenos. Diante do exposto, o presente simpósio se propõe discutir recortes de pesquisas concluídas ou em desenvolvimento, que tenham como foco práticas e/ou eventos de letramento voltados às atividades de trabalho, implementadas não somente por profissionais que atuam no âmbito das atividades escolares, mas também em outras instâncias (da saúde, do comércio, da indústria, da segurança, dentre tantas outras) e instituições sociais, no sentido de compartilhar conhecimentos e gerar reflexões sobre as práticas letradas no trabalho e seus impactos para o desenvolvimento das atividades. Em termos teóricos, as discussões devem se aportar na vertente sociocultural dos letramentos (Street, 1984; 1995; 2001; 2003; Kleiman, 1995; 2006), preferencialmente em sua perspectiva crítica (Shor, 1992, 1998, 2002, 2020; Shor; Pari, 1999; Moutinho; Santos, 2020), respaldadas pela Pedagogia Crítica postulada por Freire (1971, 1978, 1979, 1982, 1992, 1996, 2001, 2009). Metodologicamente, as pesquisas em discussão devem estar situadas no campo da LA, além de seguir as orientações de investigações do paradigma de pesquisa de abordagem qualitativa (Bogdan; Biklen, 1994; Flick, 2009), interpretativista (Moita Lopes, 1994). Como resultados, espera-se que as discussões geradas a partir das pesquisas apresentadas possam contribuir para o compartilhamento de saberes referentes às práticas letradas em questão, assim como para a expansão do foco das investigações no campo dos letramentos profissionais, cuja ênfase esteve durante muito tempo direcionadas às atividades e as questões do ser professor.

Palavras-chave: Letramentos profissionais, Eventos e práticas de letramento, Linguística Aplicada.

ST31 - Convergências acadêmicas: inovação e práticas letradas por meio de gêneros textuais/discursivos na Educação Básica e Superior

Coordenação:
John Hélio Porangaba de Oliveira (UESPI/Capes)
José Ribamar Lopes Batista Júnior (UFPI/LPT/CNPq)

No crescente cenário educacional, dinâmico e interconectado, este simpósio se estabelece como um espaço fundamental para a exploração e o debate sobre as práticas multifacetadas envolvendo gêneros da esfera acadêmicos (Marcuschi, 2008; Bakhtin, 2011). Reconhecendo a importância crucial da comunicação eficaz e da produção de conhecimento nas diversas etapas da formação, desejamos acolher pesquisas empíricas, relatos extensionistas detalhados e metodologias de ensino inovadoras que busquem transformação e aprimoramento no uso desses gêneros na educação, abrangendo tanto o ensino básico quanto o superior. O objetivo principal é proporcionar um espaço de diálogo construtivo e colaborativo entre pesquisadores, educadores, estudantes de graduação e pós-graduação, permitindo a troca de experiências, a disseminação de boas práticas e a construção coletiva de conhecimentos que integram teoria e prática. As propostas são valorizadas quando trazem novas perspectivas teóricas, ferramentas práticas e abordagens inovadoras para o ensino de temas de conhecimento através de gêneros acadêmico-científicos, como resumos, resenhas, artigos, relatórios de pesquisa, projetos de pesquisa e extensão e apresentações orais, que respeitem as especificidades dos contextos educacionais, bem como as diversidades culturais e sociais presentes nas salas de aula. Encorajamos participantes a compartilhar suas experiências e descobertas, centrando-se em aspectos teóricos, práticos e metodológicos, com ênfase na promoção dos letramentos científicos e acadêmicos nas práticas e processos de produção de gêneros textuais (Fischer, 2007; 2008; Bezerra, 2015; 2022; Sousa; Batista Jr., 2023; Batista Jr. et al., 2024). Por exemplo, estudos de caso que demonstrem o impacto de uma determinada metodologia no desenvolvimento da escrita acadêmica dos alunos serão particularmente bem-vindos. Este simpósio oferece uma oportunidade ímpar para construir redes de apoio e colaboração contínuas, alinhadas às necessidades e desafios contemporâneos no contexto educacional, incluindo o uso de tecnologias digitais e a promoção da inclusão.

Palavras-chave: Gêneros acadêmico-científicos, Educação básica e superior, Inovação educacional, Metodologias de ensino, Colaboração e diálogo.

