Simpósios temáticos presenciais
Coordenação:
Sérgio Ferreira (UNESPAR)
Tânia Ap. Martins (UNIOESTE)
Na área dos estudos linguísticos de diversos programas de pós-graduação cujo interesse de pesquisa é a linguagem em diferentes perspectivas, as línguas de sinais de forma gradativa têm atraído atenção de pesquisadores que encontram nestes lugares um espaço de acolhimento para seus estudos (Martins, 2022; Quadros, 2021; Stumpf, 2024; Xavier, 2020). No que se refere especificamente ao campo da Linguística Aplicada (LA), percebe-se um aumento significativo de estudos que se debruçam sobre as questões que orbitam sobre os saberes e as práticas do ensino e aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais – Libras em múltiplos contextos (Andreis-Witkoski, 2020; Ferreira, 2019; Rodrigues, 2023). Nesse sentido, este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores, educadores e profissionais que investigam ou atuam com o ensino e aprendizagem de Libras como L1 ou L2 em diferentes contextos e ambientes. No intuito de fomentar um espaço de acolhimento, diálogo e compartilhamento de estudos, neste simpósio também são bem-vindas pesquisas originadas a partir de experiências sobre práticas pedagógicas, abordagens metodológicas, recursos tecnológicos, políticas linguísticas e os desafios enfrentados na formação de professores que abordem em seus trabalhos sobre o ensino e aprendizagem de Libras em diversos cenários.
Palavras-chave: Práticas pedagógicas em Língua de Sinais, Políticas linguísticas e Libras, Abordagens metodológicas em Libras, Formação de professores.
Coordenação:
Waldemar dos Santos Cardoso Junior (UFPA)
Leila Saraiva Mota (UFPA)
Conforme enfatiza Botelho (2010), a educação bilíngue sugere que a pessoa Surda seja exposta a Língua de sinais o mais cedo possível. A língua de sinais é concebida como língua materna de pessoas Surdas. O bilinguismo simboliza aspectos políticos, sociais e culturais, onde é necessário garantir um currículo organizado e atender o acesso aos conteúdos escolares na própria Língua do Surdo (L1) (Quadros, 2004). Nesse sentido, este simpósio propõe agregar trabalhos que envolvam estudos teóricos e descritivos das línguas indígenas de sinais e da língua brasileira de sinais-Libras e de seus aspectos linguísticos que abarquem reflexões e reformulações, descritivas, metodológicas e tipológicas de línguas de sinais, que favoreçam investigações no plano de análise e descrição das línguas de sinais, além de discutir políticas públicas que reconheçam a pluralidade linguística das línguas de sinais existente no Brasil. Busca reunir ainda estudos que investiguem a língua de sinais como instrumento cultural nas mediações do processo de construção da identidade surda, da sociabilidade, da memória social, das práticas sociais e das políticas culturais da pessoa surda. Pretende-se agregar também trabalhos que envolvam políticas públicas para a formação de professores da educação básica na perspectiva da educação bilíngue, para alunos surdos, saberes e práticas na educação básica, envolvendo as modalidades e as diferentes metodologias de ensino, considerando os princípios da formação docente, bem como o ensino da língua portuguesa como L2.
Palavras-chave: Pluralidade linguística, Educação bilíngue, Políticas públicas, Formação docente.
Coordenação:
Joseane dos Santos do Espírito Santo (UFRR)
Nas últimas décadas, as pesquisas sobre os Estudos Surdos avançaram para diversas linhas, o que possibilitou novas reflexões sobre as práticas de ensino. Uma das áreas que tem avançado nas pesquisas são os estudos sobre ensino-aprendizagem de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da Língua Portuguesa escrita. A Libras é uma língua natural que pode ser aprendida como língua materna para os/as surdos/as filhos/as de pais surdos. Ela também pode ser ensinada como língua natural para os/as surdos/as filhos/as de pais ouvintes e como língua adicional para as pessoas ouvintes. E, por fim, a Língua Portuguesa (LP), língua oficial do Brasil, pode ser ensinada na modalidade escrita para as pessoas surdas. Diante da diversidade de práticas de ensino das referidas línguas, faz-se necessário a investigação e socialização sobre como ocorre o processo de ensino-aprendizagem e as implicações que elas estão produzindo. Sendo assim, tendo como base os estudos da Linguística Aplicada (LA), essa sessão busca reunir e socializar as atuais pesquisas sobre o ensino da Libras (como língua natural, materna e adicional) e da LP escrita (como língua adicional) para surdos/as. Proporcionar essas discussões e reflexões no ambiente de eventos acadêmicos permitirá a socialização e a produção de novos conhecimentos sobre o tema, o que pode implicar nas práticas docentes.
Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem, Libras, Língua Portuguesa, Surdos.
Coordenação:
Marcos Suel dos Santos (Semed-São Sebastião/AL)
Maria Silma Lima de Brito (UFAL)
A leitura é uma atividade complexa que exige a compreensão de diversos modelos e abordagens (Silveira, 2005) teórico-metodológicas. No contexto educacional, a compreensão dos processos cognitivos envolvidos na leitura é fundamental para práticas pedagógicas eficientes, especialmente nas aulas de língua portuguesa. Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores, professores da educação básica e estudantes para discutir sobre os aspectos cognitivos da leitura e como eles impactam o ensino. Entre os temas envolvidos, destacam-se as estratégias cognitivas e metacognitivas, os processos de decodificação na fase inicial da alfabetização, a formação docente para o ensino da leitura, a relevância e os benéficos da leitura em voz alta. Ao considerar os desafios enfrentados no cenário nacional, incluindo a redução de quase sete milhões de leitores nos últimos quatro anos, conforme a pesquisa Retratos da Leitura (2024), este simpósio se apresenta como um espaço crucial para discutir soluções práticas e teóricas para melhorar a competência leitora no Brasil. A socialização de pesquisas, práticas e experiências permitirá o fortalecimento de uma educação alicerçada nos fundamentos cognitivos da leitura, contribuindo para o desenvolvimento de leitores proficientes e para a promoção de um ensino mais eficaz e transformador.
Palavras-chave: Leitura, Aspectos cognitivos, Práticas de Ensino, Educação Básica.
Coordenação:
Dannytza Serra Gomes (UFC)
Francisco Rogiellyson da Silva Andrade (UFC/CE)
Este simpósio busca reunir pesquisas que visibilizem e desvelem questões acerca de ensino e/ou formação de professores de língua materna. Desse modo, interessam-nos projetos científicos que se balizem no escopo indisciplinar e decolonial da Linguística Aplicada – LA (Rajagopalan, 2003; Moita Lopes, 2006; Pennycook, 2006), por acreditarmos que essa diretriz permite a construção de um corpo de conhecimentos que objetiva problematizar e desvelar questões sociais atinentes a cada realidade local cujas reflexões gerem excedentes de visão para pensar translocalmente modos de ser e de pensar, na e pela linguagem, acionamentos para cada realidade da Linguística Aplicada que se faz aqui. A partir disso, elegemos como temática transversal ensino e formação de professores de língua materna, dado o fato de estudos, como o de Queiroz (2023), afirmarem que as licenciaturas vêm sofrendo uma severa crise desde 2018, com a eleição de governos de extrema direita e com as consequências da pandemia. Em virtude dessa realidade, pensamos ser necessário, a partir da LA em interface com as diversas searas teórico-metodológicas dos estudos discursivos, promover discussões que notabilizem a temática, apontando pontos invisibilizados, bem como promovendo ecos, atravessamentos e alargamentos de visão necessários a este Sul Global. Acreditamos que, com isso, daremos vazão à promoção de debates trans e indisciplinares que suleiam as discussões sobre ensino e formação de professores de língua materna, com forte apelo para refletir sobre a realidade transcultural e multissemiótica que hoje se mostra ubíqua nos cenários de aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino de língua materna, Formação de professores de línguas, Linguística Aplicada, Decolonialidade.
Coordenação:
Elaine Cristina de Oliveira (UFBA)
Cristiane Carneiro Capristano (UEM)
A proposta deste simpósio é se constituir como um espaço de debate, reunindo pesquisas (concluídas ou em andamento), no campo do ensino e da aprendizagem de língua materna, cuja temática principal envolva a discussão sobre as práticas de leitura e/ou de escrita nos primeiros anos de escolarização, em particular, aqueles destinados ao Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). As práticas de leitura e de escrita vivenciadas no cotidiano escolar são processos amplamente estudados em diferentes campos científicos. Em cada campo e no interior desses campos, essas práticas ganham também diferentes conotações, sendo, portanto, definidas e compreendidas sob variadas perspectivas teórico-metodológicas. Sem desmerecer a importância dessa pluralidade, este simpósio destina-se, primordialmente, a pesquisas desenvolvidas tendo como ponto de partida perspectivas linguístico-discursivas da leitura e/ou da escrita. Trata-se, pois, de privilegiar a discussão de pesquisas nas quais a descrição linguística dos processos de leitura e de escrita seja feita a partir da consideração de que esses processos não são atividades mecânicas de decodificar/codificar sílabas, palavras, sentenças ou textos, mas, sim, práticas sócio-históricas complexas que envolvem a produção de sentidos e resultam de gestos de interpretação dos sujeitos, desde sempre interpelados pela ideologia, pela história e pelo inconsciente. Nesse sentido, o simpósio visa a acomodar pesquisas fundadas na intersecção e no trânsito entre a descrição linguística e a compreensão discursiva das práticas de leitura e/ou de escrita. O privilégio a perspectivas linguístico-discursivas funda-se no desejo de promover debates e expandir o diálogo a respeito do potencial explicativo desse ponto de vista para a análise e compreensão da circulação das crianças por práticas sócio-históricas de leitura e de escrita, sobretudo aquelas vividas no contexto escolar.
Palavras-chave: Leitura, Escrita, Escolarização, Perspectiva linguístico-discursiva.
Coordenação:
Alexandre Melo de Sousa (UFAL)
Jânio Nunes dos Santos (UFAL)
A Educação Bilíngue de Surdos vem sendo discutida há pelos menos duas décadas, no Brasil (Fernandes; Pereira; Ribeiro, 2024), a partir do Decreto Federal nº 5.626/2005 que estabeleceu a obrigatoriedade de as escolas ofertarem-na aos estudantes surdos, sendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua e o português escrito como segunda língua (Brasil, 2005). Recentemente, a educação bilíngue de surdos ganhou o status de modalidade da educação formal no Brasil, a partir da Lei no 14.191/2021, cujo teor jurídico regulamenta a oferta em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns, seja em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade de educação bilíngue de surdos. Sabe-se que a Libras apresenta um papel essencial no processo de ensino e aprendizagem da L2. A perspectiva que se assume não é de transferência de conhecimento da primeira língua para a segunda nos moldes da mera tradução, mas de um processo paralelo de aquisição e aprendizagem de ambas, embora a Libras seja sempre a língua de mediação nos processos de ensino e de aprendizagem. Comunicar-se pela Libras, bem como ler e escrever em português escrito, são habilidades substanciais para o processo de desenvolvimento dos sujeitos surdos para que vivenciem plenamente as práticas e os eventos sociais de comunicação, contudo são processos complexos que envolvem diversas competências. Nestes moldes, as competências gramaticais e comunicativas dos estudantes são elementos fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita do português (Quadros; Schmiedt, 2006) tendo em vista que a Libras constitui língua de mediação no processo das aprendizagens. Levando em consideração as diversas perspectivas teórico-metodológicas, este simpósio tem por interesse reunir trabalhos que se destinem a debater a educação bilíngue de surdos nas diversas etapas da educação básica e do ensino superior; o ensino da Libras como primeira língua e como segunda língua e a escrita de sinais.
Palavras-chave: Educação Bilíngue de Surdos, Ensino de Libras, Escrita de Sinais.
Coordenação:
Maria Teresa Tedesco Vilardo Abreu (UERJ)
Hilma Ribeiro de Mendonça Ferreira (UERJ)
Que tempos estamos vivendo! Que tempo de mudanças!! De reflexões! Essas mudanças precisam ser vistas, de forma crítica e reflexiva. Precisamos fazer com que as novas gerações entendam as mudanças sociais que estamos vivendo, sem considerar que (as mudanças) representam uma ilha social, que afetam somente um bairro, uma família, um grupo social. Parte-se da premissa de que a escola tem como função precípua construir reflexão – crítica, ampliando o conhecimento dos estudantes. Especificamente, as aulas de língua materna contribuem, sobremaneira, para este desenvolvimento sobre a vida, suas mudanças e o entendimento acerca dos diferentes contextos sociais em que as mudanças ocorrem. Para tanto, há de se pensar em currículo que, efetivamente, contribua para essa construção de identidade(s) dos diferentes sujeitos. Nosso foco principal é que leitura, escrita e análise linguística, pilares básicos das aulas de língua portuguesa, são instrumentos fundamentais para a construção deste sujeito crítico e reflexivo, pois o pleno domínio da língua é condição para o “agir no mundo”, desenvolvendo capacidade (s) de gerir conhecimentos em todas as áreas e com isso saber fazer escolhas ao longo de sua vida, em qualquer das esferas discursivas em que esteja inserido. Neste sentido, este simpósio visa a receber pesquisas que discutam, teórico-metodologicamente, ações didáticas relativas ao ensino de língua materna, em qualquer nível de escolaridade, que aliem o processo de aprendizagem da língua, embasado nos contributos da linguística aplicada, a ações afirmativas que resultem em discussões sobre práticas identitárias, sejam étnico-raciais, sejam de outra natureza, em abordagens textuais e discursivas.
Palavras-chave: Ações afirmativas, Ensino de Língua Portuguesa, Linguagem, Processos de ensino e de aprendizagem.
Coordeção:
Mauri Célio Alves Santana (UFAL)
Rosiene Omena Bispo (Seduc/AL)
Este simpósio temático visa a reunir trabalhos voltados ao ensino e à aprendizagem de Língua Portuguesa no contexto da escrita colaborativa, com base em fundamentos da Genética Textual (GT) e da Linguística Enunciativa. A proposta parte da compreensão do texto como um processo em curso, e não como mero produto final, priorizando a observação da escritura em ato, na qual rasuras gráficas e orais (apagamentos, acréscimos, substituições, deslocamentos) revelam operações cognitivas e metalinguísticas relevantes para o aprendizado da língua. A Genética Textual, inicialmente ligada à Crítica Literária (Fabre, 1986, 1990), passou a ser aplicada aos manuscritos escolares (Calil, 1998, 2016), ampliando as possibilidades de análise dos processos de escrita em contextos reais de sala de aula. A partir dessa perspectiva, os borrões, hesitações e reformulações durante a produção colaborativa do texto ganham status de objetos de análise, permitindo compreender como os sujeitos refletem sobre a linguagem durante a escrita. Nesse contexto, destacamos o papel da atividade metalinguística, compreendida como ação reflexiva, consciente ou não, sobre a língua (Camps et al., 1999, 2000, 2005; Culioli, 1990), particularmente em sua relação com o ensino da gramática. A escrita colaborativa oferece terreno fértil para essa atividade, pois o confronto de ideias, a necessidade de negociação linguística e a verbalização de conflitos podem revelar não apenas o que os estudantes sabem, mas como eles pensam sobre a linguagem. Dessa forma, este simpósio acolherá estudos concluídos ou pesquisas em andamento que focalizem práticas de produção textual em situação colaborativa, observando especialmente as interações face a face entre alunos e/ou entre professor e alunos, em que emergem comentários metalinguísticos relacionados a aspectos linguísticos, gramaticais, textuais, semânticos ou pragmáticos. Pretende-se, com isso, fomentar discussões que contribuam para o avanço das investigações sobre a aprendizagem da Língua Portuguesa, sobretudo em sua dimensão processual e dialógica.
Palavras-chave: Genética Textual. Atividade metalinguística. Ensino de Língua Portuguesa. Escrita colaborativa. Manuscrito escolar.
Coordenação:
Yamilka Rabasa (UnB)
A Proposta Multirrede-Discursiva (MR-D) foi desenhada e aprimorada por Silvana Serrani na Unicamp. Em 2005, com reimpressão em 2010, a proposta, denominada de Multidimensional-Discursiva, foi divulgada em um instigante livro em que Serrani aborda e fundamenta, com rigor teórico, as bases convocadas na elaboração da Proposta: a Linguística Aplicada, os estudos discursivos, os estudos da aquisição de línguas, do inconsciente e os teórico-literários. Em 2020, a proposta passou a adotar o nome multirrede, para indicar a “perspectiva reticular” que a caracterizaria. Na Proposta MR-D, “Propõe-se o trabalho com redes de discursos, que tematicamente girem em torno de um tópico cultural específico. A finalidade dessa rede é que diferentes posições de sentido sejam mobilizadas em relação aos conteúdos socioculturais de ensino em foco” (Serrani, 2020, p. 266). A MR-D está constituída por três componentes: o Componente Intercultural permite que contextualizemos os materiais no que diz respeito aos territórios, espaços, momentos histórico-culturais e grupos sociais contemplados, além de se observar a diversidade cultural considerando o contexto de partida e o de chegada; o Componente Língua-discurso e gêneros discursivos diz respeito aos conteúdos do sistema da língua enfocados a partir da compreensão discursiva da linguagem e aos gêneros discursivos em que se inscrevem (Bakhtin, 2011); o Componente Práticas de linguagens em oficinas multirrede-discursivas corresponde ao planejamento das práticas de audição, leitura, produção escrita, produção oral e tradução, porém, articulando os componentes anteriores. A MR-D permite abordar, de forma não banalizada, dimensões socioculturais, em articulação com conteúdos de língua-discurso, que possibilitem uma educação humana e crítica para pensar e (quem sabe?) mudar o estado de coisas atual. A partir de uma formação transdisciplinar, o professor multirrede-discursivo pode, ao mobilizar os critérios MR-D, analisar livros didáticos e materiais paradidáticos, selecionar textos em diversas linguagens para complementar o livro didático, planejar atividades, aulas e cursos de línguas. Assim, neste simpósio, convocamos professores, estudantes e pesquisadores da área para compartilharem suas experiências e pesquisas no que diz respeito a: metodologias de ensino, planejamentos de aulas e de cursos, relatos de práticas docentes e propostas teóricas que foquem na formação de professores e no ensino-aprendizagem de línguas desde perspectivas interculturalmente críticas, que concebam a língua como “um objeto complexo” (Revuz, 2016) para além de “um mero instrumento a ser dominado” (Serrani, 2010), comprometidos com uma educação para a emancipação (Freire, 2019). Que este simpósio possa ser o embrião de profícuas discussões atentas aos desafios da realidade da educação no Brasil hoje.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de línguas, Proposta Multirrede-Discursiva, Materiais didáticos, Cultura, Língua-discurso.
Coordenação:
Adriana Nunes de Souza (IFAL)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Este simpósio aceitará trabalhos que discutam o ensino de literatura sob a perspectiva da linguística aplicada. Educar para o letramento e a formação do leitor têm sido uma constante indicação nos documentos oficiais que orientam os projetos pedagógicos das escolas de Ensino Básico, assim como enfatizam o papel das Licenciaturas enquanto formadoras de professores da Escola Básica. Desse modo, somos solicitados a ultrapassar os muros da Academia, cumprindo o nosso papel social de inserção efetiva na comunidade. Os benefícios alcançados são compartilhados entre a comunidade que recebe o trabalho e os alunos da Universidade, que, ao vivenciarem o cotidiano das escolas, aprimoram a sua formação enquanto professores. No caso específico da Literatura, é importante ressaltar que a leitura deve ser encorajada. Adultos mais reflexivos, criativos e críticos são o resultado de um trabalho que deve iniciar-se bem cedo na vida das pessoas. Sendo a leitura e o letramento temas constantes das preocupações dos docentes da Educação Básica, o simpósio discutirá o ensino e a aprendizagem da literatura (Cosson, 2014), associando a problemática da leitura e do ensinar aos estudos do letramento literário (Cosson, 2009), dos multiletramentos (Rojo & Moura, 2012) e/ou do letramento crítico (Monte-Mór, 2015). Adotando, portanto, uma perspectiva multidisciplinar da pesquisa em linguística, os trabalhos poderão versar sobre a prática docente, sobre a análise da literatura nos materiais didáticos para a Educação básica (módulos, livros didáticos, apostilas etc.), sobre as estratégias de ensino e de aprendizagem da literatura, sobre a formação do leitor ou sobre as teorias ligadas ao tema do simpósio. Os trabalhos devem relacionar-se a uma reflexão acerca da docência, da prática pedagógica, das práticas sociais da leitura e do papel do professor de literatura numa perspectiva que discuta o ensino de literatura associado ao valor social e político da leitura, que “não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo” (Freire, 2021). Tal concepção de leitura associa-se ao letramento literário, em que ensinar, considera o contexto da escola e não apenas ela, permite identificar e questionar os “protocolos de leitura, afirmando ou retificando valores culturais, elaborando e expandindo sentidos” (Cosson, 2014). Sob esse cenário, o trabalho com a leitura e o letramento literário pode ser associado ao letramento crítico ao elucidar temáticas emudecidas socialmente pela colonialidade, tornando o ensino de literatura uma contribuição para transformar o silenciamento de questões cotidianas opressoras, evitando desigualdades sociais (Monte-Mór, 2015).
Palavras-chave: Ensino de literatura, Educação Básica, Linguística Aplicada, Multiletramentos, Leitura literária.
Coordenação:
Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE)
Eliana Kefalás Oliveira (UFAL)
Nos últimos anos, uma série de discussões sobre como selecionar e mediar obras literárias nas escolas públicas têm ganhado destaque na formação inicial e continuada de professores, com destaque para as pesquisas no âmbito do Mestrado Profissional em Letras. Tal contexto recente coincide também com a extinção do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) e com a fabricação do PNLD-Literário, uma política pública que envolve processos complexos de produção, avaliação e escolha de obras literárias. O presente simpósio temático pretende discutir justamente os processos de circulação de obras literárias na escola, com destaque para a agentividade docente na realização de escolhas de obras específicas. Ao levarmos em consideração que as propostas curriculares, a BNCC e o ENEM não indicam obras específicas para leitura, a discussão sobre como as obras são escolhidas e quais experiências são realizadas nas escolas faz-se necessário para uma melhor compreensão das práticas de letramento com a literatura no contexto escolar. Por isso, é importante a realização de pesquisas, no campo da Linguística Aplicada e dos Estudos Literários, que se interessem por analisar: (i) programas e projetos de leitura específicos; (ii) seleção de obras no âmbito de políticas públicas; (iii) critérios de seleção de obras de diferentes gêneros e formatos; (iv) processos de mediação e de experiências com obras literárias específicas. Espera-se assim colaborar com a ampliação de estudos sobre os critérios de escolha das obras literárias utilizadas por docentes em diferentes contextos e atuação, assim como sobre a recepção de tais obras em comunidades de leitura específicas. O simpósio almeja receber contribuições de diferentes campos de reflexão (letramento literário, educação literária, leitura subjetiva, didática da literatura) que colaborem para uma melhor compreensão da bibliodiversidade e dos processos de mediação que ocorrem nos diferentes cenários da escola pública. Ao focalizar a experiência literária com o uso de diferentes obras, a apreciação estética e ética com crianças, jovens e adultos (cf. Andruetto, 2017; Bajour, 2012, 2023; Cosson, 2021; Zilberman e Rösing, 2009), este simpósio espera reunir investigações sobre a mediação em sala de aula com o texto literário, análise de políticas públicas, análise de projetos e experiências com obras literárias nos contextos educativos escolares, especialmente nas aulas de língua materna e estrangeira. Desta forma, acreditamos que podemos construir um diálogo fértil que busque (re)construir modos de pensar a educação literária no campo da Linguística Aplicada e dos Estudos Literários realizada no Brasil.
Palavras-chave: Educação Literária, Experiência literária, Critérios de seleção.
Coordenação:
Isabel Muniz-Lima (Fale/UFAL/Protexto/Getel)
Fábio André Cardoso Coelho (UFF/Thelpo/Gepelt)
Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisas na área da Linguística Textual e suas aplicações para o ensino de Língua Portuguesa, promovendo um diálogo entre teoria e prática com foco em estudos que abordem práticas em contexto digital, com foco na multimodalidade. Serão aceitos trabalhos que se debruçam sobre uma análise linguístico-textual, voltada para observar os fatores de textualidade evidentes em textos diversos com o objetivo de investigar como as especificidades dos diferentes modos de interação digital e da multimodalidade podem ser produtivamente utilizados nas aulas. Podem ser submetidas pesquisas as quais exploram atividades pedagógicas que integram aspectos semânticos, pragmáticos e interacionais, contribuindo para o desenvolvimento das diferentes habilidades textual-discursivas dos estudantes. O objetivo central desta proposta é reunir estudos que se voltem para as categorias do texto, enfatizando, entre outras, como a referenciação, as intertextualidades, a argumentação, o gênero, as sequências textuais, a organização tópica podem ser trabalhadas em aulas de Língua Portuguesa considerando as especificidades da interação em contexto digital e a multimodalidade. Neste simpósio, os professore(a)s/pesquisadore(a)s são convidado(a)s a apresentarem trabalhos que se fundamentam, entre outros autores da Linguística Textual, nos estudos de Beaugrande e Dressler (1981), Marcuschi (2008, 2012), Koch (2004), Koch e Elias (2006, 2011), Koch e Fávero (2000), Cavalcante (2014), Antunes (2005, 2017), Batista (2016), Bakhtin (2016) e Kress e Van Leeuwen (2001, 2006, 2010). Ainda, são aceitos trabalhos que explorem a compreensão e a produção textual em contextos digitais, abordando o texto como um enunciado singular em situações enunciativas simuladas e analisando a relação entre níveis de interatividade e a construção de referentes (Cavalcante et al. (2022), Muniz-Lima (2024), Custódio-Filho (2016), Matos (2016), entre outros). Pesquisas envolvendo estudos sobre texto, discurso, leitura, escrita, letramento, cognição, desde que com foco em práticas digitais e na multimodalidade, são igualmente bem-vindas. As pesquisas voltadas para este simpósio podem estar vinculadas, portanto, a uma observação de como os diferentes sistemas semióticos se combinam para colaborar na construção de sentidos dos textos que circulam em contexto digital. Em suma, este simpósio integra análises teóricas e práticas, no âmbito da Linguística Textual, com o objetivo de evidenciar possibilidades para o ensino de Língua Portuguesa em contexto digital, com foco na multimodalidade.
Palavras-chave: Linguística Textual, Multimodalidade, Interação Digital, Ensino de Língua Portuguesa.
Coordenação:
Alan Brasileiro de Souza (SECBA / UnB)
Janara Laiza de Almeida Soares (UNEB – DLLARTES)
No conjunto da literatura brasileira, a representação da região que hoje nomeamos como Nordeste constitui um tópos demarcado desde as primeiras manifestações escritas do século XVI, produzidas pelos cronistas das Grandes Navegações. Contudo, a ocupação desse espaço pela literatura se dá de maneira consistente apenas no século XIX, no bojo do regionalismo romântico. Não é forçoso considerar que a inscrição do Nordeste na literatura romântica possui como pano de fundo o que Albertina Vicentini (2008) identifica como “caráter performativo de apresentação e uma identidade grupal” (Vicentini, 2008, p. 188). Assim, textos como O cabeleira de Franklin Távora (1876), ao investirem sobre a representação dos fatos, da vida e da cor local nordestina, tencionam demonstrar aspectos formadores de uma pretensa identidade regional que também serviriam para delimitar a identidade nacional. Nisto ressoa o uso de elementos temáticos e discursivos que não raro transformam os objetos capturados pelo discurso literário em meras formas exóticas extraídas da(s) cultura(s) da região. Ao longo do século XX, obras vinculadas ao chamado Romance de 30 (Bueno, 2013) deram novo fôlego e novo sentido ao que se poderia chamar de linhagem regionalista nordestina. Em “A nova narrativa”, Antonio Candido (2017), considerando a obra de escritores como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e José Lins do Rego, identifica no decênio de 1930 uma transformação do velho regionalismo romântico pelo chamado “romance do Nordeste”, “ao extirpar a visão paternalista e exótica, para lhe substituir uma posição frequentemente agressiva, não raro assumindo o ângulo do espoliado” e lançando mão de uma linguagem calcada no realismo literário (Candido, 2017, p. 246-247). Embora o Romance de 30 tenha se fixado como uma espécie de linha-guia na literatura nacional, autores nordestinos contemporâneos como Cristhiano Aguiar, Itamar Vieira Junior, Jarid Arraes, e Luna Vitrolira buscam firmar-se no quadro da literatura brasileira sem convocar para si a incumbência de levar adiante o rótulo regionalista. Em lugar disso, intentam ocupar, para utilizar a metáfora de Vicentini (2008), o espaço nordestino de outras maneiras, seja pela apresentação de enredos, questões e temas que procuram superar as marcas da identidade local e do (neo)realismo, seja pelo questionamento de uma possível redução de suas obras ao espectro espacial, seja pela abertura do signo literário a outras linguagens, mídias e tradições. Partindo dessa compreensão, este simpósio pretende reunir trabalhos que buscam analisar obras (em prosa ou poesia) da literatura brasileira contemporânea considerando as maneiras como o regionalismo é utilizado ou desconstruído como ferramenta para a representação do Nordeste pela literatura.
Palavras-chave: Literatura Brasileira, Literatura Contemporânea, Regionalismo, Nordeste, Representação.
Coordenação:
Gabriel Provinzano (UFG)
João Vitor Rodrigues Alencar (IFPA)
Embora tenham coexistido e estejam intimamente relacionados, os processos de formação do Brasil e de sua literatura não se fizeram sem tensões e desencontros. Em Formação da literatura brasileira, Antonio Candido (2000) apresenta a história dos brasileiros (especialmente, das classes mais altas) em seu desejo de possuírem uma literatura, analisando os momentos decisivos desse processo de constituição de um sistema envolvendo autores, obras e públicos por meio da adaptação de formas artísticas tomadas de outros países à realidade nacional. Esse processo de formação do sistema literário se consolida com a obra madura de Machado de Assis, que retoma temas e motivos de seus antecessores, sem recair no exotismo, mas conferindo-lhes universalidade. Paralelamente a esse processo de superação literária (que ocorre antes do fim da escravidão), como notou Roberto Schwarz (2014), o país se mantém distante no plano social dos parâmetros mínimos de cidadania das nações das quais importava suas formas artísticas. Entre 1920 e 1970, esse quadro prático e ideológico que caracteriza a relação entre a literatura e o país passou por diversas reformulações que podem ser sintetizadas em algumas tendências identificadas por Candido (1989, 1999), como a ausência de debates políticos a orientar a escolha que os artistas fazem de seus materiais; a preponderância da experimentação do discurso em detrimento da representação da realidade local; e a desestruturação dos limites que caracterizavam os diferentes gêneros e linguagens. Interessado nessa complexa trama artística e histórica, o objetivo deste simpósio é acolher trabalhos, fundamentados em abordagens teóricas diversas (que não precisam seguir as diretrizes que embasam esta proposta) que, debruçando-se sobre obras publicadas depois de 1960, busquem compreender a relação das artes entre si e/ou com a sociedade, perguntando-se especialmente sobre dinâmicas e impasses da realidade nacional. Além da literatura, serão aceitos trabalhos sobre obras musicais, teatrais, cinematográficas e das artes plásticas, mesmo que internacionais, desde que fique clara sua relação com a matéria brasileira, preferencialmente, articulada com o andamento do mundo.
Palavras-chave: Literatura e sociedade, Literatura brasileira contemporânea, Literatura e outras artes.
Coordenação:
Deywid Wagner de Melo (PPGLL/UFAL)
Max Silva da Rocha (PPGEL/UFPI)
Investigar de que modo os textos e/ou os discursos convencem, persuadem, modificam crenças, orientam visões de mundo, entre outras finalidades, é a grande tarefa dos estudos argumentativos de base retórica na contemporaneidade. A retórica, enquanto disciplina milenar, surgiu em meio às disputas por terras e foi nesse âmbito que o ensino da argumentação começou a ser praticado pelos mestres sofistas, considerados os grandes impulsionadores da retórica. São mais de XXV séculos desde o surgimento da arte de convencer e persuadir pelo discurso. Atualmente, temos uma teoria com sólido instrumental teórico, metodológico e analítico, capaz de descortinar as artimanhas persuasivas de diferentes atos linguageiros. Para tanto, tomamos como base teórica os postulados de alguns autores, a exemplo de Amossy (2020), Aristóteles (2011), Charaudeau (2018), Ferreira (2015), Fiorin (2017), Mateus (2018), Melo (2013), Meyer (2007), Morais (2019), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014), Reboul (2004), Rocha (2025), entre outros. A própria argumentação ganhou força e se apresenta como um outro campo do saber. De nossa parte, importa considerar a argumentação numa perspectiva retórica, tomando ambas as teorias como duas faces da mesma moeda. Assim sendo, temos como principal objetivo propiciar uma discussão acerca de fenômenos argumentativos e retóricos presentes em textos e/ou discursos de diferentes domínios de práticas linguageiras, a exemplo do campo digital, midiático, jurídico, educacional, jornalístico, literário, religioso, político, entre outros. Para isso, em nosso simpósio temático, aceitaremos trabalhos que, de alguma maneira, dialoguem com a presente proposta, podendo manter interface com outras disciplinas, tais como Análise Crítica do Discurso, Teoria Semiolinguística, Teoria da Argumentação no Discurso, Análise da Conversação, Linguística Textual, Teoria e Análise de Gêneros, entre outros pressupostos epistemológicos. Diante de várias possibilidades teóricas, metodológicas e analíticas, pretendemos reunir pesquisadores e pesquisadoras de diferentes universidades do Brasil e do exterior, para que possamos fazer avançar os estudos e as pesquisas em nossa área disciplinar.
Palavras-chave: Argumentação, Discurso e texto, Persuasão, Retórica.
Coordenação:
Kizy dos Santos Dutra (UNISINOS)
Silvana Silva (UFRGS)
Os estudos sobre raça e racismo têm se expandido das áreas da Sociologia, Filosofia, Direito e alcançado a área dos Estudos da Linguagem. A Linguística, como diz Trabant (2021), tem uma função importante na descolonização de pensamentos e saberes linguísticos herdados. Contribuindo para o enfrentamento do racismo em seus marcos legais e jurídicos já estabelecidos (notadamente a Lei nº 10.639, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica), a Linguística tem ainda muitos estudos a fazer tanto no campo da descrição e análise linguística e o consequente desvelamento de formas menos visíveis de racismo quanto para a proposta de práticas educativas e, portanto, escolares antirracistas. Entendemos, por exemplo, que os trabalhos de Gabriel Nascimento (2019; 2021; 2023) bem como o trabalho de Flores e Severo (2023) contribuem para a primeira tarefa da Linguística e os trabalhos de Lírio (2021, 2022) e Rezende (2024) contribuem para a segunda. Como diz Nascimento (2019), “o termo racialização se refere a uma estrutura de significado que originalmente só pode existir enquanto enunciação” (p. 100, grifos nossos). Citando mais adiante o linguista Émile Benveniste, articula a Teoria dos Pronomes a uma estrutura linguística que produz referência no mundo e, portanto, traz consequências para a sociedade e para a linguagem. Nesse sentido, indicamos como essencial nessa elaboração teórica os seguintes textos de Benveniste: “Estrutura da língua, estrutura da sociedade”, “Semiologia da língua” e “O aparelho formal da enunciação”, todos publicados no volume II dos Problemas de Linguística Geral. Dessa forma, este Simpósio espera receber trabalhos que se proponham a descrever e a analisar práticas sociais e textos de cunho racista e antirracista bem como trabalhos que se debrucem sobre propostas pedagógico-linguísticas de enfrentamento do racismo nas Escolas da Educação Básica e do Ensino Superior.
Palavras-chave: Racialização, Racismo, Linguística da Enunciação, Língua e Sociedade, Educação Linguística.
Coordenação:
Maria Francisca Oliveira Santos (UFAL)
Zoroastro Neto (IFAL)
É de fundamental importância reflexões acerca da persuasão e da memória a partir dos estudos textuais e discursivos, com textos e imagens, em uma linguagem verbal e não verbal, como ancoragens para suscitar argumentos suscetíveis de sentidos significativos para a compreensão dos processos linguageiros nos diversos gêneros discursivos. Nos diferentes contextos, refletir criticamente sobre as estratégias retórico-textuais impulsiona a negociação dessas estratégias de textualização em contextos sociointeracionais (Cavalcante et al., 2020). Metodologicamente, interessam-nos propostas, finalizadas ou em andamento, que promovam a integração de abordagens qualitativas e/ou quantitativas que perpassem pela persuasão e pela memória, a partir da ancoragem com textos, imagens e som, com fundamentos nos constructos da Retórica aristotélica, da Nova Retórica e da Análise Crítica do Discurso. Amossy expande o conceito de argumentatividade ao sugerir que o discurso possui o poder de “orientar os modos de ver, pensar e sentir dos interlocutores” (Cavalcante et al., 2020, p. 30). Nessa convergência, o simpósio destina-se a acolher trabalhos que possam articular argumentação, persuasão, memória e provas retóricas em textos e discursos com temas de relevância social em pauta. A justificativa para a realização deste simpósio está na imprescindibilidade de promover um diálogo interdisciplinar que integre não apenas as teorias da argumentação, mas também as diferentes abordagens teóricas da argumentação em uso no contexto dos urdumes interacionais das práticas sociais de resistência, da visada argumentativa, entre outras. O leque de perspectivas para o estudo e a análise da persuasão e da memória nos estudos textuais e discursivos evidencia não apenas o caráter interdisciplinar das áreas propostas, mas também sua abrangência e complexidade nos estudos argumentativos da linguagem.
Palavras-chave: Texto/Discurso, Estudos Retórico-argumentativos, Memória, Ancoragem texto/imagem.
Coordenação:
Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)
Jéssica do Nascimento Rodrigues (UFF)
Este simpósio tem como principal intenção possibilitar e ampliar o debate e a reflexão coletiva sobre educação linguística e sobre formação docente para a realização do trabalho pedagógico, tanto nas escolas quanto nas universidades brasileiras. Entende-se por educação linguística, conforme Freitas (2021, p.6), “um processo escolar que articula a ampliação: (1) da competência linguístico-discursiva do estudante por meio da produção de sentidos, de textos e de reflexões sobre a língua e sobre a linguagem; (2) do pensamento crítico sobre questões socialmente relevantes que se materializam em textos verbais, imagéticos e verbo-visuais”. Para orientar as propostas deste simpósio, consideram-se os seguintes pressupostos: o texto como cerne do trabalho pedagógico realizado por professores na Educação Básica e no Ensino Superior; a aula como acontecimento (Geraldi, 2010) e, portanto, como um espaço no qual a educação linguística vai além da sistematização da língua e do desenvolvimento de decodificação e codificação, em diálogo com os letramentos enquanto práticas sociais; a formação de professores como lugar de (re)elaboração de conhecimentos que viabilizem os dois pressupostos anteriores. Com base nesses apontamentos, o viés teórico-metodológico que se pretende privilegiar é o da natureza discursiva, em sentido mais amplo, ou seja, buscando agrupar distintas perspectivas, como as diversas linhas de análise do discurso, a semiolinguística, o socionteracionismo e as vertentes bakhtinianas. O objetivo geral deste simpósio é, portanto, agrupar pesquisas concluídas ou em andamento sobre educação linguística e sobre formação docente para a realização do trabalho pedagógico no contexto escolar e no universitário. Destacam-se como elementos cruciais desses processos: o reconhecimento das práticas de linguagem como práticas sociais e, portanto, letramentos, marcados por circunstâncias históricas e culturais; o entendimento de que a língua se organiza em gêneros discursivos (Bakhtin, 2003; Volóchinov, 2017); a importância do engajamento discursivo dos estudantes nesses diferentes contextos e da ampliação de seus conhecimentos e, portanto, repertórios para a construção de textos apropriados, com diferentes intenções e endereçamentos, segundo a diversidade das situações de interlocução.