ST32 - Linguagem, educação linguística e práticas identitárias em disputa na América Latina

Coordenação:
Danillo da Conceição Pereira Silva (IFAL)
Ricardo Jorge de Sousa Cavalcanti (IFAL)

As relações entre práticas de língua(gem) e processos identitários têm sido alvo crescente de pesquisas na Linguística Aplicada contemporânea. Essa ênfase se deve, dentre outras razões, ao compromisso ético, político e epistêmico desse campo indisciplinar com uma produção crítica do conhecimento científico, responsiva às paisagens sociais vigentes, marcadas pelo aprofundamento das desigualdades raciais, socioeconômicas, de gênero e de sexualidade, típicas desse território fundado sob a violência colonial. Nesse cenário, as diferentes manifestações semióticas da linguagem e as práticas de educação linguística constituem-se em um campo de disputas decisivo à compreensão da sociedade contemporânea e às suas dinâmicas identitárias. Este Simpósio Temático tem como objetivo congregar trabalhos oriundos de práticas de investigação, docência e ativismo que se dediquem a interpretar criticamente o papel da linguagem e da educação linguística nas práticas identitárias contemporâneas, sublinhando, de modo especial, o papel dos mais diversos marcadores sociais da diferença e as interseccionalidades na produção das paisagens sociais atuais. Almejamos que os trabalhos apresentados abordem temas sobre: gênero, feminismos, sexualidades e discursos; ativismos linguísticos; raça, racismo e decolonialidades; letramentos (escolares e não-escolares) e suas implicações com práticas identitárias; educação linguística e direitos humanos; formação docente na área de línguas e justiça social; políticas curriculares, relações de poder e desigualdades; educação das relações étnico-raciais e práticas de linguagem dentro e fora da escola, entre outros temas aderente ao escopo aqui proposto. Em linhas gerais, esperamos que o Simpósio promova a construção de redes de diálogo e resistência crítica às dinâmicas capitalistas, colonialistas e cis-heteronormativas vigentes, apontando o papel da linguagem na produção de formas alternativas de existir e produzir conhecimento a partir da Linguística Aplicada.

Palavras-chave: Processos identitários, Produção crítica do conhecimento científico, Educação linguística, Formação docente, Ativismo linguístico.

ST33 - Para ensaiar futuros: sertão/Nordeste/semiárido (e outros espaços) em estudos de uma Geografia Discursiva (sob os pressupostos de uma Linguística Aplicada Cuir para cortar)

Coordenação:
Ismar Inácio dos Santos Filho (UFAL-Campus do Sertão; PPGLL-FALE)
Hugo Pedro da Silva Santos (PPGEL-UFRN; UFAL-Campus do Sertão)

Ao considerarmos a constituição da Linguística Aplicada, desde seu surgimento, na década de 1940, e sua chegada ao Brasil, nas décadas de 1960-1970, é de grande relevância que problematizemos seus contextos, interesses, objetos, conceitos e procedimentos analíticos, de modo a nos situarmos na área. Nesse processo de uma historiografia desse campo de investigação nos estudos em linguagem, discutir e estranhar os (re)arranjos linguístico-morfossintáticos para o título “Linguística Aplicada” é do mesmo modo uma maneira de refletir e tomarmos decisões epistemológicas. No Grupo de estudos em linguística aplicada/queer-cuir em questões do sertão alagoano (Gelasal-Ufal), em constantes diálogos históricos com a Linguística Aplicada, assumimos uma filiação explícita e direta aos estudos em Linguística Aplicada em Luiz Paulo da Moita Lopes, Inês Signorini, Branca Falabella Fabrício e Alastair Pennycook, reconhecendo-nos em uma Linguística Aplicada trans-indisciplinar, crítico-transgressiva, “para cortar”, propondo-nos a ferir sensibilidades, sentimentos e pensamentos, visando (frente às perplexidades sociais, que são socio-enunciativas), provocar mudanças socioculturais, de modo a ensaiar (outros) futuros possíveis, produzindo espaços-relações em que todas as vidas sejam vivíveis, em projetos investigativos agridoces. Nesse desenho da área e de seu fazer pesquisa, a língua(gem) está para uma “efervescência de uma fervura” (Signorini, 2012) em práticas enunciativo-discursivas (nos parâmetros do Círculo de Bakhtin), em “assemblages” (Pennycook, 2024). Especificamente, temos empreendido um fazer Linguística Aplicada/Queer-Cuir (para cortar) que se reconhece como uma Geografia discursiva (Santos Filho, 2022; Santos Filho e Santos, 2024), na qual investigamos a interface linguagem e território, em suas diversas nuances, estranhando cenas enunciativo-discursivas que participam da produção do recorte espacial sertão/Nordeste/semiárido (e outros espaços), sob a amálgama espaços-tempos-sujeitos-linguagens. Assim, neste Simpósio, abrimo-nos a receber discussões interessadas no fazer Linguística Aplicada, em estranhar a relação linguagem-território, seja acerca do recorte sertão/Nordeste/semiárido, seja sobre outros espaços, tematizando ou a área, ou esse objeto de estudos, ou os processos metodológicos, ou os imbricamentos teórico-conceituais (em seus curtos-circuitos), ou a produção do corpus, ou os seus resultados, sob os propósitos de “atacar” espaços (em suas invenções discursivas – aqui em forte diálogos com o historiador dos espaços Durval Muniz de Albuquerque Júnior), para que possamos juntes participar da construção dessa Geografia discursiva, como uma importante contribuição aos estudos sociais e linguístico(semióticos)-enunciativo-discursivos.