Palavras-chave: Educação linguística, Formação docente, Trabalho pedagógico, Gêneros discursivos, Letramentos.
Coordenação:
Erinaldo da Silva Santos (IFAL)
Romildo Barros da Silva (IFAL)
Com propósito de problematizar os discursos que circulam nas esferas midiática, política e educacional, este simpósio pretende dialogar com estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisadores e professores interessados em criar inteligibilidades sobre práticas de linguagem em contextos que envolvam retórica, estudos textuais/discursivos, multiletramentos (Rojo, 2012) e práticas de educação linguística (Bagno, 2005), notadamente a partir de enfoques indisciplinares (Moita Lopes, 2006). Como marco histórico, é importante evidenciar que nas primeiras décadas do século XXI, vivenciamos, na sociedade brasileira, uma maior popularização do acesso à internet e aos dispositivos móveis, o que permitiu uma ampliação da possibilidade de produção e de circulação de sentidos (Maia, 2013), tendo como consequência um maior contato com outras formas de ser, de viver e de utilizar a linguagem. Esse processo de ampliação de “design de textos” (Mizan; Silva, 2021), além de permitir maior acesso à informação, possibilitou mais voz à “periferia” (Guimarães; Finardi, 2018), o que tem viabilizado a construção de discursos contra-hegemônicos e o questionamento de diversas assimetrias sociais. Em contrapartida, também experimentamos uma diversificação de dispositivos disponíveis para que grupos hegemônicos coloquem em circulação enunciados que reproduzem colonialidades (Mignolo, 2017), discursos de ódio e práticas de “violência linguística” (Silva, 2019), mobilizados com o propósito de impor posições de subalternidade a sujeitos periféricos. Há, desse modo, uma relação de conflito que emerge de um contexto em que as telas de celulares e computadores se tornam cada vez mais determinantes para a constituição de quem somos (Fabrício, 2022), fato que requer investigações acerca das mudanças que têm ocorrido nos processos de produção e circulação de sentidos, sobretudo, devido a um maior contato com a diversidade cultural, identitária e de usos da linguagem. Além disso, ao usar a língua argumentativamente o ser humano projeta realidades e imagens retóricas (ethos), principalmente nas práticas de natureza persuasiva. É, portanto, no universo dos múltiplos discursos que a retórica se instaura como a arte de persuadir pelo discurso, (Aristóteles, 2011), seja nos atos verbais e não verbais da língua/linguagem (Knapp e Hall, 1999). Assim, as várias projeções do eu (ethos retórico), (Meyer, 2007) e os processos de leitura estão reconfigurados com o advento do uso excessivo de telas, da disseminação de informações falsas e do incentivo ao discurso polêmico (Amossy, 2017). A proposta mostra-se relevante, uma vez que une os estudos em Linguística Aplicada aos Estudos Retóricos, com esse intuito serão aceitos trabalhos que dialoguem com essas áreas e perspectivas afins.
Palavras-chave: Estudos discursivos, Identidades, Multiletramentos, Retórica, Texto.
Coordenação:
Emerson Tadeu Cotrim Assunção (UNEB)
Urbano Cavalcante Filho (UESC/IFBA)
A história da Linguística Aplicada (LA) no Brasil é recente, se considerarmos os estudos da curricularização da Linguística nas Universidades brasileiras. Da década de 1960 pra cá, o foco e o escopo de interesse da LA têm se diversificado, mas sempre se pautando pelo viés da inter/tran/multidisciplinaridade, fato comprovado pelas suas vocações de pesquisas em estreitas relações com as ciências humanas e da linguagem (Moita Lopes, 2006, 2010, 2013; Kleiman; Cavalcanti, 2007; Signorini, 2001; Rajagopalan, 2003; Menezes; Silva; Gomes, 2009). Dentre as várias áreas de pesquisa no âmbito das ciências da linguagem, podemos destacar os estudos da LA em interface com os estudos da Análise Dialógica do Discurso (ADD) (Fiorin, 2010; Brait; Campos, 2009; Cavalcante Filho, 2022; Grilo, 2023; 2022), interessadas nas investigações em torno de discursividades advindas da Web, especialmente em redes sociais (Araújo; Leffa, 2016; Paveau; Costa; Barona, 2021; Paveau, 2022). É sobre esses estudos que esse Grupo de Trabalho (GT) pautará a sua área de interesse. As apresentações dos trabalhos se darão na forma de sessão coordenada de comunicações, com intervenções propositivas dos mediadores e dos comunicadores. Desse modo, espera-se que esse simpósio contribua com reflexões teóricas e empíricas para ampliações de quadros investigativos sobre pesquisas em linguagens em suas diversas formas de interesses e abrangências, em especial, àquelas que tomam as produções discursivas no ambiente digital como objeto de estudo. Assim, por intermédio de ações de interação sociocomunicativa, como a que propomos aqui, oportunizaremos que entrem em cena perspectivas teóricas que indiciam facetas multidisciplinares de compreensões desses estudos, produção de conhecimentos e momento dialógico de (re)significações de fenômenos linguísticos.
Palavras-chave: Tecnodiscursividade, Enunciados digitais, Análise do discurso.
Coordenação:
Paulo Rogério Stella (UFAL – FALE – PPGLL)
Fábio Rodrigues dos Santos (UFAL – FALE)
A linguagem como prática social tem sido foco de interesse e objeto de investigação da Linguística Aplicada (LA) em seus aproximados 70 anos (Menezes; Silva; Gomes, 2015). Opondo-se às propostas de ciências modalizantes, segue constituindo-se como ciência cujas pesquisas partem de observações da linguagem em uso no mundo. Nesse percurso, estabelece-se como campo de investigação que caminha “sem pudor”, isto é, faz-se transgressiva e crítica (Pennycook, 2006), perpassando por Estudos Culturais, Filosofia e Ciências Sociais, distanciando-se dos estudos essencialmente teóricos. Nesse contexto, o objetivo deste simpósio é agregar pesquisadores da LA cujas investigações circunscrevam a linguagem como prática social em suas relações com: a) tema e significação; e/ou, b) processos identitários (de gênero, classe etc.); e/ou, arquétipos de poder; e/ou, processos de ensino-aprendizagem de línguas. Partimos do pressuposto de que a LA caminha em busca de entendimentos de fenômenos da linguagem que escapem de visões essencialmente positivistas, reconhecendo a complexidade desses, trazendo para si problematizações gloco-locais e idiossincráticas, considerando abordagens disseminadoras de múltiplas oportunidades de aprendizagem, valorizando a qualidade de vida em sala de aula e, igualmente, inserindo-se em processos autocríticos em questões sensíveis, como as trazidas pelos próprios linguistas aplicados em teorizações sobre suas próprias práticas profissionais (Miller, 2013). Segundo Kleiman (2013), a partir de uma concepção suleadora da LA, que deve estar necessariamente implícita na agenda ética desse campo em decorrência da ênfase na produção das realidades sociais pela prática discursiva, a LA está em uma posição privilegiada para perceber e compreender as resistências (ou reexistências) de grupos minoritarizados que, a partir da periferia, ou de suas periferizações (socioidentárias, linguageira, econômicas etc.) constroem novos saberes num processo de transformação do global pelo local. Por assim dizer, as pesquisas apresentadas neste simpósio dizem respeito à busca pela compreensão de práticas discursivas emergentes das mais diversas esferas da atuação humana na proposição de oferecer perspectivas e reflexões que desafiem a nós e aos modelos estabelecidos nas sociedades contemporâneas, quer rompendo com eles, minando-os ou os problematizando para um entendimento mais profundo e crítico de tais práticas que os (nos) constituem e são por eles (nós) constituídas. Deste modo, espera-se, como resultado, que a interlocução promova a possibilidade de troca de saberes por meio do embate dialógico entre os vários pontos de vista que se constituirão na tensa construção de perspectivas para a construção de novas realidades, tanto locais quanto globais.
Palavras-chave: Linguística Aplicada, Prática social, Prática discursiva, Novos saberes, Novas realidades.
Coordenação:
Samuel de Carvalho Lima (IFRN)
Rafael Lira Gomes Bastos (UECE)
Conceitos advindos do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, Volóchinov e Medviédev), tais como interação discursiva, gêneros do discurso, enunciado, campo de atividade humana, vozes sociais, entre outros, têm sido mobilizados na Linguística Aplicada para criar conhecimento sobre práticas sociais diversas, influenciando, particularmente, a formação/profissão docente e o ensino de línguas. Esses conceitos têm sido mobilizados por pesquisadores/as que buscam criar inteligibilidade sobre tipos variados de interação discursiva, sejam elas realizadas por meio de enunciados orais, escritos ou verbovisuais. Nesse contexto, o Simpósio Temático Estudos discursivos à luz do Círculo de Bakhtin objetiva reunir investigações que se fundamentam teórico e metodologicamente na obra bakhtiniana para analisar práticas sociais em diversos contextos: cotidiano, acadêmico, científico, universitário, escolar, publicitário, jurídico, legislativo, jornalístico, entre outros. Assim, neste Simpósio Temático serão bem-vindos estudos que, explicitamente: i.) compreendam a interdependência entre os conceitos de interação discursiva, gênero discursivo e enunciado, mas não os tomam um pelo outro, isto é, não os confundem; ii.) pressupõem os gêneros do discurso como tipos relativamente estáveis de enunciados; iii.) realizam a análise de enunciado(s) à luz de procedimentos teórico-metodológicos orientados pela obra do Círculo de Bakhtin.
Palavras-chave: Estudos discursivos. Círculo de Bakhtin. Enunciado.
Coordenação:
Camilla Ferreira (FEUFF)
Danuse Pereira Vieira (FEUFF)
A formação acadêmica e crítica de futuros professores está intrinsecamente ligada à sua imersão no ambiente escolar. Em cursos de formação para a educação básica, o diálogo entre os conhecimentos teóricos e as práticas pedagógicas é inevitável e essencial. Essa interação se destaca principalmente nos gêneros discursivos presentes na esfera do trabalho docente, equilibrando o conhecimento teórico consolidado com a criatividade e autoria necessárias para a prática educativa. Coloca-se a discussão sobre práticas pedagógicas que consideram o uso dos gêneros aliado a diferentes práticas discursivas de leitura, escrita e oralidade como elementos centrais para o afastamento de perspectivas conservadoras, transmissivas, que muitas vezes reforçam uma visão de educação bancária, conforme delineado por Freire, e reproduzem o estudo da língua de acordo com abordagens baseadas em classificações e categorizações linguísticas desconectadas do uso textual/discursivo, raramente integrando o gênero em suas análises, mas operando com aspectos gramaticais isolados. Na formação de professores, o foco na ampliação do repertório teórico dos futuros docentes impulsiona o desenvolvimento de saberes ancorados em contextos de robustas pesquisas e, por vezes, colabora para formação de competentes leitores e produtores de textos. Entretanto, pensando na complexidade de saberes que integram os letramentos docentes, é necessário forjar licenciandos que construam práticas educativas que contemplem os gêneros em sua circularidade e historicidade. Tendo em vista as especificidades dos estudos sobre os gêneros, leitura e escrita em sala de aula e as características de cada contexto escolar, reitera-se a imprescindibilidade de trocas e reflexões sobre os usos dos gêneros discursivos e letramentos que interpretem a prática docente como uma práxis educativa vista como uma ação de coconstrução entre professor e estudante e, sobretudo, uma investida no fazer docente como autoria e não reprodução de um modo de fazer educação abstrato e alheio ao contexto específico de cada instituição. Pensando nesse cenário, este simpósio intenciona: (a) refletir sobre as especificidades dos letramentos na formação do licenciando na sua imbricação com os letramentos do fazer docente nas escolas; (b) dialogar com experiências sobre o uso dos gêneros discursivos e práticas de leitura e escrita em contexto escolar; (c) valorizar o fazer docente reflexivo, criativo e autoral do trabalho docente na sua relação com a educação básica.
Palavras-chave: Formação docente, Letramentos do docente, Práticas docentes, Gêneros discursivos.
Coordenação:
Nayara da Silva Queiroz (COTUCA/UNICAMP)
Rosivaldo Gomes (DEPLA/UNIFAP)
Sirlei Adriani dos Santos Baima Elisiário (SEDUC-AM/UNICAMP)
As pesquisas em Linguística Aplicada Crítica vêm colaborando para discussões sobre o campo dos estudos dos letramentos, multiletramentos, letramentos críticos e da decolonialidade no contexto da educação básica e em outros contextos de ensino ou de educação linguística, seja na perspectiva dos currículos recém implementados a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), seja na formação docente. Nesse sentido, entendemos aqui que o direcionamento de nossas pesquisas se volta tanto para as concepções de letramentos como práticas sociais historicamente situadas permeadas pelas relações de identidade e de poder (Street, 2014; Kleiman, 1995; 2016) quanto para os multiletramentos que consideram as multiplicidades de linguagens e culturas contemporâneas, nas quais práticas de linguagem são constituídas por multissemioses e por tentativas de práticas decoloniais (Gomes, 2024) ou esforços decoloniais (Silvestre, 2017; Pereira, 2024). De maneira geral, pesquisas realizadas no campo da Linguística Aplicada Crítica brasileira, que tratam sobre as implicações de práticas de letramentos e multiletramentos no ensino de línguas, têm demonstrado como os novos modos de significação devem estar inseridos no processo de ensino-aprendizagem de línguas e, portanto, nos currículos dos territórios (Brasil, 2017; 2018), que, em certa medida, deveriam integrar os conhecimentos culturais de modo a garantir um currículo processual em diálogo com as diversas realidades contextuais e com a concepção social de usos da leitura e da escrita (Lopes e Macedo, 2011; Kleiman, 2007). Dessa forma, interessa-nos promover pesquisas alinhadas a uma agenda relacionada com as práticas pedagógicas e à formação de professores, que não se limitem apenas a descrição de relatos de práticas pedagógicas, mas que dialoguem com essas abordagens teóricas para refletir como determinada performatividade perpassa por saberes, ações, pensamentos, criação e criatividade docentes localmente situadas (Signorini, 2007). Nesse escopo, este simpósio está interessado em trabalhos que investiguem três eixos principais: (i) políticas curriculares na educação básica, (ii) práticas pedagógicas e educação linguística no ensino de línguas e (iii) formação inicial ou continuada de professores em perspectiva crítica e decolonial. Nesse contexto, busca-se tecer diálogos com pesquisas concluídas, em andamento e relatos de experiência que possam gerar novas ideias para colaborações e para um espaço acadêmico que considere os estudos dos letramentos e/ou multiletramentos e decoloniais como questões de reflexões na agenda da LA contemporânea. Este simpósio visa reunir pesquisas que discutam os letramentos e multiletramentos no contexto da educação básica e outros contextos de ensino de línguas e formação docente.
Palavras-chave: Letramentos, Multiletramentos, Currículo, Saberes docentes, Formação.
Coordenação:
Lilia Aparecida Costa Gonçalves (UNIGRANRIO)
Natália Xavier Pereira da Costa (UNIGRANRIO)
Com os avanços recentes da Inteligência Artificial (IA), intensificaram-se os debates sobre suas aplicações e desafios no processo educacional. Sob a ótica dos estudos sobre letramentos como práticas sociais de leitura e escrita (Kleiman, 1995) e da necessidade de novos letramentos em ambiente digital (Dudeney, Hockly & Pegrum, 2016), considera-se essencial desenvolver habilidades específicas para a utilização crítica e ética dessas tecnologias em práticas educacionais. O letramento em IA emerge como elemento relevante na formação contemporânea de professores, tornando-se essencial para garantir o protagonismo humano (Limongi, Marcolin, 2024; Unesco, 2024; União Europeia, 2024). Ng et al. (2021) defendem que o letramento em IA exige competências essenciais e destacam que é preciso conhecer e compreender, usar e aplicar, avaliar e criar. O desenvolvimento de IA, sobretudo as generativas, exige um novo repertório de letramentos, incluindo a compreensão de seu funcionamento, análise crítica das respostas geradas e uma utilização ética e eficiente dessas ferramentas (Chan, 2024). Estudos nessa área têm buscado entender os aspectos essenciais da formação docente (Castro et al., 2024) para uma integração crítica da IA na educação, bem como os impactos dessas tecnologias nas práticas de ensino-aprendizagem. Para Koedinger (2021), a IA pode personalizar o ensino ao fornecer feedback imediato, detectar lacunas de aprendizado e sugerir abordagens pedagógicas adaptadas. Além disso, conforme apontam Barbosa e Alves (2023), sistemas de ensino baseados em IA, como os tutores inteligentes, utilizam algoritmos avançados para acompanhar o desempenho dos alunos e ajustar os conteúdos conforme suas necessidades, auxiliando os professores na gestão da sala de aula e promovendo uma abordagem centrada no aluno. Nesse contexto, é fundamental garantir que professores e alunos desenvolvam um letramento que envolva a compreensão de questões éticas (Moorhouse et al., 2023), a navegação crítica na internet e a aquisição de competências digitais (Chan, 2024). Ainda há lacunas quanto aos conhecimentos específicos necessários para o letramento em IA. Assim, torna-se essencial investigar quais saberes docentes são fundamentais para a utilização eficaz da IA em sala de aula e como a formação docente pode propiciar esse letramento. A presente proposta visa aceitar estudos que abordem a aplicação da IA em diferentes práticas pedagógicas, a fim de compreender quais letramentos são necessários para a integração da IA generativa no processo de ensino e aprendizagem e contribuir para o desenvolvimento de abordagens teóricas e metodológicas mais eficazes na e para a formação de professores.
Palavras-chave: Inteligência Artificial. Formação de Professores. Letramentos Digitais. Ensino e Aprendizagem.
Coordenação:
Renato Caixeta da Silva (CEFET-MG)
Heliandro Rosa de Jesus (UFVJM/Posling-CEFET-MG)
A formação inicial e ou continuada de professores de línguas estrangeiras é essencial para a melhoria do ensino de línguas, especialmente no contexto atual, que exige práticas pedagógicas mais dinâmicas e inclusivas. As metodologias ativas, como a sala de aula invertida e a aprendizagem baseada em projetos (Moran, 2015; Bacich & Moran, 2018), permitem que os alunos se tornem protagonistas de suas trajetórias de aprendizado, favorecendo a autonomia e o engajamento. No entanto, a implementação dessas metodologias exige a criação de materiais didáticos inovadores, sensíveis aos contextos culturais e linguísticos dos alunos. Segundo Leffa (2008) e Almeida Filho (2011), esses materiais didáticos em geral precisam ser cuidadosamente elaborados para promover um ensino reflexivo e inclusivo, respeitando a diversidade de identidades culturais. A pesquisa sobre a formação docente e questões relativas à produção e ao uso de materiais didáticos é crucial, pois permite que os professores em formação inicial ou continuada desenvolvam práticas pedagógicas que visem não apenas o ensino da língua, mas também permitam conscientização e trabalho a respeito das diferenças culturais e identitárias dos alunos, criando espaços de (re)existência para saberes plurais e interculturais. O simpósio propõe um espaço de troca entre acadêmicos e educadores, com o objetivo de explorar como conhecimentos a respeitos de metodologias ativas e materiais didáticos podem ser utilizados para formar professores mais preparados, capazes de enfrentar os desafios do ensino de línguas estrangeiras de maneira inclusiva, inovadora e respeitosa à alteridade.
Palavras-chave: Formação de professores, Ensino de línguas estrangeiras, Metodologias ativas, Materiais didáticos.