Palavras-chave: Linguística Aplicada, Geografia discursiva, Linguagem e território.

ST34 - Questões de gênero e(m) discurso: representações, identidades e (re)existências em uma perspectiva crítica

Coordenação:
Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)

Partindo de uma perspectiva crítica dos estudos do discurso e assumindo que as questões sociais são sempre articuladas e mantidas por meio de aspectos discursivos, o presente simpósio tem o objetivo de discutir as relações entre linguagem e questões de gênero, observando o papel central que o discurso ocupa não apenas na naturalização de opressões e violências, mas também na configuração de identidades e na proposição de projetos de (re)existência que visem a superação dos problemas de gênero. Gênero, aqui, é compreendido como uma construção relacional, configurado em meio às práticas sociais e seus diferentes momentos, de modo que os processos de representação, identificação e (re)existência implicam, necessariamente, uma articulação interseccional com outras questões sociais, como raça, etnia, sexualidade, classe, trabalho, família, territorialidade, etc. Nesse sentido, contemplaremos, neste simpósio, um diálogo entre trabalhos transdisciplinares e, principalmente, decoloniais que busquem investigar, em diálogo com as fundamentações onto-epistemológicas e as perspectivas teóricas desenvolvidas no âmbito dos Estudos Críticos do Discurso, questões de gênero latino-americanas e brasileiras em discurso. Serão particularmente bem-vindas propostas que abordem temas como o ativismo social e acadêmico, as questões de gênero na (inter)ação midiática, escolar e política e o papel das redes sociais na configuração das violências de gênero, do sexismo e da misoginia, bem como no enfrentamento e no combate a essas opressões.

Palavras-chave: Discursos, Gêneros, Representações, Identidades, (Re)existências.

ST35 - A política dos corpos interditados: raça, gênero, sexualidade, identidade e discurso de resistência

Coordenação:
Humberto Soares da Silva Lima (IFAL)
Ana Luiza Azevedo Fireman (IFAL)