Coordenação:
Cristiano Lessa de Oliveira (IFAL)
Marcos Antônio de Araújo Dias (IFAL)
O presente Simpósio Temático (ST) tem o objetivo de reunir pesquisadores, educadores e demais interessados em discutir as interfaces entre os multiletramentos, a multimodalidade, as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) e o ensino de línguas materna e estrangeira na atualidade. As discussões podem girar em torno das transformações nas práticas de leitura e escrita promovidas pelas tecnologias digitais, bem como as implicações dessas mudanças para a educação linguístico-discursiva. Para este ST, as TDIC são apontadas como recursos essenciais para o desenvolvimento dos multiletramentos, sendo assim, serão aceitos trabalhos que discutem como as plataformas digitais, as redes sociais e os dispositivos móveis oferecem novas possibilidades para a criação, compartilhamento e consumo de textos multimodais. Os participantes, a partir das suas pesquisas, podem abordar: 1) a importância de conceber os letramentos de forma mais abrangente, indo além das habilidades tradicionais de leitura e escrita, 2) Os multiletramentos, que englobam a capacidade de compreender e produzir textos em diversas mídias e formatos, emergindo como um conceito fundamental para a educação contemporânea; 3) A multimodalidade, que enfatiza a utilização de diferentes linguagens (verbal, visual, sonora, gestual etc.) para a construção de significados nos mais variados gêneros textuais/discursivos orais e escritos. O Simpósio pretende evidenciar a necessidade de repensar o ensino de línguas à luz da Pedagogia dos Multiletramentos e da multimodalidade, defendendo a importância de integrar as TDIC às práticas pedagógicas que promovam atividades que estimulem a produção de textos multimodais em diferentes contextos comunicativos, uma vez que o ensino na contemporaneidade exige dos educadores uma constante atualização e adaptação às novas demandas da sociedade. Os trabalhos deste simpósio, portanto, devem destacar a importância de criar ambientes de aprendizagem que promovam o desenvolvimento de habilidades como a criatividade, a resolução de problemas e a colaboração. Nesse contexto, os multiletramentos e a multimodalidade surgem como elementos-chave para a formação de cidadãos críticos e capazes de atuar em um mundo cada vez mais digital e complexo. Além disso, o nosso ST enfatiza a relevância de desenvolver a criticidade dos alunos em relação aos conteúdos digitais e de promover a colaboração e o trabalho em equipe. Nessa perspectiva, este Simpósio proporcionará um espaço rico para a troca de experiências e a reflexão sobre o papel dos multiletramentos, da multimodalidade e das TDIC no ensino de línguas, apontando para o fato de que a integração dessas dimensões às práticas pedagógicas é fundamental para promover uma educação linguístico-discursiva mais significativa e relevante para os alunos do século XXI.
Palavras-chave: Multiletramentos, Multimodalidade, TDIC, Ensino de línguas.
Coordenação:
Úrsula Cunha Anecleto (UEFS)
Luciana Oliveira Lago (UEFS/UNEB)
Este simpósio objetiva discutir sobre os usos sociais da leitura, da escrita e da oralidade, e o ensino e a aprendizagem de língua, considerando a diversidade de práticas de letramentos que se desenvolvem na sociedade contemporânea, os aspectos sociais, as implicações, os desafios e as possibilidades pedagógicas dos (multi)letramentos digitais na formação de professores. Ser letrado na contemporaneidade demanda, do leitor e do produtor de textos, construir competências e habilidades textuais para mover-se entre os diferentes letramentos, colocando em movimento uma combinação de mídias e de significados sociais, de diferentes formas verbais e não verbais, característicos das culturas digitais – sons, imagens, cor, movimento etc. –, a partir de textos multimodais e multissemióticos. Nesse sentido, é preciso considerar, no currículo de formação do professor, a diversidade linguística e cultural, na sociedade tecnológica digital, com vistas ao empoderamento do professor e à construção da autonomia no exercício da prática docente, que se dá coletivamente e se tece na dialética das inter-relações cotidianas. Inquietam-nos questões como: no âmbito das práticas de formação do professor, que lugar ocupam as discussões sobre as demandas e os desafios propostos pelos (multi)letramentos digitais? Como o professor poderá trabalhar (ou tem trabalhado) os diferentes tipos de letramentos existentes, principalmente os que envolvem as mídias digitais? Uma discussão nesse âmbito se justifica pela relevância de se engendrar diálogos e debates sobre as seguintes temáticas: as transformações pelas quais passam os sujeitos, no que diz respeito às suas formas de estar no mundo, de pensar, comunicar-se, agir, interagir, recriar(-se) e produzir conhecimento; os modos mais complexos de letramentos que envolvem as multiplicidades de linguagens e semiótica, as quais exigem que práticas textuais sejam transformadas em práxis socioculturalmente situadas; o currículo, referente à formação docente, que precisa considerar a diversidade de linguagens e de recursos multimodais e multissemióticos que, atualmente, têm circulado no meio social, de modo a proporcionar ao professor a oportunidade de (multi)letrar-se. Nessa perspectiva, este simpósio acolherá estudos que explorem os seguintes temas: práticas textuais no contexto da Educação Básica e da Universidade; (multi)letramentos do impresso ao digital; letramentos escolar, midiático, profissional e/ou acadêmico; letramentos, cidadania e criticidade no uso das mídias digitais; letramentos e identidade; diversidade, letramentos e gêneros textuais/discursivos na construção identitária do professor; multiculturalismo/interculturalismo, formação docente e práticas textuais/discursivas.
Palavras-chave: Formação docente, Ensino de língua, (Multi)letramentos digitais, Práticas textuais/discursivas.
Coordenação:
Ana Maria de Oliveira Paz (FELCS/UFRN)
Jardiene Leandro Ferreira (IF/Sertão/PE)
A Linguística Aplicada (LA) é uma área de “caráter mestiço e transdisciplinar, caracterizada por se voltar para problemas sociais em que os usos da linguagem têm papel central” (Moita Lopes, 2006, p. 100) que busca lançar luzes e criar legibilidades sobre questões de linguagem que permeiam as mais diversas instâncias sociais. No âmbito da LA, os Estudos de Letramento se configuram como uma esfera de conhecimento expressivamente vasta e fértil em termos de discussões e investigações científicas com foco nos usos sociais da leitura e da escrita. Suas contribuições têm colaborado significativamente para focalizar as implicações que esses usos têm provocado na atuação humana em diferentes contextos. No campo das atividades de trabalho, os letramentos são concebidos como usos por meio dos quais agem os sujeitos mediante práticas de escrita no intuito de realizar ações alusivas às suas atividades profissionais cotidianas (Paz, 2024). No campo das atividades de trabalho, esses letramentos se organizam e se realizam conforme as especificidades das funções assumidas pelos profissionais, assim como pelos aspectos que compõem cada espaço de atuação, o que ressalta o caráter situado e múltiplo desses fenômenos. Diante do exposto, o presente simpósio se propõe discutir recortes de pesquisas concluídas ou em desenvolvimento, que tenham como foco práticas e/ou eventos de letramento voltados às atividades de trabalho, implementadas não somente por profissionais que atuam no âmbito das atividades escolares, mas também em outras instâncias (da saúde, do comércio, da indústria, da segurança, dentre tantas outras) e instituições sociais, no sentido de compartilhar conhecimentos e gerar reflexões sobre as práticas letradas no trabalho e seus impactos para o desenvolvimento das atividades. Em termos teóricos, as discussões devem se aportar na vertente sociocultural dos letramentos (Street, 1984; 1995; 2001; 2003; Kleiman, 1995; 2006), preferencialmente em sua perspectiva crítica (Shor, 1992, 1998, 2002, 2020; Shor; Pari, 1999; Moutinho; Santos, 2020), respaldadas pela Pedagogia Crítica postulada por Freire (1971, 1978, 1979, 1982, 1992, 1996, 2001, 2009). Metodologicamente, as pesquisas em discussão devem estar situadas no campo da LA, além de seguir as orientações de investigações do paradigma de pesquisa de abordagem qualitativa (Bogdan; Biklen, 1994; Flick, 2009), interpretativista (Moita Lopes, 1994). Como resultados, espera-se que as discussões geradas a partir das pesquisas apresentadas possam contribuir para o compartilhamento de saberes referentes às práticas letradas em questão, assim como para a expansão do foco das investigações no campo dos letramentos profissionais, cuja ênfase esteve durante muito tempo direcionadas às atividades e as questões do ser professor.
Palavras-chave: Letramentos profissionais, Eventos e práticas de letramento, Linguística Aplicada.
Coordenação:
John Hélio Porangaba de Oliveira (UESPI/Capes)
José Ribamar Lopes Batista Júnior (UFPI/LPT/CNPq)
No crescente cenário educacional, dinâmico e interconectado, este simpósio se estabelece como um espaço fundamental para a exploração e o debate sobre as práticas multifacetadas envolvendo gêneros da esfera acadêmicos (Marcuschi, 2008; Bakhtin, 2011). Reconhecendo a importância crucial da comunicação eficaz e da produção de conhecimento nas diversas etapas da formação, desejamos acolher pesquisas empíricas, relatos extensionistas detalhados e metodologias de ensino inovadoras que busquem transformação e aprimoramento no uso desses gêneros na educação, abrangendo tanto o ensino básico quanto o superior. O objetivo principal é proporcionar um espaço de diálogo construtivo e colaborativo entre pesquisadores, educadores, estudantes de graduação e pós-graduação, permitindo a troca de experiências, a disseminação de boas práticas e a construção coletiva de conhecimentos que integram teoria e prática. As propostas são valorizadas quando trazem novas perspectivas teóricas, ferramentas práticas e abordagens inovadoras para o ensino de temas de conhecimento através de gêneros acadêmico-científicos, como resumos, resenhas, artigos, relatórios de pesquisa, projetos de pesquisa e extensão e apresentações orais, que respeitem as especificidades dos contextos educacionais, bem como as diversidades culturais e sociais presentes nas salas de aula. Encorajamos participantes a compartilhar suas experiências e descobertas, centrando-se em aspectos teóricos, práticos e metodológicos, com ênfase na promoção dos letramentos científicos e acadêmicos nas práticas e processos de produção de gêneros textuais (Fischer, 2007; 2008; Bezerra, 2015; 2022; Sousa; Batista Jr., 2023; Batista Jr. et al., 2024). Por exemplo, estudos de caso que demonstrem o impacto de uma determinada metodologia no desenvolvimento da escrita acadêmica dos alunos serão particularmente bem-vindos. Este simpósio oferece uma oportunidade ímpar para construir redes de apoio e colaboração contínuas, alinhadas às necessidades e desafios contemporâneos no contexto educacional, incluindo o uso de tecnologias digitais e a promoção da inclusão.
Palavras-chave: Gêneros acadêmico-científicos, Educação básica e superior, Inovação educacional, Metodologias de ensino, Colaboração e diálogo.
Coordenação:
Danillo da Conceição Pereira Silva (IFAL)
Ricardo Jorge de Sousa Cavalcanti (IFAL)
As relações entre práticas de língua(gem) e processos identitários têm sido alvo crescente de pesquisas na Linguística Aplicada contemporânea. Essa ênfase se deve, dentre outras razões, ao compromisso ético, político e epistêmico desse campo indisciplinar com uma produção crítica do conhecimento científico, responsiva às paisagens sociais vigentes, marcadas pelo aprofundamento das desigualdades raciais, socioeconômicas, de gênero e de sexualidade, típicas desse território fundado sob a violência colonial. Nesse cenário, as diferentes manifestações semióticas da linguagem e as práticas de educação linguística constituem-se em um campo de disputas decisivo à compreensão da sociedade contemporânea e às suas dinâmicas identitárias. Este Simpósio Temático tem como objetivo congregar trabalhos oriundos de práticas de investigação, docência e ativismo que se dediquem a interpretar criticamente o papel da linguagem e da educação linguística nas práticas identitárias contemporâneas, sublinhando, de modo especial, o papel dos mais diversos marcadores sociais da diferença e as interseccionalidades na produção das paisagens sociais atuais. Almejamos que os trabalhos apresentados abordem temas sobre: gênero, feminismos, sexualidades e discursos; ativismos linguísticos; raça, racismo e decolonialidades; letramentos (escolares e não-escolares) e suas implicações com práticas identitárias; educação linguística e direitos humanos; formação docente na área de línguas e justiça social; políticas curriculares, relações de poder e desigualdades; educação das relações étnico-raciais e práticas de linguagem dentro e fora da escola, entre outros temas aderente ao escopo aqui proposto. Em linhas gerais, esperamos que o Simpósio promova a construção de redes de diálogo e resistência crítica às dinâmicas capitalistas, colonialistas e cis-heteronormativas vigentes, apontando o papel da linguagem na produção de formas alternativas de existir e produzir conhecimento a partir da Linguística Aplicada.
Palavras-chave: Processos identitários, Produção crítica do conhecimento científico, Educação linguística, Formação docente, Ativismo linguístico.
Coordenação:
Ismar Inácio dos Santos Filho (UFAL-Campus do Sertão; PPGLL-FALE)
Hugo Pedro da Silva Santos (PPGEL-UFRN; UFAL-Campus do Sertão)
Ao considerarmos a constituição da Linguística Aplicada, desde seu surgimento, na década de 1940, e sua chegada ao Brasil, nas décadas de 1960-1970, é de grande relevância que problematizemos seus contextos, interesses, objetos, conceitos e procedimentos analíticos, de modo a nos situarmos na área. Nesse processo de uma historiografia desse campo de investigação nos estudos em linguagem, discutir e estranhar os (re)arranjos linguístico-morfossintáticos para o título “Linguística Aplicada” é do mesmo modo uma maneira de refletir e tomarmos decisões epistemológicas. No Grupo de estudos em linguística aplicada/queer-cuir em questões do sertão alagoano (Gelasal-Ufal), em constantes diálogos históricos com a Linguística Aplicada, assumimos uma filiação explícita e direta aos estudos em Linguística Aplicada em Luiz Paulo da Moita Lopes, Inês Signorini, Branca Falabella Fabrício e Alastair Pennycook, reconhecendo-nos em uma Linguística Aplicada trans-indisciplinar, crítico-transgressiva, “para cortar”, propondo-nos a ferir sensibilidades, sentimentos e pensamentos, visando (frente às perplexidades sociais, que são socio-enunciativas), provocar mudanças socioculturais, de modo a ensaiar (outros) futuros possíveis, produzindo espaços-relações em que todas as vidas sejam vivíveis, em projetos investigativos agridoces. Nesse desenho da área e de seu fazer pesquisa, a língua(gem) está para uma “efervescência de uma fervura” (Signorini, 2012) em práticas enunciativo-discursivas (nos parâmetros do Círculo de Bakhtin), em “assemblages” (Pennycook, 2024). Especificamente, temos empreendido um fazer Linguística Aplicada/Queer-Cuir (para cortar) que se reconhece como uma Geografia discursiva (Santos Filho, 2022; Santos Filho e Santos, 2024), na qual investigamos a interface linguagem e território, em suas diversas nuances, estranhando cenas enunciativo-discursivas que participam da produção do recorte espacial sertão/Nordeste/semiárido (e outros espaços), sob a amálgama espaços-tempos-sujeitos-linguagens. Assim, neste Simpósio, abrimo-nos a receber discussões interessadas no fazer Linguística Aplicada, em estranhar a relação linguagem-território, seja acerca do recorte sertão/Nordeste/semiárido, seja sobre outros espaços, tematizando ou a área, ou esse objeto de estudos, ou os processos metodológicos, ou os imbricamentos teórico-conceituais (em seus curtos-circuitos), ou a produção do corpus, ou os seus resultados, sob os propósitos de “atacar” espaços (em suas invenções discursivas – aqui em forte diálogos com o historiador dos espaços Durval Muniz de Albuquerque Júnior), para que possamos juntes participar da construção dessa Geografia discursiva, como uma importante contribuição aos estudos sociais e linguístico(semióticos)-enunciativo-discursivos.
Palavras-chave: Linguística Aplicada, Geografia discursiva, Linguagem e território.
Coordenação:
Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFAL)
Partindo de uma perspectiva crítica dos estudos do discurso e assumindo que as questões sociais são sempre articuladas e mantidas por meio de aspectos discursivos, o presente simpósio tem o objetivo de discutir as relações entre linguagem e questões de gênero, observando o papel central que o discurso ocupa não apenas na naturalização de opressões e violências, mas também na configuração de identidades e na proposição de projetos de (re)existência que visem a superação dos problemas de gênero. Gênero, aqui, é compreendido como uma construção relacional, configurado em meio às práticas sociais e seus diferentes momentos, de modo que os processos de representação, identificação e (re)existência implicam, necessariamente, uma articulação interseccional com outras questões sociais, como raça, etnia, sexualidade, classe, trabalho, família, territorialidade, etc. Nesse sentido, contemplaremos, neste simpósio, um diálogo entre trabalhos transdisciplinares e, principalmente, decoloniais que busquem investigar, em diálogo com as fundamentações onto-epistemológicas e as perspectivas teóricas desenvolvidas no âmbito dos Estudos Críticos do Discurso, questões de gênero latino-americanas e brasileiras em discurso. Serão particularmente bem-vindas propostas que abordem temas como o ativismo social e acadêmico, as questões de gênero na (inter)ação midiática, escolar e política e o papel das redes sociais na configuração das violências de gênero, do sexismo e da misoginia, bem como no enfrentamento e no combate a essas opressões.
Palavras-chave: Discursos, Gêneros, Representações, Identidades, (Re)existências.
Coordenação:
Humberto Soares da Silva Lima (IFAL)
Ana Luiza Azevedo Fireman (IFAL)
Os corpos falam e (se) situam em locais e espaços onde os marcadores sociais da diferença (raça, gênero, sexualidade, linguagem, identidade, território, classe, língua e outros) são necessários para construção de processos de resistência. Não há entendimento do corpo, como ação e “performance identitária” (Butler, 2019; 2022), sem a compreensão dos marcadores sociais da diferença que determinam a ação humana, confirmando e legitimando dinâmicas sociais e políticas que se firmam aos movimentos do que entendemos como a “política dos corpos interditados”. Dessa forma, este simpósio pretende lançar mão dos marcadores sociais da diferença como estruturas identitário-políticas (Melo, 2024) que, paralelamente às relações teórico-metodológicas (Bezerra, 2023), envolvem pesquisas-vida situadas nes/as/os e peles/as/os sujeites/as/os. Em outras palavras, a partir de estudos contemporâneos interdisciplinares e contracoloniais, oriundos da década de 80 e 90 do século XX, sob a interface – linguagem (identidade), gênero e raça – problematizamos vivências e experiências de pessoas e/ou grupos socialmente vulneráveis (população LGBTQIAPN+, negros/as, mulheres, quilombolas, ribeirinhos/as, sertanejos/as, nordestinos/as, assentados/as, pcd’s, gordos/as e outros) para, assim, pensarmos em estratégias de vida as quais julgamos urgentes em contextos de pseudoconservadorismos. Assim, as demandas que incidem sobre os corpos interditados, pensando na relação corpo, sociedade, linguagem e resistência em diálogo com Louro (2014), Hall (2022), Butler (20219) e Ramos (2024), necessitam de questionamentos e evidências políticas de tal modo que possam borrar/manchar o que se entende por pensamento cisheteropatriarcal, que não se sustenta mais, diga-se de passagem. Metodologicamente, pelos vieses da pesquisa qualitativa em Linguística Aplicada (Brahim, 2024), como processo de construção do social (Moita Lopes, 2006), dialogamos com diversos métodos de pesquisa em que as discussões centram-se no caráter “processual de humano” (Bortoni-Ricardo, 2008), envolvendo a ação de pesquisadore com de pesquisade. Então, indo na contra-mão do pensamento alinhado à extrema-direita de descredibilizar identidades, corpos, pessoas, performances, gêneros, raças, sexualidades e outros, acreditamos em uma linguística social e em teorias do discurso, na dimensão política da língua(gem) (Sousa e Braga, 2024) que esteja comprometida com a diversidade de pensamentos, cujas relações sociais e políticas sejam equânimes, a fim de gerar não segregação e distanciamento, mas que seja uma linguística social-política que possa oportunizar discursos da diferença, discursos de equidade, discursos de aproximação e principalmente discursos de respeito onde todes possam ser legitimades em sua integridade de agir e ser/estar no mundo (Hooks, 2020).