Os corpos falam e (se) situam em locais e espaços onde os marcadores sociais da diferença (raça, gênero, sexualidade, linguagem, identidade, território, classe, língua e outros) são necessários para construção de processos de resistência. Não há entendimento do corpo, como ação e “performance identitária” (Butler, 2019; 2022), sem a compreensão dos marcadores sociais da diferença que determinam a ação humana, confirmando e legitimando dinâmicas sociais e políticas que se firmam aos movimentos do que entendemos como a “política dos corpos interditados”. Dessa forma, este simpósio pretende lançar mão dos marcadores sociais da diferença como estruturas identitário-políticas (Melo, 2024) que, paralelamente às relações teórico-metodológicas (Bezerra, 2023), envolvem pesquisas-vida situadas nes/as/os e peles/as/os sujeites/as/os. Em outras palavras, a partir de estudos contemporâneos interdisciplinares e contracoloniais, oriundos da década de 80 e 90 do século XX, sob a interface – linguagem (identidade), gênero e raça – problematizamos vivências e experiências de pessoas e/ou grupos socialmente vulneráveis (população LGBTQIAPN+, negros/as, mulheres, quilombolas, ribeirinhos/as, sertanejos/as, nordestinos/as, assentados/as, pcd’s, gordos/as e outros) para, assim, pensarmos em estratégias de vida as quais julgamos urgentes em contextos de pseudoconservadorismos. Assim, as demandas que incidem sobre os corpos interditados, pensando na relação corpo, sociedade, linguagem e resistência em diálogo com Louro (2014), Hall (2022), Butler (20219) e Ramos (2024), necessitam de questionamentos e evidências políticas de tal modo que possam borrar/manchar o que se entende por pensamento cisheteropatriarcal, que não se sustenta mais, diga-se de passagem. Metodologicamente, pelos vieses da pesquisa qualitativa em Linguística Aplicada (Brahim, 2024), como processo de construção do social (Moita Lopes, 2006), dialogamos com diversos métodos de pesquisa em que as discussões centram-se no caráter “processual de humano” (Bortoni-Ricardo, 2008), envolvendo a ação de pesquisadore com de pesquisade. Então, indo na contra-mão do pensamento alinhado à extrema-direita de descredibilizar identidades, corpos, pessoas, performances, gêneros, raças, sexualidades e outros, acreditamos em uma linguística social e em teorias do discurso, na dimensão política da língua(gem) (Sousa e Braga, 2024) que esteja comprometida com a diversidade de pensamentos, cujas relações sociais e políticas sejam equânimes, a fim de gerar não segregação e distanciamento, mas que seja uma linguística social-política que possa oportunizar discursos da diferença, discursos de equidade, discursos de aproximação e principalmente discursos de respeito onde todes possam ser legitimades em sua integridade de agir e ser/estar no mundo (Hooks, 2020).

Palavras-chave: Discurso, Resistência, Corpos Interditados, Pesquisas-vida, Ação.

ST36 - Políticas Linguísticas em Línguas de Sinais: impactos na vida das pessoas Surdas

Coordenação:
Janine Soares de Oliveira do Carmo (UFSC)
Bianca Sena Gomes (UFV)

De acordo com Spolsky (2016), políticas linguísticas envolvem, além da gestão da linguagem, as práticas de linguagem e as crenças e valores que circulam a respeito delas. Expandindo essa ideia, Garcez e Schulz (2016) explicam que onde há grupos de pessoas que falam línguas, há também decisões sobre as línguas utilizadas. Os autores definem como “políticas” este grupo de escolhas e discussões que levam até elas. Entendemos que no âmbito das línguas de sinais (LS), incluindo a Libras, há uma significativa atividade política [linguística], desde as publicações de Stokoe (1960) e, no caso do Brasil, principalmente da promulgação da chamada Lei da Libras (Lei 10.436/2002). Tais ações, no Brasil, vão desde a articulação da sociedade civil organizada para a participação no texto do Decreto 5.626/2005 (Lodi, 2013), que regulamentou a Lei da Libras, passando pela oferta dos primeiros cursos de graduação em Letras-Libras (Quadros e Stumpf, 2014), bem como pela consolidação e expansão destes cursos – atualmente, são 69 cursos ofertados nas IES no país (Rocha, 2023) – chegando até a produção de glossários, videoaulas, materiais didáticos e uma intensa produção acadêmica sobre a Libras. O Decreto 5.626/2005 teve um papel marcante nessa trajetória pois, enquanto a Lei de Libras reconheceu a língua, foi ele que determinou diretrizes de como se formariam os professores desta língua e os profissionais tradutores-intérpretes. Deste modo, as políticas linguísticas no âmbito da Libras envolvem diferentes atores em diversos contextos. Ao propor este simpósio temático, estamos interessadas em pesquisas e práticas que almejam articular conversas sobre ações realizadas nestes diferentes contextos e que busquem além de “equipar” as Línguas de Sinais, com listas de vocabulários (glossários, dicionários, sinalários), dar visibilidade e garantia aos direitos linguísticos das pessoas Surdas. Além disso, propomos uma reflexão sobre o governamento linguístico (Witchs e Lopes, 2020), ou seja, sobre como a língua oficial opera como uma tecnologia de governamento, que age sobre a população Surda. Nesse sentido, entendemos que projetos voltados à partilha de conhecimentos em LS (pesquisas sobre aquisição da linguagem, ensino de LS, formação de professores), garantia de acesso à informação em LS para pessoas Surdas (tradução, interpretação etc.), bem como produção de materiais didáticos em LS (ou outras ações no campo da educação de Surdos) terão lugar neste espaço de debate transdisciplinar. Esperamos, a partir das discussões, estabelecer parcerias para ações futuras de atividades políticas linguísticas, visando promover a interação entre a universidade e a sociedade. 

Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Pessoa Surda, Línguas de Sinais, Libras.

ST37 - Linguagem on-line e ensino-aprendizagem de línguas: múltiplas identidades e diversidade linguístico-cultural na era da informação

Coordenação:
Jailma do Socorro Uchôa Bulhões Campos (UFPA)
Brayna Conceição dos Santos Cardoso (UFPA)

Com o surgimento das diferentes inovações tecnológicas, verifica-se mudanças aceleradas nos variados setores da vida, transformando várias práticas e impactando no surgimento de novos hábitos de comportamento e cultura (compras online, pagamentos digitais, aulas/curso digitais, comunicação por redes sociais etc.), com a formação de um novo ethos humano. A tecnologia, nessa perspectiva, influencia um conjunto de práticas, valores e formas de pensar e estar no mundo, trazendo à tona a concretização da cultura digital ou cibercultura (Lévy, 1999). As mudanças com essas novas experiências gradativamente têm contribuído para transformações culturais e, sobretudo, modificam/ram a linguagem e as práticas comunicativas (Barton; Lee, 2015). No que respeita à educação, há grandes desafios e potencialidades no que compete ao ensino-aprendizagem de línguas, especialmente porque é necessário também compreender como a linguagem se constitui para a construção de sentidos nos espaços digitais. Com as novas mídias, houve o surgimento de novas relações entre autor e leitor, com alteração do conceito de autoria (Xavier, 2010), novos gêneros identificados na Web, novos letramentos e o aparecimento do hiperleitor (Takaki, 2012), a hipermídia com as convergências de múltiplas semioses, sobrelevando a multimodalidade (Ribeiro, 2021), dentre outros fenômenos. Diante disso, é necessário o desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas para o ensino de línguas que contemplem a linguagem e sua complexa constituição nos espaços online para comunicação e informação. Dessa forma, a partir deste trabalho, investiga-se como os usos da linguagem são afetados pelas mudanças promovidas pela cultura digital e quais são as implicações no ensino-aprendizagem de línguas. Nesse sentido, este Simpósio temático assume como objetivo promover a apresentação e a discussão de pesquisas concluídas ou em fase avançada de desenvolvimento que abranjam abordagens sobre a linguagem online e o ensino-aprendizagem de línguas, a fim de criar um espaço de discussão com pesquisadores acerca de características da comunicação mediada pelas telas e ensino de variação linguística, múltiplas identidades e diversidade linguístico-cultural online, com seus estilos linguísticos, novos letramentos e domínios semióticos, letramento digital, estudos de textos produzidos em práticas situadas na rede Internet, novas virtualidades e usos da linguagem, práticas de escrita e leitura nas redes e usos de plataformas ou multimídia, tendo em vista as implicações para o ensino-aprendizagem de línguas. Almeja-se que o trabalho desenvolvido por esse simpósio fortaleça as áreas de estudos da linguagem e ensino de línguas, contribuindo para o avanço na produção científica nesse campo do conhecimento.

Palavras-chave: Linguagem on-line, Ensino-aprendizagem de línguas, Tecnologias digitais, Cultura digital, Diversidade linguístico-cultural em redes.