Palavras-chave: Discurso, Resistência, Corpos Interditados, Pesquisas-vida, Ação.
Coordenação:
Janine Soares de Oliveira do Carmo (UFSC)
Bianca Sena Gomes (UFV)
De acordo com Spolsky (2016), políticas linguísticas envolvem, além da gestão da linguagem, as práticas de linguagem e as crenças e valores que circulam a respeito delas. Expandindo essa ideia, Garcez e Schulz (2016) explicam que onde há grupos de pessoas que falam línguas, há também decisões sobre as línguas utilizadas. Os autores definem como “políticas” este grupo de escolhas e discussões que levam até elas. Entendemos que no âmbito das línguas de sinais (LS), incluindo a Libras, há uma significativa atividade política [linguística], desde as publicações de Stokoe (1960) e, no caso do Brasil, principalmente da promulgação da chamada Lei da Libras (Lei 10.436/2002). Tais ações, no Brasil, vão desde a articulação da sociedade civil organizada para a participação no texto do Decreto 5.626/2005 (Lodi, 2013), que regulamentou a Lei da Libras, passando pela oferta dos primeiros cursos de graduação em Letras-Libras (Quadros e Stumpf, 2014), bem como pela consolidação e expansão destes cursos – atualmente, são 69 cursos ofertados nas IES no país (Rocha, 2023) – chegando até a produção de glossários, videoaulas, materiais didáticos e uma intensa produção acadêmica sobre a Libras. O Decreto 5.626/2005 teve um papel marcante nessa trajetória pois, enquanto a Lei de Libras reconheceu a língua, foi ele que determinou diretrizes de como se formariam os professores desta língua e os profissionais tradutores-intérpretes. Deste modo, as políticas linguísticas no âmbito da Libras envolvem diferentes atores em diversos contextos. Ao propor este simpósio temático, estamos interessadas em pesquisas e práticas que almejam articular conversas sobre ações realizadas nestes diferentes contextos e que busquem além de “equipar” as Línguas de Sinais, com listas de vocabulários (glossários, dicionários, sinalários), dar visibilidade e garantia aos direitos linguísticos das pessoas Surdas. Além disso, propomos uma reflexão sobre o governamento linguístico (Witchs e Lopes, 2020), ou seja, sobre como a língua oficial opera como uma tecnologia de governamento, que age sobre a população Surda. Nesse sentido, entendemos que projetos voltados à partilha de conhecimentos em LS (pesquisas sobre aquisição da linguagem, ensino de LS, formação de professores), garantia de acesso à informação em LS para pessoas Surdas (tradução, interpretação etc.), bem como produção de materiais didáticos em LS (ou outras ações no campo da educação de Surdos) terão lugar neste espaço de debate transdisciplinar. Esperamos, a partir das discussões, estabelecer parcerias para ações futuras de atividades políticas linguísticas, visando promover a interação entre a universidade e a sociedade.
Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Pessoa Surda, Línguas de Sinais, Libras.
Coordenação:
Jailma do Socorro Uchôa Bulhões Campos (UFPA)
Brayna Conceição dos Santos Cardoso (UFPA)
Com o surgimento das diferentes inovações tecnológicas, verifica-se mudanças aceleradas nos variados setores da vida, transformando várias práticas e impactando no surgimento de novos hábitos de comportamento e cultura (compras online, pagamentos digitais, aulas/curso digitais, comunicação por redes sociais etc.), com a formação de um novo ethos humano. A tecnologia, nessa perspectiva, influencia um conjunto de práticas, valores e formas de pensar e estar no mundo, trazendo à tona a concretização da cultura digital ou cibercultura (Lévy, 1999). As mudanças com essas novas experiências gradativamente têm contribuído para transformações culturais e, sobretudo, modificam/ram a linguagem e as práticas comunicativas (Barton; Lee, 2015). No que respeita à educação, há grandes desafios e potencialidades no que compete ao ensino-aprendizagem de línguas, especialmente porque é necessário também compreender como a linguagem se constitui para a construção de sentidos nos espaços digitais. Com as novas mídias, houve o surgimento de novas relações entre autor e leitor, com alteração do conceito de autoria (Xavier, 2010), novos gêneros identificados na Web, novos letramentos e o aparecimento do hiperleitor (Takaki, 2012), a hipermídia com as convergências de múltiplas semioses, sobrelevando a multimodalidade (Ribeiro, 2021), dentre outros fenômenos. Diante disso, é necessário o desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas para o ensino de línguas que contemplem a linguagem e sua complexa constituição nos espaços online para comunicação e informação. Dessa forma, a partir deste trabalho, investiga-se como os usos da linguagem são afetados pelas mudanças promovidas pela cultura digital e quais são as implicações no ensino-aprendizagem de línguas. Nesse sentido, este Simpósio temático assume como objetivo promover a apresentação e a discussão de pesquisas concluídas ou em fase avançada de desenvolvimento que abranjam abordagens sobre a linguagem online e o ensino-aprendizagem de línguas, a fim de criar um espaço de discussão com pesquisadores acerca de características da comunicação mediada pelas telas e ensino de variação linguística, múltiplas identidades e diversidade linguístico-cultural online, com seus estilos linguísticos, novos letramentos e domínios semióticos, letramento digital, estudos de textos produzidos em práticas situadas na rede Internet, novas virtualidades e usos da linguagem, práticas de escrita e leitura nas redes e usos de plataformas ou multimídia, tendo em vista as implicações para o ensino-aprendizagem de línguas. Almeja-se que o trabalho desenvolvido por esse simpósio fortaleça as áreas de estudos da linguagem e ensino de línguas, contribuindo para o avanço na produção científica nesse campo do conhecimento.
Palavras-chave: Linguagem on-line, Ensino-aprendizagem de línguas, Tecnologias digitais, Cultura digital, Diversidade linguístico-cultural em redes.
Coordenação:
Gonzalo Abio (UFAL)
Tatiana Lourenço de Carvalho (UERN)
O uso crescente da Inteligência Artificial (IA) no ensino de línguas tem gerado novos paradigmas pedagógicos, oferecendo ferramentas inovadoras que podem transformar a forma como a aprendizagem linguística é realizada. Considerando essa realidade, no simpósio temático em questão, nos propomos a realizar uma reflexão crítica sobre os impactos e desafios da IA no ensino de línguas, com foco em tecnologias baseadas em IA, como chatbots, assistentes virtuais e plataformas adaptativas, têm influenciado a prática pedagógica, as metodologias de ensino e o desenvolvimento das competências linguísticas. Ao longo do simpósio, serão discutidas questões sobre a personalização da aprendizagem, a adaptação do ensino às necessidades individuais dos alunos e o potencial da IA para promover a inclusão no ensino de línguas. Também serão abordados os desafios éticos e pedagógicos do uso dessas tecnologias, como a relação entre a automação e o papel do professor, a privacidade dos dados dos alunos e as implicações para a qualidade do ensino. A proposta busca reunir pesquisadores, professores e especialistas para compartilhar experiências, análises e propostas de soluções diante dos desafios que surgem com a integração da IA no ensino de línguas, contribuindo para o desenvolvimento de práticas educacionais mais eficazes, inovadoras e inclusivas.
Palavras-chave: Inteligência artificial (IA), Ensino de línguas, Impactos éticos e pedagógicos.
Coordenação:
Tâmara Milhomem (IFPI)
Claudiene Diniz da Silva (UEMA)
A evolução tecnológica do século XXI teve um progresso exponencial com o desenvolvimento da Inteligência artificial (IA), possibilitando novas invenções em diversos segmentos. Uma delas é a Realidade Aumentada (R.A.), que se caracteriza pela utilização de tecnologia multissensorial e de recursos multimídia para a criação de ambientes parcialmente artificiais. Essas e outras tecnologias disruptivas podem contribuir para o processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis de educação, e para elencar tais contribuições, surge o presente simpósio. Assim, o objetivo geral deste simpósio é abrir um espaço de discussões para pesquisas que versem sobre a utilização da IA, da RA e de tecnologias digitais variadas no ensino-aprendizagem de línguas, seja materna ou estrangeiras. Tendo em vista esses novos caminhos, este simpósio visa agrupar estudos que apresentem os fundamentos da Inteligência Artificial, promovendo uma reflexão sobre suas potencialidades nos estudos da linguagem, debatendo também seu uso de forma ética. Questões como escrita de textos artificiais, tradução, revisão ortográfica, síntese de obras completas, mediadas por IA, como também plágio e humanização de textos artificiais são de interesse neste simpósio. Do mesmo modo, também há espaço para pesquisas que versem sobre a RA e suas potencialidades de aplicação no ensino de línguas. Dessa forma, será oportunizada a apresentação e discussão de diferentes perspectivas teóricas e práticas sobre o assunto, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do ensino de línguas.
Palavras-chave: Inteligência Artificial, Realidade aumentada, Tecnologia, Ensino-aprendizagem.
Simpósios Temáticos On-line
Coordenação:
Shirlei Marly Alves (UESPI)
Wagner Rodrigues Silva (UFT/CNPq)
As ciências são desenvolvidas continuamente conforme pesquisas científicas realizadas em função da elaboração de respostas para diferentes demandas sociais emergentes. No âmbito do ensino e da formação de professores de Português como língua materna (LM), não tem sido diferente. Nas últimas décadas, diversos empreendimentos investigativos foram produzidos na Linguística Aplicada (LA), Linguística e Educação com o propósito de transformar o paradigma de ensino das aulas de Língua Portuguesa em escolas brasileiras, considerando diferentes níveis e modalidades de ensino. Em outros termos, esforços vêm sendo investidos para aprimorar metodologias e práticas pedagógicas a fim de se desdobrarem em resultados mais sustentáveis na instrução de falantes, leitores, escritores e conhecedores do sistema linguístico. Evidências dessas contribuições podem ser encontradas em diretrizes curriculares municipais, estaduais e nacionais, destinadas ao ensino básico e à formação docente, e, inclusive, em programas especiais de ensino, a exemplo de olimpíadas escolares e feiras científicas. Nessa perspectiva, a abordagem teórico-pedagógica da educação científica, em construção na LA, campo indisciplinar de investigação científica em que está inserido este simpósio, mostra-se bastante promissora por possibilitar, por um lado, no ensino básico, (a) contextualização de situações educativas, (b) articulações de práticas escolares de linguagem e (c) enfoques de temáticas sociais necessárias à formação cidadã crítica. Tais desdobramentos, por outro lado, têm trazido encaminhamentos metodológicos mais precisos à formação inicial e continuada de professores, podendo contribuir para a fortalecimento de profissionais com posturas críticas, questionadoras, investigativas e propositivas, configurando o local de trabalho do professor como legítimo espaço de construção de saberes, inclusive na interlocução com docentes universitários. Nessa perspectiva, este simpósio foi proposto para reunir resultados parciais e finais de pesquisas em torno da abordagem da educação científica, considerando diferentes locais e objetos de investigação, além de construções investigativas indisciplinares, de maneira que sejam compartilhadas evidências de contribuições teóricas para a LA e práticas para o ensino e a formação de professores de LM. O trabalho realizado neste simpósio contribuirá para as atividades especializadas realizadas nos seguintes grupos de pesquisa: Laboratório de Leitura e Escrita Acadêmicas – LEIA (UESPI/CNPq) e Práticas de Linguagens – PLES (UFT/CNPq).
Palavras-chave: Educação Científica, Ensino de Língua Materna, Materiais Didáticos, Diretrizes Curriculares, Formação de Professores.
Coordenação:
Sweder Souza (UNIFESSPA)
Andréia Rutiquewiski (UTFPR)
A proposta deste simpósio parte da premissa de que o ensino-aprendizagem de línguas, sobretudo na língua portuguesa, quando orientado por uma perspectiva plurilíngue e intercultural, é uma ferramenta crucial para a formação de uma cidadania GloCal – ou seja, um cidadão que seja, ao mesmo tempo, consciente das questões globais e capaz de atuar de forma contextualizada em seu espaço local. O termo “GloCal” expressa a necessidade contemporânea de educar indivíduos aptos a transitar entre culturas, línguas e realidades distintas, promovendo o diálogo entre o global e o local. Em um mundo cada vez mais globalizado e multicultural, a necessidade de uma formação docente que considere o plurilinguismo e a diversidade cultural é mais premente do que nunca. O plurilinguismo se apresenta como uma abordagem pedagógica que promove a valorização das diferentes línguas e culturas, incentivando o diálogo intercultural e a inclusão. Nesse sentido, o ensino e a formação de professores de língua materna deve estar alinhada a essa perspectiva, promovendo práticas educativas que atendam às demandas de um cenário educacional complexo e diversificado. Assim, este Simpósio visa discutir os desafios e as possibilidades das práticas de ensino de língua portuguesa no contexto do plurilinguismo, com foco na formação docente. Serão abordadas questões sobre a integração das línguas e culturas no processo educativo, a formação de professores plurilíngues e interculturais, bem como a implementação de políticas educacionais que favoreçam essa abordagem. Objetivamos, assim, debater o papel do plurilinguismo no ensino-aprendizagem da língua materna, e na formação de professores; refletir sobre os desafios contemporâneos enfrentados pelas práticas de ensino em contextos plurilíngues e multiculturais; apresentar práticas e metodologias para o ensino de língua portuguesa que integrem a diversidade linguística e cultural; (re)pensar como o ensino de língua materna pode contribuir para a formação de cidadãos críticos e conscientes, capazes de atuar de forma significativa tanto no nível global quanto no nível local; promover o intercâmbio de experiências e pesquisas sobre a formação docente para o plurilinguismo, dentre outras proposições. Espera-se, assim, que o Simpósio contribua para a construção de um espaço de reflexão crítica e troca de experiências sobre o ensino de língua portuguesa a partir da perspectiva do plurilinguismo, promovendo um avanço nas discussões sobre a formação docente e o desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas e interculturais.
Palavras-Chave: Educação Linguística, Ensino de Língua Portuguesa, Didática do Plurilinguismo, Formação de Professores.
Coordenação:
Ana Maria Sá Martins (UEMA)
Carlos Eduardo de Paula Santos (UFPI)
Para este simpósio temático aceitaremos pesquisas que relacionem Análise de Discurso Crítica com processos de ensino e aprendizagem de língua portuguesa na educação básica. Pesquisas que envolvem teorias da aprendizagem, didática, metodologias de ensino, ideologias linguísticas, tendências pedagógicas, elaboração de recursos pedagógicos, políticas educacionais, identidade docente e discente, formação de professores, avaliação da aprendizagem, letramentos críticos e atividades na educação básica nos interessam. Vale destacar que, em alguma medida, as pesquisas devem utilizar como aporte teórico a Análise de Discurso Crítica que é defendida por Fairclough (1989, 2003, 2019), Chouliaraki e Fairclough (1999); Fairclough e Fairclough (2012); Resende e Ramalho (2016); Batista Jr. (2018); Magalhães (2019); Rogers et al (2016), mas também aceitaremos outras abordagens dos Estudos Críticos de Linguagem. Nossa intenção é contribuir com estudos que relacionem ADC e educação em busca de uma consciência linguística crítica e da mudança social. Valorizaremos estudos que façam uma relação direta entre os pressupostos críticos e as pesquisas em educação.
Palavras-chave: Análise de Discurso Crítica, Educação, Ensino básico.
Coordenação:
Rosângela Oliveira Cruz Pimenta (UFRPE/PPGLL-UFAL)
Roseane Santana Santos (Seduc-SE)
A formação de escritores na escola é algo complexo, cujos resultados não são avaliados constantemente por instrumentos oficiais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), mas são percebidos pelo baixo desempenho dos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nessa perspectiva, é importante ouvir alunos e professores sobre suas impressões a respeito das atividades vivenciadas na escola para a formação escrita, pois conhecer a percepção dos alunos sobre o suporte disponibilizado pelo professor ao longo do processo de escrita serve de reflexão sobre a prática letiva, ajudando a equacionar gestos, procedimentos e interações (Messias; Dolz, 2015; Silva, 2013), a diversificar estratégias de suporte ao processo de escrita, assim como conhecer as reflexões dos docentes sobre a sua prática ajuda a reorientar (alterar/ajustar) o seu trabalho para ir ao encontro das necessidades apontadas pelos alunos (Araújo; Martins; Osório; Faria, 2017; Carvalho; Conboy; Santos; Fonseca; Tavares; Martins; Salema; Fiuza; Gama, 2014). No âmbito de uma didática da escrita baseada em contextos reais de aprendizagem escolar, são importantes os estudos que contribuem com perspectivas centradas nos alunos, em particular sobre a sua relação com a escrita, as suas expectativas relativamente ao professor e ao suporte pedagógico-didático esperado durante as aulas e ao longo do processo de escrita. Estudos sobre a relação dos alunos com a escrita com base nas suas percepções (Rei, 1998; Cardoso; Pereira, 2007; Cardoso, 2009; Antunes; Silva, 2016; Cardoso; Pereira; Lopes; Lopes, 2018) têm dado visibilidade a questões cruciais para se compreender a resistência e as dificuldades que os alunos sentem perante atividades de escrita na escola, tais como: a avaliação como finalidade; utilidade e motivação para a escrita; a escrita como atividade solitária; o professor como interlocutor privilegiado e substancialmente preferido em contextos de escrita (Cardoso et al., 2018). O objetivo deste simpósio é partilhar, por um lado, estudos qualitativos centrados nas percepções de alunos quanto às aulas e às dificuldades sentidas no processo de construção do texto e quanto às formas de apoio pedagógico-didático que entendem como mais benéficas para a aprendizagem da escrita na escola; por outro lado, nas percepções dos professores da Educação Básica quanto às suas práticas didáticas e metodologias de ensino da produção textual que percebem como benéficas para a formação escrita discente.
Palavras-chave: Ensino de escrita, Prática docente, Percepção discente, Gestos didáticos, Didática da escrita.
Coordenaçao:
Fabiana Pincho de Oliveira (Profletras/Ufal)
Maria Inez Matoso Silveira (Profletras/PPGLL/Ufal)
Este simpósio temático visa reunir pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras), com foco na linha de pesquisa “Estudos da Linguagem e Práticas Sociais”. O objetivo é promover um espaço de diálogo e reflexão sobre as diversas interfaces entre língua, texto, discurso e letramentos e a formação de professores de Língua Portuguesa que atuam na Educação Básica. Serão aceitas pesquisas de caráter interventivo que reflitam sobre o ensino e a aprendizagem da leitura/escuta, produção de textos e análise linguística/semiótica, explorando como as práticas linguísticas se manifestam e se transformam em diferentes contextos de interação social. O simpósio busca fomentar a troca de experiências entre pesquisadores, professores e demais interessados, contribuindo para o avanço dos estudos da linguagem e para a formação de profissionais críticos e engajados com a melhoria do ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica.
Palavras-chave: Profletras; Pesquisa de intervenção pedagógica; Língua Portuguesa; Educação Básica.