ST38 - Inteligência Artificial no ensino de línguas: impactos pedagógicos, personalização da aprendizagem, inclusão e desafios éticos

Coordenação:
Gonzalo Abio (UFAL)
Tatiana Lourenço de Carvalho (UERN)

O uso crescente da Inteligência Artificial (IA) no ensino de línguas tem gerado novos paradigmas pedagógicos, oferecendo ferramentas inovadoras que podem transformar a forma como a aprendizagem linguística é realizada. Considerando essa realidade, no simpósio temático em questão, nos propomos a realizar uma reflexão crítica sobre os impactos e desafios da IA no ensino de línguas, com foco em tecnologias baseadas em IA, como chatbots, assistentes virtuais e plataformas adaptativas, têm influenciado a prática pedagógica, as metodologias de ensino e o desenvolvimento das competências linguísticas. Ao longo do simpósio, serão discutidas questões sobre a personalização da aprendizagem, a adaptação do ensino às necessidades individuais dos alunos e o potencial da IA para promover a inclusão no ensino de línguas. Também serão abordados os desafios éticos e pedagógicos do uso dessas tecnologias, como a relação entre a automação e o papel do professor, a privacidade dos dados dos alunos e as implicações para a qualidade do ensino. A proposta busca reunir pesquisadores, professores e especialistas para compartilhar experiências, análises e propostas de soluções diante dos desafios que surgem com a integração da IA no ensino de línguas, contribuindo para o desenvolvimento de práticas educacionais mais eficazes, inovadoras e inclusivas.

Palavras-chave: Inteligência artificial (IA), Ensino de línguas, Impactos éticos e pedagógicos.

ST39 - Tecnologias disruptivas e o ensino de línguas: como a Inteligência Artificial e a Realidade Aumentada podem contribuir para outros caminhos

Coordenação:
Tâmara Milhomem (IFPI)
Claudiene Diniz da Silva (UEMA)

A evolução tecnológica do século XXI teve um progresso exponencial com o desenvolvimento da Inteligência artificial (IA), possibilitando novas invenções em diversos segmentos. Uma delas é a Realidade Aumentada (R.A.), que se caracteriza pela utilização de tecnologia multissensorial e de recursos multimídia para a criação de ambientes parcialmente artificiais. Essas e outras tecnologias disruptivas podem contribuir para o processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis de educação, e para elencar tais contribuições, surge o presente simpósio. Assim, o objetivo geral deste simpósio é abrir um espaço de discussões para pesquisas que versem sobre a utilização da IA, da RA e de tecnologias digitais variadas no ensino-aprendizagem de línguas, seja materna ou estrangeiras. Tendo em vista esses novos caminhos, este simpósio visa agrupar estudos que apresentem os fundamentos da Inteligência Artificial, promovendo uma reflexão sobre suas potencialidades nos estudos da linguagem, debatendo também seu uso de forma ética. Questões como escrita de textos artificiais, tradução, revisão ortográfica, síntese de obras completas, mediadas por IA, como também plágio e humanização de textos artificiais são de interesse neste simpósio. Do mesmo modo, também há espaço para pesquisas que versem sobre a RA e suas potencialidades de aplicação no ensino de línguas. Dessa forma, será oportunizada a apresentação e discussão de diferentes perspectivas teóricas e práticas sobre o assunto, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do ensino de línguas.

Palavras-chave: Inteligência Artificial, Realidade aumentada, Tecnologia, Ensino-aprendizagem.

ST40 - Ensino de língua pela Educação Científica

Coordenação:
Shirlei Marly Alves (UESPI)
Wagner Rodrigues Silva (UFT/CNPq)