Coordenação:
Luciane Baretta (Unicentro)
Claudia Finger-Kratochvil (UFFS)
Ler e compreender. Esse é o objetivo do leitor e o objetivo do processo de ensino e aprendizagem da (compreensão em) leitura. Independentemente da idade, da condição social, ou da fase da vida em que se encontra, o objetivo maior do leitor é ser capaz de desvelar o texto que está diante de si. As etapas envolvidas nessa tarefa cognitiva (e cultural) altamente complexa envolvem uma variedade de processos que têm instigado pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento a buscar compreender o que ocorre no cérebro-mente do leitor a partir do momento que seus olhos capturam os traços existentes no suporte (e.g., papel/tela). Em “A ciência da leitura: caminhos da pesquisa para pensar o texto, o leitor e o contexto sociocultural”, publicado em 2022, as proponentes deste simpósio, que partilham longa caminhada e interesses sobre a ciência da leitura, retomam as discussões sobre os estudos em leitura e revisitam os modelos teóricos que buscam explicar e explicitar os processos e componentes envolvidos na compreensão em leitura. Partindo dos modelos de processamento do texto (descendente, ascendente, interativo), este simpósio propõe a discussão sobre as questões (psico)linguísticas, cognitivas e socioculturais envolvidas nas habilidades de (compreensão em) leitura. Pesquisas com discussão de dados acerca de diferentes etapas e processos da leitura em diferentes suportes, de leitores de diferentes idades, bem como revisões de literatura a respeito de estudos comportamentais e com ferramentas tecnológicas são bem-vindos.
Palavras-chave: Ensino e aprendizagem, (Compreensão em) Leitura, Avaliação em leitura, Aquisição e processamento.
Coordenação:
Herbertt Neves (UFPE)
Laura Dourado Loula Régis (UFCG)
Este simpósio temático tem como propósito reunir pesquisas que analisem e discutam as práticas de análise linguística em diferentes contextos de ensino do português como língua materna, examinando de forma aprofundada os fundamentos teóricos que as sustentam e os pressupostos metodológicos que orientam a seleção e o tratamento dos objetos de investigação. Pretende-se fomentar um debate qualificado sobre os caminhos, desafios e contribuições dessa prática para a formação docente, a elaboração de materiais didáticos e o desenvolvimento de políticas educacionais, entre outros aspectos. Serão aceitos trabalhos que abordem o tema a partir da pesquisa em materiais didáticos de diferentes gêneros e formatos, incluindo livros, plataformas digitais e outros recursos multimodais, bem como estudos sobre a presença da análise linguística em documentos oficiais nos âmbitos municipal, estadual e nacional. Além disso, são bem-vindas investigações que explorem o papel da prática de análise linguística em avaliações escolares e exames de larga escala. Os contextos da formação inicial e da continuada de professores de português, como foco nas práticas de análise linguística, também podem ser temas das análises. Por fim, podem ser temas o ensino de aspectos variados da língua portuguesa, abrangendo desde questões lexicais e gramaticais até fenômenos discursivos e textuais. O simpósio busca promover um diálogo que contemple desde perspectivas mais clássicas, baseadas na descrição e sistematização dos elementos linguísticos, até abordagens contemporâneas que incorporem novas semioses e perspectivas multimodais, ampliando a compreensão sobre os usos da língua em diferentes esferas sociais. Os trabalhos apresentados deverão se apoiar em referenciais teóricos consistentes, contemplando tanto estudos fundadores da área quanto pesquisas mais recentes e inovadoras (Geraldi, 1984; Franchi, 1991; Neves, 1990; 2007; Antunes, 2005; 2007; 2012; 2014; 2017; Travaglia, 1996; 2009; Mendonça, 2006; 2021; Acosta Pereira, 2022; Acosta Pereira; Costa-Hübes, 2021; entre outros), contribuindo para a compreensão das relações entre tradição e inovação no ensino de português (Bezerra; Reinaldo, 2020). Espera-se, portanto, que as reflexões propostas auxiliem na caracterização do que pode ser compreendido como prática inovadora de análise linguística, ao mesmo tempo em que promovam uma problematização criteriosa de abordagens que, embora apresentem propostas de renovação, ainda mantêm traços característicos de modelos tradicionais. Dessa forma, o simpósio se caracteriza como um espaço de discussão robusto e produtivo, incentivando o diálogo entre diferentes correntes teóricas e experiências práticas no ensino da língua portuguesa.Palavras-chave: Práticas de análise linguística, Ensino de português, Inovação.
Coordenação:
Carla Janaina Figueredo (UFG)
Layssa Gabriela Almeida e Silva Mello (UFG)
Tendo em vista que o Círculo de Bakhtin enfatiza o caráter sociointeracional e dialógico das línguas (Bakhtin, 2004), indo além de seu caráter sistêmico e estrutural, acreditamos ser de grande importância que estudos no campo da educação linguística sejam amparados pela arquitetônica bakhtiniana de modo a compreender melhor os processos interacionais pelos quais os sujeitos dialógicos se engajam e são engajados. Primeiramente, pensar em educação linguística dialógica é compreender a constante relação entre língua e seus falantes/usuários (Vigotski, 2003), em como os sujeitos se constituem discursivamente por meio de suas interações com outros sujeitos, e em como afetam e são afetados pelo agir responsivo-responsável de seus interlocutores impregnados por ideologias diversas. Em segundo lugar, pensar em educação linguística é, também, promover a busca consciente do agir exotópico (Machado, 2010), ético (Silvestre et al., 2015) e polifônico (Seidel, 2022), pelo qual seus agentes têm a oportunidade de ampliar não somente seus horizontes socioculturais e linguísticos, mas, também, suas perspectivas críticas, valorativas e avaliativas. Tendo em mente os pressupostos mencionados, este simpósio tem por objetivo geral articular conceitos basilares de Bakhtin e Vigotski, tais como dialogismo, alteridade constitutiva e colaboração, a estudos acadêmico-científicos realizados no campo da educação linguística. Como objetivos específicos, espera-se que, por meio dessa articulação mediada pelos construtos do diálogo e da colaboração, diferentes objetos de estudo (ex. o processo de ensino e/ou de aprendizagem de línguas adicionais – espanhol, francês, inglês, português e outras; língua materna, como o português brasileiro e a Libras; formação de professores de línguas; e estudos do discurso) possam não somente promover um olhar crítico acerca das perspectivas trazidas por cada uma dessas esferas, como, também, apontar possíveis caminhos no enfrentamento dos desafios encarados por cada uma delas. Como as pesquisas qualitativas exploram as experiências de aprendizagem e as práticas pedagógicas de forma mais reflexiva e interpretativa, esperamos que os trabalhos apresentados neste simpósio adotem esta metodologia, o que, por sua vez, não exclui a utilização de dados quantitativos. Nesse sentido, a realização deste simpósio temático justifica-se pela importância de compartilhar conhecimentos e ações provenientes do campo da pesquisa, bem como refletir sobre eles, e, por conseguinte, buscar novas frentes que possam contribuir com o contexto de educação linguística pelo viés da arquitetônica bakhtiniana e da aprendizagem colaborativa vigotskiana.
Palavras-chave: Interação, Dialogismo, Alteridade, Colaboração, Educação Linguística.
Coordenação:
Maximina Maria Freire (PUC-SP)
Cátia Veneziano Pitombeira (UFAL)
Este simpósio investiga as contribuições e implicações da epistemologia da complexidade e da transdisciplinaridade, embasada, fundamentalmente, na perspectiva de Edgar Morin, para (re)pensar os currículos da escola básica e do ensino superior, a formação de docentes e discentes em contextos presencial, híbrido ou remoto, o design educacional, as interfaces e ambientes digitais de ensino-aprendizagem, dentre outras. Tomamos como desafio a complexidade que contradiz a linearidade, a fragmentação, a previsibilidade, as certezas, as dicotomias e as polaridades binárias tradicionais, buscando promover uma visão integrada, dinâmica e sistêmica dos processos de ensino-aprendizagem. A partir dessa concepção, e no âmbito da Linguística Aplicada, buscamos discutir como o referencial teórico-metodológico complexo e transdisciplinar pode contribuir para práticas formativas reflexivas, críticas e contextualizadas, possibilitando a compreensão do docente e do discente como um sujeito plural, global e planetário, situado em redes interdependentes de saberes e práticas em que questões culturais, sociais e éticas se entrelaçam em toda a sua multidimensionalidade e multirreferencialidade. No âmbito do desenho educacional, propõe-se a adoção de uma perspectiva integradora e sistêmica que reconheça as múltiplas dimensões envolvidas nos processos pedagógicos. Serão discutidos aspectos como a (co)(re)(des)construção do conhecimento e seu caráter inconclusivo, a valorização das singularidades dos aprendizes e a promoção de ambientes de aprendizagem abertos e flexíveis. É uma proposta para engajar os participantes em um diálogo transdisciplinar, capaz de simultaneamente contemplar partes e todo, questionando paradigmas tradicionais e incentivando a criação de propostas inovadoras que reflitam as demandas, as inquietações e os desafios do mundo contemporâneo. Ao valorizar a interação entre teoria e prática, o simpósio convida educadores, pesquisadores e demais interessados a repensar a formação docente e discente e as práticas educacionais à luz da complexidade e transdisciplinaridade no campo da Linguística Aplicada.
Palavras-chave: Epistemologia da complexidade, Transdisciplinaridade, Formação de professores, Design educacional, Linguística Aplicada.
Coordenação:
Felipe Flores Kupske (UFRGS)
Joceli Rocha Lima (UESB)
A área de desenvolvimento fonético-fonológico de línguas não nativas (LNN), de natureza interdisciplinar, tem mostrado um crescimento notável nos últimos anos, no Brasil e no mundo, como se pode notar pelo aumento na quantidade de estudos empíricos e teóricos abrangendo tanto a produção quanto, em menor escala, a percepção da fala. As contribuições do campo de desenvolvimento fonético-fonológico de LNN são significativas para a linguística teórica, ao oferecer dados empíricos capazes de corroborar ou desafiar modelos e conceitos sobre as línguas naturais, e para a linguística aplicada, especialmente no ensino de pronúncia e de oralidade, que, ao contrário das abordagens tradicionais, atualmente, focam na inteligibilidade e compreensibilidade de fala e são tomados como componentes vitais no ensino de línguas, como proposto pela própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nessa esteira, reconhecendo a amplitude, a riqueza e a relevância emergente do campo, este simpósio temático busca reunir pesquisadores e estudantes de diferentes perspectivas teóricas e metodológicas que investiguem o desenvolvimento sonoro de línguas não nativas, além de fomentar diálogos com áreas de interface, como psicologia, neurociência e tecnologia da fala etc. A proposta contempla trabalhos empíricos, experimentais, teóricos ou de revisão, desenvolvidos a partir de abordagens diversas, e visa promover reflexões inovadoras e avanços na área, acolhendo, mas não se limitando, trabalhos nestes temas: (i) aquisição e atrito fonético-fonológico; (ii) percepção e produção da fala; (iii) instrução/ensino de pronúncia; (iv) ensino de oralidade de LNN; (v) análise e elaboração de materiais didáticos para o ensino de oralidade e pronúncia; e (vi) variáveis sociais no/do desenvolvimento fonético-fonológico de LNN. Realizado remotamente, o simpósio também busca ampliar a participação de pesquisadores e estudantes de distintas regiões do Brasil, fortalecendo o debate nacional e incentivando colaborações interinstitucionais.
Palavras-chave: Desenvolvimento fonético-fonológico, Línguas não nativas, Bilinguismo, Oralidade, Pronúncia.
Coordenação:
Valéria Jane Siqueira Loureiro (UFS)
Mercedes Magdalena Rodriguez (UEFS)
Este simpósio tem como objetivo dialogar, interagir e refletir sobre a formação docente no âmbito das línguas adicionais, considerando os desafios e as oportunidades trazidos pelas tecnologias digitais no contexto atual da educação. Duas competências essenciais para os professores de línguas são destacadas: a sistematização de recursos semióticos em ambientes virtuais e a gestão de dispositivos pedagógicos baseados em hipergênero e navegação na textualidade navegante (ou nas textualidades navegantes). Essas competências são fundamentais diante da multimodalidade dos textos (Ribeiro, 2016) e das práticas linguísticas na Web 2.0, que ampliam as possibilidades de aprendizagem comunicativa e demandam novas formas de compreensão sobre o contexto e os eventos comunicativos. A pandemia de Covid-19 acelerou a incorporação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no ensino, fortalecendo as Competências Digitais Docentes (CDD). Com a adoção do Ensino Remoto Emergencial (ERE) (Hodges et al. 2020; Vicentini, 2020) e a transição para modalidades híbridas e à distância (Bacich; Neto; Trevisani, 2019), as universidades e instituições educativas reformularam suas práticas pedagógicas, promovendo maior flexibilidade e adaptabilidade nos processos formativos. Essa transformação se reflete na necessidade de desenvolver o letramento digital dos estudantes, essencial para sua educação linguística no mundo contemporâneo. O simpósio propõe-se como um espaço para compartilhar teorizações e práticas pedagógicas, baseadas na Linguística Aplicada e na Educação, que integram as TDIC na formação docente (Moreira; Henriques; Barros, 2020). Visa, também, refletir sobre o aprendiz como sujeito contemporâneo, com identidade em constante transformação (Moita Lopes, 2006; Hall, 2003) e engajado em um pensamento crítico de resistência (Walsh, 2017). Dada a crescente relevância do ensino de línguas adicionais, espera-se receber trabalhos que abordem experiências, desafios e estratégias em áreas como ensino remoto, híbrido, metodologias ativas, aprendizagem híbrida (blended learning), sala de aula invertida (flipped classroom), gamificação, aprendizagem ubíqua e contínua (seamless learning), bem como o uso de redes sociais, aplicativos, mídias digitais e telecolaboração. Em um cenário de transformação permanente, este simpósio busca contribuir para práticas pedagógicas inovadoras que garantam qualidade na educação, independentemente da modalidade, ao mesmo tempo que valorizam a diversidade de fluxos de informação, multiletramentos ou letramentos múltiplos (Rojo, 2010; Rojo; Moura, 2019) e adaptações curriculares para atender às demandas contemporâneas e futuras da formação docente mediada por tecnologias digitais.
Palavras-chave: Plataforma Moodle, Ambiente Virtual de Aprendizagem, Material didático digital, Educação linguística bilíngue, Segunda Língua.
Coordenação:
Valdiney da Costa Lobo (UNILA)
Tiago Alves Nunes (UFBA)
Os contextos de educação linguística em português como língua não materna são diversos, levando em consideração os âmbitos políticos, sociais, interculturais, nacional e internacional, o português como língua pluricêntrica (Clyne, 1992; Muhr, 2012; Pinto, 2022) e o plurilinguismo (Maher, 2007). Assim, há uma variabilidade de campos teóricos e práticos que estão em constante desenvolvimento e em atividade, de modo que podemos citar alguns: a educação linguística em contextos bi/multilíngues (Megale; El Kadri, 2023) e/ou transfronteiriços; o ensino a migrantes em mobilidade transnacional de fluxo forçado, sobretudo oriundos do Sul Global; políticas de ensino de português a estudantes internacionais em Programas nacionais, como é o caso do PEC-G (Programa de estudantes-convênio da Graduação) etc. Nesse contexto de diversidade, este simpósio temático objetiva reunir pesquisas, de diversas naturezas teóricas e metodológicas, que abordem a educação linguística em português a partir de diferentes perspectivas, tais como as do português para falantes de outras línguas (PFOL), língua adicional (PLA), língua de herança (PLH), língua de acolhimento (PLAc), em suas mais distintas conjunturas de ensino e pesquisa. Para tanto, são bem-vindos trabalhos que discutam, por exemplo, de que modo as praxiologias em educação linguística estão sendo teorizadas e aplicadas; como materiais didáticos são construídos, utilizados e a partir de que perspectivas; de que maneira políticas locais e nacionais estão sendo desenvolvidas para subsidiar a educação linguística e a formação de professoras(es) nos contextos supracitados; como as identidades, a interculturalidade e a decolonialidade são pensadas, ou não, para a promoção de ambientes e aprendizagens com foco na valorização das diversidades linguísticas, social, cultural, política etc, bem como no engajamento de práticas de letramentos antirracistas, anti-xenófobas (Lobo, 2018; Mulico; Lobo, 2024) e outros temas sócio-historicamente relevantes que abarquem a perspectiva aqui explicitada.
Palavras-chave: Educação Linguística, Português, Pluricentrismo, Multilinguismo.
Coordenação:
Aline Fonseca de Oliveria (UFRPE)
Miguel Mateo Ruiz (UFRJ)
Este simpósio propõe-se a abordar estudos relacionados à língua oral, desde aqueles centrados nos fenômenos da fala, ou seja, os que focalizam a sua forma material, tanto no âmbito segmental como suprassegmental (Fonseca de Oliveira, 2013, 2021; Mateo, 2015, 2018; Mateo; Fonseca de Oliveira, 2015; 2023; Cerqueira; Moraes; Rilliard, 2019; Conceição Silva; Almeida Barbosa, 2017, entre outros), àqueles que buscam entender e teorizar acerca das especificidades da língua oral enquanto espaço discursivo de interação e comunicação, focalizando seu tratamento didático no âmbito da Linguística Aplicada (Leite Araújo, 2021; Montenegro 2021, Corrêa Lopes, 2021; Montenegro e Fonseca de Oliveira, 2023). Nos interessam questões como: (1) orientações e considerações metodológicas (Flege, 1980; Cantero, 2002; 2019; Cantero; Font-Rotchés, 2007; Cantero; Mateo, 2011; Dordron, 2022; ou Munro; Mackay, 2013, por exemplo), relacionadas à análise fonética, em particular a acústica e a perceptiva, na descrição da fala coloquial e na aquisição (e ensino/aprendizagem) da pronúncia, tanto na área dos sons quanto da prosódia; (2) propostas que focalizem o desenvolvimento das competências fônicas dos aprendizes de línguas adicionais em diversos entornos – presenciais, remotos, híbridos – e níveis educativos, com especial atenção ao contexto brasileiro (Alves; Lima Júnior, 2021; Barbosa, 2021; Brum, Corrêa; Fonseca de Oliveira, 2024; Figueiredo et al., 2021; Fonseca de Oliveira; Leite Araújo, 2023; Pinto; Couto, 2016, entre outros); (3) metodologias qualitativas e/ou quantitativas de avaliação da língua oral, como, por exemplo, em Leite Araújo (2021) ou López Colorado (2023).
Palavras-chave: Língua oral, Fenômenos da fala, Didática da pronúncia, Enfoque oral, Competências fônicas.
Coordenação:
Cíntia Voos Kaspary (UFBA)
Rita Maria Ribeiro Bessa (UFBA)
Este simpósio tem como objetivo reunir e compartilhar pesquisas que reflitam sobre o ensino-aprendizagem de línguas adicionais na contemporaneidade, no contexto brasileiro. Desde a formação inicial de professores até a prática docente no cotidiano, os desafios são múltiplos e envolvem questões complexas que necessitam ser debatidas em espaços de interação, visando garantir que pesquisadores possam contribuir com seus pontos de vista e participar de um diálogo crítico. Um aspecto relevante a ser abordado é o apagamento da diversidade de línguas estrangeiras em documentos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), que privilegia a língua inglesa, e a Lei nº 13.415/2017, que reformulou o Ensino Médio e excluiu a obrigatoriedade do ensino de línguas, como o espanhol. Esse cenário resulta na desvalorização do ensino de línguas adicionais na escola, o que, por sua vez, impacta negativamente o âmbito universitário. Como consequência dessas políticas linguísticas, observa-se uma centralização do ensino-aprendizagem em uma única língua, restringindo progressivamente o acesso à diversidade linguística. Outro ponto relevante é a predominância de livros didáticos com uma perspectiva eurocêntrica e estadunidense, que orientam o ensino-aprendizagem de línguas adicionais. Nessa perspectiva, docentes comprometidos com uma visão de ensino que valoriza o desenvolvimento de competências linguísticas amplas, com foco na comunicação em contextos diversos, são desafiados a buscar alternativas que superem as limitações impostas por esses materiais. Essa busca é sustentada por uma abordagem que prioriza o desenvolvimento de competências linguísticas, preparando os alunos para uma comunicação efetiva em variados cenários de uso da língua. A discussão sobre o processo de ensino-aprendizagem proposto neste simpósio concebe a língua como mediadora de práticas sociais e inter(culturais), nas quais os sujeitos envolvidos participam de uma reflexão crítica e conjunta acerca da língua-alvo, configurando um “terceiro lugar” no processo de ensino-aprendizagem, denominado espaço intercultural. Este simpósio fundamenta-se, por um lado, em epistemologias que consideram os estudos (inter)culturais como lócus de diversidade e hibridismo (Almeida Filho, 2011; Burke, 2010; Mendes, 2011; Bauman, 2013; Bhabha, 2013; Hall, 2020), incorporando diretrizes metodológicas para o ensino que valorizam a diversidade linguístico-cultural, tanto no ensino da gramática e do léxico quanto no uso de ferramentas digitais, em diferentes modalidades. Por outro lado, baseia-se em estudos sobre a formação reflexiva de professores, alinhados às dinâmicas do mundo globalizado e da internacionalização, com ênfase no ensino de línguas para objetivos profissionais e acadêmicos, (Albuquerque-Costa, 2016; Mangiante; Parpette, 2004; 2010; Carras; Tola; Kohler, 2007; Fujita, 2012; Richer, 2008) defendendo a importância do plurilinguismo.Palavras-chave: Plurilinguismo, Diversidade Linguística, Formação Docente, Ensino-aprendizagem, Formação Docente.
Coordenação:
Alan Silvio Ribeiro Carneiro (UNIFESP)
Gabriela da Silva Bulla (UFRGS)
A intensificação dos movimentos globais e o surgimento de diferentes paisagens no capitalismo tardio tornam necessárias reflexões sobre o que Sheller e Urry (1996) denominam como o novo paradigma das mobilidades, ou como discute Vertovec (2007), o paradigma da superdiversidade. Os lugares híbridos que se configuram a partir dos fluxos migratórios demandam uma reflexão sobre os modos de construção da diferença linguística e cultural, o que inclui formas de preconceito e discriminação, mas também a construção de aproximação e solidariedade (Keating, Carneiro, Diniz, 2022). O objetivo deste simpósio é refletir sobre como em diferentes cenários de migração multilíngues nos quais o português como língua adicional está presente, em meio a outros recursos, são construídas formas de agenciamento que possibilitam o exercício da cidadania linguística (Stroud, 2018; Rampton, Cooke, Holmes, 2018), entendida como o modo como sujeitos utilizam diferentes recursos comunicativos para construir novas subjetividades políticas fazendo frente a processos de subalternização. Interessa, nesse sentido, para este simpósio, investigações que abordam dimensões específicas de agenciamento que emergem de pesquisas em contextos de mobilidade, como nas práticas de ensino de português como língua adicional, como língua de acolhimento e como língua de herança, entre outras denominações; a produção e análise de materiais didáticos para o ensino de português; a avaliação de políticas públicas para o acolhimento de migrantes; as tensões e complexidades da educação linguística e da formação de professores para a superdiversidade, entre outros aspectos.
Palavras-chave: Português como Língua Adicional, Multilinguismo, Migração, Mobilidade, Agenciamento.
Coordenação:
Natacha Muriel López Gallucci (UFAL)
Magno da Guarda Almeida (UFAL)
O Simpósio propõe uma reflexão ampliada sobre as interações entre corpo e linguagem nos campos da Linguística, Literatura e Filosofia. A proposta aceita comunicações que investiguem o corpo, em suas relações com a linguagem, abordadas em práticas discursivas, performáticas e literárias, a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Entre elas, discussões que abrangem áreas como Psicanálise, Estudos Culturais, Filosofia e Estudos da Performance, com ênfase nas dinâmicas culturais, estéticas e políticas contemporâneas. Na atualidade, as vicissitudes do corpo se apresentam como um campo fértil de investigação, atravessando fronteiras disciplinares e desessencializando o corpo; nesse sentido, abrem-se debates que permitem ultrapassar opacidades epistêmicas entre áreas canônicas possibilitando novas reflexões. O simpósio visa analisar não apenas as representações textuais dos corpos, como também sua emergência por meio da performatividade e da atuação discursiva em dispositivos de produção de sentido. A reflexão busca entender o papel do corpo como agente ativo na construção das narrativas e na articulação dos discursos. Entre os temas de interesse das nossas pesquisas estão: a produção de significantes na escritura (R. Barthes; M. Blanchot ), o corpo como mídia ou arquivo de memória (J. L. Borges, W. Benjamin, J. Derrida, D. Taylor), as relações de poder e as identidades emergentes (M. Foucault, A. Mbembe), o corpo e a performatividade de gênero (J. L. Austin; J. Butler), os corpos desde o “estar sendo” nos rituais ancestrais latino-americanos (R. Kusch), os corpos desaparecidos pelas ditaduras (N. Merlin) e o lugar da falta e do desejo no corpo falante (S. Felman; J. Lacan; M. Proust). O Grupo Filomove: Filosofia, Artes e Estéticas da América Latina tem dirigido suas pesquisas para pensadores e pensadoras latino-americanas, com foco em produções que questionam o eurocentrismo e promovem diálogos críticos a partir da América Latina nas áreas de Literatura, Psicanálise, Estética multimídia, Teoria Crítica e Estudos Culturais. Este evento oferece uma plataforma para discutir as produções contra-hegemônicas, com destaque para as vozes do Brasil e da Argentina, explorando os impactos históricos e culturais por meio de dispositivos audiovisuais, cênicos, musicais e performáticos. Convidamos pesquisadores e pesquisadoras a contribuir com novas perspectivas sobre as complexas relações entre corpo e linguagem, explorando as dinâmicas culturais e estéticas da contemporaneidade.
Palavras-chave: Corpo, Performance, Subjetividade, Literatura, Estudos Culturais.
Coordenação:
Cíntia Maria Barbosa de Sousa (PPGEL/CATAPHORA-UFPI)
Láfity dos Santos Alves (IDB/CATAPHORA-UFPI)
Entender o funcionamento dos gêneros como ações retóricas (Bazerman, 2005; Devitt, 2004; Miller, 2009) implica reconhecer que aprender a escrevê-los ou compreendê-los, de forma eficaz, requer a inserção em culturas disciplinares específicas (Hyland, 2000). As práticas acadêmicas de escrita, leitura, oralidade e escuta no âmbito acadêmico ocorrem por meio dos gêneros textuais, os quais revelam as particularidades do modo de fazer ciência de cada cultura disciplinar (Bazerman, 2021). Em virtude das complexidades envolvidas, a compreensão dos gêneros pode ser complexa para os membros iniciantes das áreas, por isso torna-se importante pesquisas que visam compreender como se organizam os gêneros acadêmicos em diferentes áreas de conhecimento, bem como investigações que descrevem práticas de ensino e aprendizado de gêneros no contexto acadêmico visando colaborar para os membros da área. Este simpósio objetiva oportunizar momentos de debates e reflexões sobre pesquisas que possuem como enfoque o ensino-aprendizado de gêneros acadêmicos orais e/ou escritos, bem como investigações que visam a análise desses gêneros sob o enfoque de diferentes vertentes teóricas. Espera-se que a sistematização, análise e interpretação dos dados das pesquisas apresentadas, neste simpósio, possam fornecer contribuições significativas para o desenvolvimento de novas abordagens teóricas e metodológicas na descrição e análise de gêneros institucionais.Palavras-chave: Gêneros, Análise e descrição, Cultura disciplinar, Ensino-aprendizagem.
Coordenação:
Felipe Benicio (UFAL)
Ildney Cavalcanti (UFAL)
Seja por meio do retorno a uma suposta língua original ou das tentativas de criação de línguas universais, a busca por uma língua perfeita (Eco, 2018) constitui um projeto que ilustra o desejo humano por uma forma de comunicação sem barreiras ou ruídos, demonstrando, assim, que língua e utopia são signos desde sempre entrelaçados. Desde o texto fundador de Thomas More, Utopia (1516), língua e linguagem têm sido instâncias significativas da construção ficcional de utopias e, posteriormente, distopias literárias. Em sua frutífera relação com a ficção científica (Moylan, 1986; Suvin, 1979; 1988), sobretudo a partir do século XX, utopias e distopias recorrentemente ressaltam o elemento linguístico, algo que se dá de muitas formas, seja com a criação de línguas fictícias, como o newspeak em 1984, de George Orwell, ou o láadan em Native Tongue, da escritora e linguista Suzette Haden Elgin; seja com a especulação acerca das transformações linguísticas pelas quais um idioma pode passar, como ocorre com a língua inglesa em Cloud Atlas, de David Mitchell, e Riddley Walker, de Russell Hoban — fenômeno analisado por David Sisk (1997) em The transformations of language in modern dystopias. No caso da ficção distópica, especificamente, o controle da linguagem e dos meios de comunicação representa um fator crucial para a manutenção dos sistemas opressores descritos nessas narrativas (Cavalcanti, 2000; Baccolini; Moylan, 2003; Moylan, 2016). Mas na literatura, como fora dela, a língua é sempre uma arena de disputas, e, justamente por isso, ela também é o instrumento por meio do qual as personagens das distopias constroem suas contranarrativas de resistência, de modo que esses sujeitos ficcionais e o público leitor consigam vislumbrar as utopias (fora) da linguagem (Cavalcanti, 2000). Diante disso, este simpósio tem como objetivo refletir sobre o papel da língua e da linguagem em obras utópicas e distópicas, de diferentes períodos e mídias, de modo a aprofundar a discussão acerca de aspectos teóricos e metodológicos relativos à análise dessas obras em interface com os estudos literários e linguísticos. Se, conforme propõe Peter Stockwell (2000), a apresentação de novos mundos pressupõe a necessidade de novas palavras — como tão bem ilustrado pela seleção de termos provocativos de novas ecologias, muitas vezes oriundos da ficção científica, presentes em An ecotopian lexicon (Schneider-Mayerson; Bellamy, 2019) —, assim como novas formas de compreensão de mundo, novas estruturações sintáticas e articulações semânticas, também serão aceitas reflexões acerca dos impactos formais provenientes da transposição das utopias e distopias (gêneros predominantemente narrativos) a outros formatos e mídias, como poesia, cinema, quadrinhos, jogos virtuais, artes plásticas e música.
Palavras-chave: Utopia, Distopia, Língua, Linguagem.
Coordenação:
Micheli Rosa (UNB)
Claúdia Maris Tullio (UNICENTRO)
A Linguística Forense é um campo do saber, pertencente a área da Linguística Aplicada, que estuda a linguagem/Língua em contextos jurídicos e investigações criminais. O interesse entre Linguagem e Direito tem despertado interesse de vários pesquisadores e pesquisadoras, em especial, no Brasil. A partir do grupo de pesquisa Linguística Forense (Unicentro) compreendemos a importância da divulgação cientifica e do debate tanto para publicizar os estudos desenvolvidos quanto para evidenciar a importância de linguistas forenses na prática jurídica-policial. A Linguística forense é dividida em três subáreas e, informamos alguns tópicos de estudo, conforme Caldas-Coulthard (2014) – na análise da Linguagem do Direito a escrita de documentos jurídicos é centro das pesquisas, ou seja, analisa a linguagem legal e suas características. Desta forma, citamos alguns temas estudados por pesquisadores e pesquisadoras da área como: Direito comparado; Interpretação da Lei; História da linguagem jurídica; Tradução forense e Direitos linguísticos. A segunda subárea é a Interação no contexto forense: que estuda e analisa a linguagem (escrita ou oral) das interações jurídicas como, por exemplo, interrogatórios policiais, interrogatórios com vítimas, discurso no tribunal, discurso político, discurso em contextos prisionais, Multilinguismo no sistema jurídico entre outros temas. A respeito da Linguagem como prova (evidência), apresentamos alguns tópicos: estilística forense, análise de autoria (inserimos Discurso de ódio), perfis linguísticos, disputas sobre marcas registradas, plágio, ambiguidades linguísticas em textos de advertência de produtos. Neste sentido, as coordenadoras do Simpósio “Linguística Forense no Brasil: perspectivas e caminhos teórico-metodológicos” convidam a todos os (as) pesquisadores (as) com trabalhos finalizados ou em andamento que perpassam as áreas mencionadas e que usam diversas perspectivas de Análise de discurso como, por exemplo, Norman Fairclough, Michel Pêcheux, Mikhail Bakhtin, entre outros a enviar propostas de trabalho. Outras teorias do conhecimento e métodos de pesquisa são bem-vindos, pois a Linguística Forense surgiu de um movimento interdisciplinar e multidisciplinar.
Palavras-chave: Linguagem e Direito, Linguagem como Evidência, Interação em contexto legal.
Coordenação:
Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho ( UFMA)
Liliane Luz AlveS (UFPB)
O mundo como o conhecemos hoje representa um conjunto de mudanças que vem ocorrendo ao longo dos séculos. A sociedade vem se moldando às novas demandas que acontecem todos os anos por conta de eventos que discursivamente chamamos de acontecimentos históricos. A partir desses acontecimentos históricos, outras formas simbólicas vêm se organizando e sendo movimentadas pelos sujeitos. A partir disso, este simpósio se propõe discutir como as diversas materialidades discursivas dialogam com o mundo atual, seja ele na perspectiva presencial, ou real, ou até mesmo no que entendemos como virtual remoto. Tendo como base essa questão, essa discussão, buscamos organizar por meio de duas teorias que se aproximam e se afastam em determinados pontos de contato, mas que buscam analisar a linguagem e seus diversos movimentos, seja eles sócio, histórico, ideológicos ou nas relações de poder. Para isso, esse simpósio acolhe trabalhos tanto nas vertentes de Michel Pëcheux, e ou na vertente do filósofo também francês Michel Foucault. Tendo como aporte teórico, principalmente esses dois teóricos, e não esquecendo de elencar alguns que são seus expoentes no Brasil, como Eni Orlandi, que na base teórica pechetiana, e na vertente foucaultiana, Gregolim, Navarro. Como resultado da discussão desse simpósio, pretende-se construir diálogos a partir desses dois teóricos em perspectivas separadas, ou em pontos onde os dois conseguem convergir em temáticas que sejam favoráveis tanto para uma base como para outra.
Palavras-chave: Estudos Discursivos Foucaultianos, Análise de Discurso Pechetiana, Discurso.
Coordenação:
Jane Cristina Beltramini Berto (UFRPE)
Cristiane Malinoski Pianaro Angelo (Unicentro)
O simpósio “Relações dialógicas, pesquisa e ensino de línguas” abarca estudos fundamentados na teoria dialógica desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, Volóchinov, Medviédev e ampliada por pesquisadores brasileiros das mais diversas áreas dos estudos discursivos. Compreendendo a natureza sócio-histórica da linguagem, visamos às contribuições de estudiosos e de pesquisadores que se dedicam a problematizar as questões que envolvem o ensino das práticas de linguagem: de oralidade, de leitura, de escrita/reescrita e de análise linguística/semiótica e a compreensão do discurso nos enunciados concretos. A proposta deste simpósio agrupa os resultados de pesquisas de cunho teórico-analítico, teórico-metodológico e encaminhamento prático em sala de aula, que contemplem orientações advindas de documentos oficiais, currículos, materiais didáticos, práticas avaliativas, formação docente, experiências e inovações teórico-práticas na contemporaneidade, sob o escopo dialógico. Desse modo, almeja-se que as discussões pertinentes ao tema, em conjunto às reflexões oriundas dos Grupos de Pesquisa em Linguagem e Educação (GEPLE-UFRPE/CNPq) e Interação e Ensino (PPGL-Unicentro/CNPq), ampliem debates visando ao aprimoramento do ensino de línguas em âmbito escolar e à compreensão de enunciados mobilizadores de discursos, valores e de tensões socioideológicas.
Palavras-chave: Linguística Aplicada, Dialogismo, Práticas de linguagem, Ensino de Línguas.
Coordenação:
Lílian Melo Guimarães (UFRPE/UAST)
Ricardo Rios Barreto Filho (UFPE)
Partindo-se da ideia de que práticas de ensino-aprendizagem de língua são concebidas como práticas socioculturalmente situadas que envolvem (inter)ações, relações sociais, pessoas e discurso num mundo material particular (Ramalho, 2012), este simpósio pretende reunir trabalhos que reflitam sobre as contribuições dos estudos discursivos, a partir de perspectivas diversas, para o ensino de língua portuguesa e de língua estrangeira. Com isso, espera-se agregar pesquisas que proponham reflexões sobre experiências didáticas, materiais didáticos diversos, avaliações escolares e em larga escala e documentos oficiais, como Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997; 1998); Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017); Orientações Curriculares Municipais, entre outros, fundamentando-se em perspectivas que tragam a análise discursiva à tona como centro das discussões. Para isso, assumimos uma visão de ensino de língua como prática de uso e reflexão dessa língua em situações de comunicação (Antunes, 2003; Bezerra, 2018) e de discurso como um modo de ação, ou seja, como as pessoas agem sobre o mundo e sobre as outras pessoas (Fairclough, 2001). A temática deste simpósio surge a partir das reflexões no âmbito do Grupo de Estudos em Linguagem e Interação (GELI/UFPE) e do Grupo de Pesquisa em Linguagem e Educação (GEPLE/UAST/UFRPE), dos quais fazem parte seus proponentes. Desse modo, buscamos subsídios teórico-metodológicos que possam contribuir para o estudo acerca do discurso e de suas relações e contribuições para o ensino de línguas em sala de aula.
Palavras-chave: Discurso, Ensino, Língua materna, Língua estrangeira.
Coordenação:
Antonio Artur Silva Cantuário (UESPI)
Ermínia do Nascimento Silva (UESPI)
Este simpósio temático propõe um espaço de discussão e reflexão sobre as abordagens teóricas e metodológicas da análise textual e discursiva aplicadas a uma diversidade de gêneros textuais/discursivos. O objetivo é explorar como as formas e funções dos textos e gêneros se articulam com os contextos socioculturais, ideológicos e retóricos, contribuindo para a construção de sentidos, para a constituição dos sujeitos e para o seu funcionamento linguístico-textual e discursivo. Com foco em gêneros diversos – desde textos literários, acadêmicos e jornalísticos até discursos midiáticos, publicitários e digitais presentes nos gêneros – busca-se investigar as estratégias linguísticas, composicionais e discursivas que orientam a produção, circulação e interpretação dos sentidos diante da diversidade dos gêneros em diferentes esferas de atividade humana. Serão bem-vindos trabalhos que abordem aspectos como: a) a constituição dos sujeitos, a produção de efeitos de sentido; b) as relações entre texto, contexto e ideologia, bem como as questões de autoria e intertextualidade e c) a análise e o funcionamento sociorretórico, composicional, estilístico e temático a partir de diferentes ancoragens teóricas sobre gêneros textuais/discursivos. O simpósio busca promover um diálogo crítico sobre formas contemporâneas de produção e circulação de discursos em diferentes esferas, tendo-se os gêneros como formas de agir socialmente. Além disso, acrescentamos como contribuição o diálogo inter-trans-disciplinar entre a Análise do Discurso, a Linguística Textual e outras correntes teóricas que dialogam com os estudos sobre a linguagem, como a Semiótica Discursiva, a Retórica, os Estudos de Gêneros Textuais/ Discursivos e os Novos Estudos de Letramentos e Multiletramentos. Serão abordados temas como a relação entre linguagem e poder, a construção de identidades, a constituição de ethé, as formações discursivas e ideológicas, a intertextualidade, a polifonia e as estratégias argumentativas presentes nos discursos contemporâneos, bem como análises sociorretóricas de gêneros em diferentes esferas, propostas didáticas de gêneros, bem como estudos sobre práticas de leitura e escrita em espaços institucionais e não institucionais e as mudanças nos gêneros textuais diante das transformações tecnológicas e sociais, especialmente no contexto das mídias digitais. Assim, o simpósio convida pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação a compartilhar investigações empíricas, análises comparativas e reflexões teóricas que ampliem a compreensão sobre os processos de construção de significados nos variados contextos de comunicação e suas aplicações, fortalecendo o campo dos estudos textuais e discursivos.
Palavras-chave: Discurso, Gêneros Textuais/Discursivos, Letramento, Texto.