As ciências são desenvolvidas continuamente conforme pesquisas científicas realizadas em função da elaboração de respostas para diferentes demandas sociais emergentes. No âmbito do ensino e da formação de professores de Português como língua materna (LM), não tem sido diferente. Nas últimas décadas, diversos empreendimentos investigativos foram produzidos na Linguística Aplicada (LA), Linguística e Educação com o propósito de transformar o paradigma de ensino das aulas de Língua Portuguesa em escolas brasileiras, considerando diferentes níveis e modalidades de ensino. Em outros termos, esforços vêm sendo investidos para aprimorar metodologias e práticas pedagógicas a fim de se desdobrarem em resultados mais sustentáveis na instrução de falantes, leitores, escritores e conhecedores do sistema linguístico. Evidências dessas contribuições podem ser encontradas em diretrizes curriculares municipais, estaduais e nacionais, destinadas ao ensino básico e à formação docente, e, inclusive, em programas especiais de ensino, a exemplo de olimpíadas escolares e feiras científicas. Nessa perspectiva, a abordagem teórico-pedagógica da educação científica, em construção na LA, campo indisciplinar de investigação científica em que está inserido este simpósio, mostra-se bastante promissora por possibilitar, por um lado, no ensino básico, (a) contextualização de situações educativas, (b) articulações de práticas escolares de linguagem e (c) enfoques de temáticas sociais necessárias à formação cidadã crítica. Tais desdobramentos, por outro lado, têm trazido encaminhamentos metodológicos mais precisos à formação inicial e continuada de professores, podendo contribuir para a fortalecimento de profissionais com posturas críticas, questionadoras, investigativas e propositivas, configurando o local de trabalho do professor como legítimo espaço de construção de saberes, inclusive na interlocução com docentes universitários. Nessa perspectiva, este simpósio foi proposto para reunir resultados parciais e finais de pesquisas em torno da abordagem da educação científica, considerando diferentes locais e objetos de investigação, além de construções investigativas indisciplinares, de maneira que sejam compartilhadas evidências de contribuições teóricas para a LA e práticas para o ensino e a formação de professores de LM. O trabalho realizado neste simpósio contribuirá para as atividades especializadas realizadas nos seguintes grupos de pesquisa: Laboratório de Leitura e Escrita Acadêmicas – LEIA (UESPI/CNPq) e Práticas de Linguagens – PLES (UFT/CNPq).

Palavras-chave: Educação Científica, Ensino de Língua Materna, Materiais Didáticos, Diretrizes Curriculares, Formação de Professores.

ST41 - Ensino de língua pela Educação Científica à Didática de Plurilinguismo no Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa: (re)pensando a Educação e a Cidadania GloCal

Coordenação:
Sweder Souza (UNIFESSPA)
Andréia Rutiquewiski (UTFPR)

A proposta deste simpósio parte da premissa de que o ensino-aprendizagem de línguas, sobretudo na língua portuguesa, quando orientado por uma perspectiva plurilíngue e intercultural, é uma ferramenta crucial para a formação de uma cidadania GloCal – ou seja, um cidadão que seja, ao mesmo tempo, consciente das questões globais e capaz de atuar de forma contextualizada em seu espaço local. O termo “GloCal” expressa a necessidade contemporânea de educar indivíduos aptos a transitar entre culturas, línguas e realidades distintas, promovendo o diálogo entre o global e o local. Em um mundo cada vez mais globalizado e multicultural, a necessidade de uma formação docente que considere o plurilinguismo e a diversidade cultural é mais premente do que nunca. O plurilinguismo se apresenta como uma abordagem pedagógica que promove a valorização das diferentes línguas e culturas, incentivando o diálogo intercultural e a inclusão. Nesse sentido, o ensino e a formação de professores de língua materna deve estar alinhada a essa perspectiva, promovendo práticas educativas que atendam às demandas de um cenário educacional complexo e diversificado. Assim, este Simpósio visa discutir os desafios e as possibilidades das práticas de ensino de língua portuguesa no contexto do plurilinguismo, com foco na formação docente. Serão abordadas questões sobre a integração das línguas e culturas no processo educativo, a formação de professores plurilíngues e interculturais, bem como a implementação de políticas educacionais que favoreçam essa abordagem. Objetivamos, assim, debater o papel do plurilinguismo no ensino-aprendizagem da língua materna, e na formação de professores; refletir sobre os desafios contemporâneos enfrentados pelas práticas de ensino em contextos plurilíngues e multiculturais; apresentar práticas e metodologias para o ensino de língua portuguesa que integrem a diversidade linguística e cultural; (re)pensar como o ensino de língua materna pode contribuir para a formação de cidadãos críticos e conscientes, capazes de atuar de forma significativa tanto no nível global quanto no nível local; promover o intercâmbio de experiências e pesquisas sobre a formação docente para o plurilinguismo, dentre outras proposições. Espera-se, assim, que o Simpósio contribua para a construção de um espaço de reflexão crítica e troca de experiências sobre o ensino de língua portuguesa a partir da perspectiva do plurilinguismo, promovendo um avanço nas discussões sobre a formação docente e o desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas e interculturais.

Palavras-Chave: Educação Linguística, Ensino de Língua Portuguesa, Didática do Plurilinguismo, Formação de Professores.

ST42 - Análise de Discurso Crítica na Educação

Coordenação:
Ana Maria Sá Martins (UEMA)
Carlos Eduardo de Paula Santos (UFPI)

Para este simpósio temático aceitaremos pesquisas que relacionem Análise de Discurso Crítica com processos de ensino e aprendizagem de língua portuguesa na educação básica. Pesquisas que envolvem teorias da aprendizagem, didática, metodologias de ensino, ideologias linguísticas, tendências pedagógicas, elaboração de recursos pedagógicos, políticas educacionais, identidade docente e discente, formação de professores, avaliação da aprendizagem, letramentos críticos e atividades na educação básica nos interessam. Vale destacar que, em alguma medida, as pesquisas devem utilizar como aporte teórico a Análise de Discurso Crítica que é defendida por Fairclough (1989, 2003, 2019), Chouliaraki e Fairclough (1999); Fairclough e Fairclough (2012); Resende e Ramalho (2016); Batista Jr. (2018); Magalhães (2019); Rogers et al (2016), mas também aceitaremos outras abordagens dos Estudos Críticos de Linguagem. Nossa intenção é contribuir com estudos que relacionem ADC e educação em busca de uma consciência linguística crítica e da mudança social. Valorizaremos estudos que façam uma relação direta entre os pressupostos críticos e as pesquisas em educação.

Palavras-chave: Análise de Discurso Crítica, Educação, Ensino básico.

ST43 - Produção de Texto na escola: prática docente e percepção discente

Coordenação:
Rosângela Oliveira Cruz Pimenta (UFRPE/PPGLL-UFAL)
Roseane Santana Santos (Seduc-SE)

A formação de escritores na escola é algo complexo, cujos resultados não são avaliados constantemente por instrumentos oficiais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), mas são percebidos pelo baixo desempenho dos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nessa perspectiva, é importante ouvir alunos e professores sobre suas impressões a respeito das atividades vivenciadas na escola para a formação escrita, pois conhecer a percepção dos alunos sobre o suporte disponibilizado pelo professor ao longo do processo de escrita serve de reflexão sobre a prática letiva, ajudando a equacionar gestos, procedimentos e interações (Messias; Dolz, 2015; Silva, 2013), a diversificar estratégias de suporte ao processo de escrita, assim como conhecer as reflexões dos docentes sobre a sua prática ajuda a reorientar (alterar/ajustar) o seu trabalho para ir ao encontro das necessidades apontadas pelos alunos (Araújo; Martins; Osório; Faria, 2017; Carvalho; Conboy; Santos; Fonseca; Tavares; Martins; Salema; Fiuza; Gama, 2014). No âmbito de uma didática da escrita baseada em contextos reais de aprendizagem escolar, são importantes os estudos que contribuem com perspectivas centradas nos alunos, em particular sobre a sua relação com a escrita, as suas expectativas relativamente ao professor e ao suporte pedagógico-didático esperado durante as aulas e ao longo do processo de escrita. Estudos sobre a relação dos alunos com a escrita com base nas suas percepções (Rei, 1998; Cardoso; Pereira, 2007; Cardoso, 2009; Antunes; Silva, 2016; Cardoso; Pereira; Lopes; Lopes, 2018) têm dado visibilidade a questões cruciais para se compreender a resistência e as dificuldades que os alunos sentem perante atividades de escrita na escola, tais como: a avaliação como finalidade; utilidade e motivação para a escrita; a escrita como atividade solitária; o professor como interlocutor privilegiado e substancialmente preferido em contextos de escrita (Cardoso et al., 2018). O objetivo deste simpósio é partilhar, por um lado, estudos qualitativos centrados nas percepções de alunos quanto às aulas e às dificuldades sentidas no processo de construção do texto e quanto às formas de apoio pedagógico-didático que entendem como mais benéficas para a aprendizagem da escrita na escola; por outro lado, nas percepções dos professores da Educação Básica quanto às suas práticas didáticas e metodologias de ensino da produção textual que percebem como benéficas para a formação escrita discente.

Palavras-chave: Ensino de escrita, Prática docente, Percepção discente, Gestos didáticos, Didática da escrita.

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