Coordenaçao:
Melissa Catrini (UFBA)
Desirée De Vit Begrow (UFBA)
A clínica dedicada a crianças e adultos com dificuldades de linguagem testemunha cotidianamente os efeitos perturbadores das falas sintomáticas sobre o outro – família, o próprio clínico e/ou profissionais da educação. De acordo com Lier-DeVitto (2006, p. 186), o sintoma na fala/linguagem é “aquilo que leva o sujeito à clínica e envolve, portanto, sofrimento, […] diz de uma diferença radical, uma marca na fala que implica o próprio sujeito à medida em que o isola dos outros falantes de uma língua […]”. Falas sintomáticas são produções estranhas que remetem a uma diferença de qualidade cujo efeito – imediato e inequívoco – é de perplexidade e patologia na escuta do outro e, muitas vezes, na do próprio falante (Arantes, 2001; Lier-DeVitto, 2019). Na sua presença, o estabelecimento ou a manutenção do laço social pela via da linguagem se torna difícil, já que o ideal comunicativo fica severamente abalado e o sujeito marginalizado. Esse Seminário Temático propõe, a partir da Clínica de Linguagem (perspectiva teórico-clínica proposta por Lier-DeVitto na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e que tem braços bem estabelecidos na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati – Paraná), acolher estudos que promovam uma discussão sobre os efeitos das falas patológicas de crianças e adultos em diferentes espaços de convívio e relação (família, escola, trabalho, entre outros). Fazemos alusão aqui a crianças com perdas auditivas em diferentes níveis, crianças com suspeita diagnóstica de autismo, ou aquelas que vivem impasses na aquisição da linguagem, e adultos com afasia e demência. Em suma, no centro das discussões deverão estar sujeitos (i) afetados por um diagnóstico, muitas vezes emitido bem cedo na vida da criança ou após a incidência de uma lesão neurológica, como pode ser o caso de adultos e idosos; (2) que apresentem um enlace peculiar com a linguagem e, portanto, com o outro. Espera-se que os trabalhos explorem a singularidade do falante, de sua relação com a própria fala e com a fala do outro na problematização dos caminhos e perspectivas que envolvem o estabelecimento do laço social quando falas sintomáticas participam do jogo dialógico.
Palavras-chave: Linguagem, Patologias de Linguagem, Laço social, Singularidade, Clínica de Linguagem.
Coordenação:
Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim (UFPR)
Alcione Alves de Oliveira de Araújo (UFAM/UFPR)
A Linguística Aplicada (LA) há muito deixou de ser “mero sinônimo de ensino de línguas” (Rajagopalan, 2021, p. 48). Na atualidade, vive-se uma LA em outras perspectivas, nela o estudo da linguagem deve ocorrer nas realidades de sociedades e de culturas levando-se em conta as vidas humanas envolvidas nessas realidades, nas quais a linguagem é parte constituinte e constitutiva. Nesse contexto, a LA vai além de um manual de aplicação por meio de métodos e técnicas de ensino, torna-se Transdisciplinar atuando como problematizadora da realidade social, das dinâmicas situacionais e das práticas linguísticas, ganhando ares de um guarda-chuva, abrigando outras ciências, compilando “um modo de criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem um papel central” (Moita Lopes, 2006, p.14). Ao fugir de padrões, a LA Transdisciplinar corrobora para a compreensão de que o ensino de línguas é o espaço do ensino da interculturalidade, assumindo a responsabilidade de implantar a ideia de Educação Linguística a partir do “conjunto de fatores socioculturais que possibilitam adquirir, desenvolver e ampliar o conhecimento de/sobre a língua materna, de/sobre outras línguas, sobre a linguagem de um modo mais geral e sobre os demais sistemas semióticos” (Gomes & Nogueira, 2020, p.35). Tais elementos da LA contemporânea, tornam-se cada vez mais relevantes por significarem o rompimento com ontologias e epistemologias, políticas e práticas (educacionais) reprodutoras do colonialismo. Neste sentido, buscamos agrupar nesta proposta de Simpósio Temático pesquisas acadêmicas em desenvolvimento ou concluídas que contribuam para as discussões acerca de (R)EXISTÊNCIAS DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA, privilegiando aspectos discursivos, sociais e históricos à organicidade e funcionalidade da língua, de modo que a dinamicidade linguística possa ser vislumbrada no transgredir do pensamento tecnicista, sistemático e estruturalista, no romper limites de métodos, no experienciar as possibilidades de abordagens participativas e no vivenciar de novos caminhos nas práticas sociais de linguagem. Por fim, este Simpósio Temático objetiva promover discussões sobre como a Educação Linguística contribui na virada paradigmática do ensino de línguas, ao introduzir práticas como: os Letramentos (crítico, racial, de resistência, de (r)existência, linguístico e literário), os Multiletramentos, Pedagogias Decoloniais, Pedagogia Crítica, Interculturalidade, Multilinguismo, entre outras.
Palavras-chave: (Re)existência, educação linguística, formação docente.
Coordenação:
Gladys Quevedo-Camargo (UnB)
Mariana Damacena-Dutra (UnB)
A avaliação no ensino de línguas adicionais é comumente considerada desafiadora e complexa. Embora as questões enfrentadas por professores variem entre diferentes realidades de ensino de línguas no Brasil, há uma questão central comum: como garantir que as práticas avaliativas sejam confiáveis, inclusivas e alinhadas aos objetivos de aprendizagem? Este simpósio busca explorar desafios compartilhados e soluções potenciais para a elaboração e implementação de processos avaliativos em cenários educacionais diversos. A formação de professores em letramento em avaliação é uma das principais lacunas no desenvolvimento profissional docente, como apontam Scaramucci (2016) e Quevedo-Camargo (2020). Resumidamente, o conceito de letramento em avaliação se refere ao repertório teórico, prático e ético (Davies, 2008) que os atores envolvidos no processo de ensino-avaliação-aprendizagem devem desenvolver para que possam compreender o quê, como, quando e por que avaliar (Inbar-Lourie, 2008). Ao negligenciar uma formação docente sólida para elaborar, adaptar e questionar avaliações, contribui-se para a perpetuação de práticas obsoletas e tradicionalistas (Stiggins, 1991), sem considerar o potencial da avaliação como ferramenta para retroalimentar a aprendizagem (Scaramucci, 2016). Somam-se à falta de formação teórica e prática as limitações de infraestrutura em determinados contextos educacionais e a crescente tensão entre as demandas locais e globais de avaliação. Em um mundo cada vez mais globalizado, os instrumentos avaliativos precisam refletir tanto as necessidades específicas das comunidades locais quanto os padrões de proficiência amplamente reconhecidos internacionalmente. Essa dualidade é frequentemente desafiadora para professores que atuam em ambientes com recursos limitados e atendem a um público diversificado, de diferentes níveis socioeconômicos, culturais e com necessidades educacionais específicas. Os debates neste simpósio serão fundamentados em pesquisas que abordam como professores enfrentam essas questões em diferentes contextos de ensino. Estudos como os de Fulcher (2012) e Inbar-Lourie (2008) fornecem subsídios teóricos importantes para compreender as práticas avaliativas e suas implicações. Convidamos pesquisadores e profissionais a compartilhar estudos e experiências que lancem luz sobre os desafios e as práticas avaliativas em contextos diversos, bem como em contextos de formação docente com vistas a fomentar o letramento em avaliação. O objetivo deste simpósio é não apenas refletir sobre os obstáculos enfrentados, mas também disseminar iniciativas de promoção do letramento em avaliação de línguas que potencialmente culminarão na adoção de práticas avaliativas mais eficazes e adaptadas às demandas da educação contemporânea.
Palavras-chave: Avaliação em contextos de línguas, Formação de professores, Ensino e aprendizagem de línguas adicionais, Letramento em avaliação.
Coordenação:
Lesliê Vieira Mulico (CEFET/RJ – Maria da Graça)
Patrícia Helena da Silva Costa (UERJ)
Este simpósio objetiva reunir trabalhos que suscitam discussões em torno da tríade resistência-luta-transformação social na formação de docentes das línguas inglesa e espanhola. Partindo do princípio de que língua(gem) e ideologia são dois lados de uma mesma moeda (Volóchinov, 2017), a existência da ideologia neoliberal de consumo nos discursos turísticos presentes em materiais didáticos e práticas de ensino hegemônicos, trazem uma dimensão culturalmente homogeneizante, economicamente elitista e, portanto, socialmente excludente para a educação e, consequentemente, para a formação de docentes das respectivas áreas. O resultado é um ciclo no qual perspectivas acríticas, mercadológicas e monoculturais que perpassam a formação desses/as educadores/as acabam sendo reproduzidas em suas salas de aula, garantindo, portanto, a manutenção das desigualdades sociais. Apesar dos avanços da educação linguística na contemporaneidade, ainda persistem ações pedagógicas e dispositivos de ensino que desqualificam e inferiorizam a língua(gem) e a inteligência de povos subjugados, sobretudo o do povo negro, produzindo o que Sueli Carneiro (2005) nomeia de “indigência cultural”. Tencionamos dar respostas a tais práticas colonizatórias atendendo ao chamado de Aimé Césaire (1978) a romper o silêncio assassino da colonização; e, com isso defendemos a tese de que ensinar e/ou formar pessoas que ensinam inglês e espanhol, ainda que línguas hegemônicas, pode ser feito pelo viés da justiça racial, cultural e de gênero, valorizando lutas e pautas interseccionais, conforme Lélia Gonzalez (2020). Ao problematizarmos os discursos e práticas da colonialidade, a perspectiva aqui adotada se constrói como um trabalho de politização da ação pedagógica (Walsh; Oliveira; Candau, 2018). Desta forma, o pedagógico e o decolonial se encontram enquanto projeto político destinado a desafiar a lógica da colonialidade, lógica essa que ainda permeia práticas de ensino de inglês e espanhol e/ou de formação de docentes que ensinam essas línguas adicionais. Dentro dessa visada decolonial, pretendemos mostrar, refletir e discutir sobre algumas iniciativas que promovem a formação de docentes críticos e ativistas em prol da promoção da justiça, igualdade e dos direitos humanos, como também algumas ações pedagógicas para o ensino do inglês e espanhol que se fundamentam na transgressão de hegemonias, na formação de comunidades pedagógicas e na prática da liberdade (hooks, 2017). Parafraseando bell hooks (2017), se o inglês e o espanhol são, em maior e menor nível, as línguas dos colonizadores, precisamos delas para “falar com você”, para internacionalizar ações humanitárias locais, para construir redes de comunicação e proteção de vidas ameaçadas, para combater a desinformação em nível global.
Palavras-chave: Ensino de línguas adicionais, Decolonialidade, Formação Docente.
Coordenação:
Alâna Capitanio (UFFS)
Mary Stela Surdi (UFFS)
O acontecimento histórico da pandemia de COVID-19, em pleno século XXI, mobilizou repensar não somente questões concernentes à saúde, mas também às relações sociais, à educação e ao mundo do trabalho, instaurando, conforme Surdi (2024), outras redes de filiação de sentidos. Nesse escopo, a formação de professores também é afetada, por deslocamentos e ressignificações, instaurando outros processos de identificação, de produção de sentidos para a memória discursiva da formação de professores de língua(s). A isso some-se a emergência da inteligência artificial que nos provoca a questionar o que significa ser professor na contemporaneidade. Como a “tecnomediação” e a “virtualização das experiências de si” (Primo, 2022) podem nos auxiliar na interpretação dos modos de subjetivação dos sujeitos-professores? Diante disso, o presente simpósio objetiva reunir discussões de pesquisas concluídas ou andamento que abordem a relação língua(gem), discurso e alteridade e suas contribuições para problematizar os processos de formação de professores de língua(s) na contemporaneidade em contextos de educação básica e ensino superior, bem como de imigração e seus descendentes, refugiados e indígenas. Nessa perspectiva, serão bem-vindos trabalhos que tomem como aporte teórico-metodológico estudos discursivos ou discursivo-desconstrutivistas, em diálogo com a Linguística Aplicada, a História das Ideias Linguísticas, a Psicanálise e a Semântica, a partir de diferentes corpora.
Palavras-chave: Formação de professores, Processos identificatórios, Alteridade, Língua(gem). Discurso.
Coordenação:
Elisa Mattos (UFV)
Dedilene Alves de Jesus-Oliveira (UFV)
O estágio supervisionado desempenha um papel central nas licenciaturas e na formação inicial de professores de línguas, proporcionando o contato direto com a realidade escolar e permitindo a articulação entre teoria e prática (Pimenta; Lima, 2019). No contexto da formação docente, esse componente curricular não apenas possibilita a aplicação de conhecimentos construídos na graduação, mas também deve fomentar a reflexão crítica sobre os desafios da sala de aula e as práticas pedagógicas adotadas (Gimenez, 2020; Reichmann; Romero, 2019), para professores formadores (orientadores e supervisores) e para estagiários. Nesse processo, os estudos sobre letramento oferecem uma perspectiva essencial para compreender as práticas de ensino e aprendizagem de línguas, considerando os múltiplos contextos nos quais os futuros professores atuam (Kleiman, 2005; Street, 2014). Este simpósio temático tem como objetivo reunir pesquisadores e docentes (em formação inicial e/ou continuada) para discutir as potencialidades e os desafios do estágio supervisionado na formação de professores de línguas, tendo como base tanto os processos de letramento de professores em formação inicial e continuada quanto os letramentos dos professores formadores/orientadores nos cursos de licenciatura. Para tanto, consideramos aspectos como a inserção do estagiário na cultura escolar, a reflexão do professor formador/orientador e o planejamento das disciplinas de estágio supervisionado, as experiências dos estagiários, professores supervisores e formadores, a construção da identidade docente e o desenvolvimento da consciência crítica sobre as práticas pedagógicas. Além disso, buscamos debater questões como a relação entre a formação inicial e continuada, as dificuldades enfrentadas nos contextos escolares, a mediação dos professores supervisores na construção do conhecimento docente e as contribuições do estágio para o desenvolvimento profissional docente (Gatti et al., 2019). Neste simpósio temático, convidamos professores formadores/orientadores, supervisores, estudantes e pesquisadores a submeterem trabalhos que explorem o estágio supervisionado como um espaço (político) de letramento docente, contribuindo para a construção de práticas reflexivas e críticas na formação inicial de professores e dialogando com as diferentes perspectivas sobre o estágio supervisionado e sua relevância para a formação de professores de línguas. Esperamos que as discussões fomentadas neste espaço possibilitem diálogos interinstitucionais e contribuam para a formulação de propostas que visem aprimorar o estágio supervisionado nas licenciaturas em Letras, com vistas a fortalecer a formação docente e promover um ensino de línguas mais reflexivo e crítico.
Palavras-chave: Estágio supervisionado, Formação docente, Letramento docente, Ensino de línguas, Licenciatura.
Coordenação:
Ivoneide Bezerra de Araújo Santos-Marques (IFRN/UFRN)
Alana Driziê Gonzatti dos Santos (UFRN)
No Brasil, a busca pela ressignificação do ensino de Língua Portuguesa e a reflexão sobre a formação de professores para que se alcance essa meta em termos de formação leitora e escritora de estudantes da educação básica têm sido objeto de preocupação, tanto no contexto acadêmico, quanto no contexto escolar. Na sociedade grafocêntrica, atualmente, dos cidadãos, é exigido o domínio de múltiplos letramentos e multiletramentos. Assim, ensinar a ler e escrever exige do professor uma formação que lhe permita escolher adequadamente fundamentos, objetos de ensino, metodologias e dispositivos didáticos, para que a escola, a principal agência de letramento, cumpra a contento o seu papel de formar cidadãos letrados. Considerando a relevância dessa problemática, neste simpósio aberto, temos por objetivos: (i) oportunizar a discussão sobre fundamentos e práticas pedagógicas de uso social da leitura e da escrita; (ii) socializar experiências desenvolvidas na educação básica que tematizem letramento(s) no ensino de Língua Portuguesa ou na formação docente em uma perspectiva crítica. Interessam-nos, especialmente, pesquisas que relacionem o trabalho com letramentos e multiletramentos no ambiente escolar ou no contexto de formação docente a dispositivos didáticos (sequências didáticas, oficinas de letramento e projetos de letramento), discutindo as implicações do uso desses dispositivos para o ensino de Língua Portuguesa. Esperamos dialogar sobre pesquisas ancoradas na concepção sócio-histórica de linguagem; nos estudos de letramento de vertente sociocultural; na Pedagogia Crítica; na pedagogia dos multiletramentos; e/ou gêneros textuais/discursivos. Metodologicamente, interessam-nos investigações que partam do paradigma qualitativo com natureza interventiva (pesquisa-ação, etnografia ou outras abordagens). As discussões provenientes dos objetivos propostos podem contribuir para a compreensão do espaço escolar como um contexto para o uso situado e agentivo de práticas de linguagem.
Palavras-chave: Letramentos, Multiletramentos, Dispositivos didáticos, Ensino de Língua Portuguesa, Formação docente.
Coordenação:
Thalita Cristina Souza-Cruz (UNIRIO)
Fernanda Moraes D’Olivo (CAP/Uerj)
A alfabetização no Brasil e a dificuldade de leitura e escrita têm sido uma questão de intensa preocupação entre estudiosos da educação e áreas correlatas, sobretudo no que tange o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Esse desempenho pode ser observado em pesquisas como “Retratos da Leitura no Brasil” e resultados nacionais e internacionais – como o PISA e o SAEB – com consequências para a formação do futuro profissional, leitor e leitor e cidadão, estando, portanto, intimamente relacionada a questões de vulnerabilidade social e a dificuldade de aprendizagem e também tem reflexos na forma como nossa sociedade recebe, julga e entende as informações – levando à desinformação. Nesse sentido, é relevante pensarmos na autonomia da escrita e na leitura crítica como elementos centrais de justiça social e de combate à discriminação (Santos et al., 2022; Ramos e Sampaio, 2024), uma vez que são responsáveis por possibilitar o acesso ao conhecimento, à cidadania e à cultura. Some-se a isto, um cenário de patologização e medicalização da infância, focada em dar diagnósticos e na educação bancária – fruto da ascensão do Neoliberalismo e de seu consequente individualismo. Partindo-se deste cenário, este simpósio olha para o ensino da escrita e da leitura como processos intimamente relacionados aos contextos histórico-culturais e discursivos dos indivíduos (Gallo, 1994, Pfeiffer, 2000, Silva, 2016, Marcuschi, 2008, Vygotsky, 1991) e que, portanto, exige uma perspectiva dialógica (Bakhtin, 1997), na qual a linguagem constrói significados e reflete relações de poder. Nesse sentido, a escola se configura como espaço híbrido de transformação e questionamento (Babbha, 1994; hooks, 1994) com função de combate aos preconceitos e, na garantia de uma inclusão efetiva. Tendo em vista essa perspectiva teórica, este simpósio acolherá discussões e relatos de casos que promovam: i) uma discussão crítica do ensino de leitura e de escrita (sobretudo, mas não limitado ao Ensino Fundamental II) e sua relação com um ensino voltado para o combate ao preconceito, possibilitando uma inclusão efetiva e a construção de uma sociedade mais justa; ii) trabalhos que discutam experiências transformadoras voltadas para a alfabetização “fora de fase” e a promoção da leitura; ii) trabalhos voltados à discussão da patologização da infância e às dificuldades de aprendizagem.
Palavras-chave: Alfabetização tardia. Letramento crítico. Justiça Social
Coordenação:
Dedilene Alves de Jesus-Oliveira (UFV)
Bruno Cuter Albanese (UFV)
A correlação entre letramentos, multiletramentos e alfabetização é uma abordagem que tem gerado estudos no campo da Linguística Aplicada que apontam as aproximações nesses conceitos (Kaworski, 2010; Soares e Moura, 2020; Castro e Rolim-Moura, 2023). Tomando por pressuposto a noção de que letramento e alfabetização são fenômenos interdependentes (Soares, 2003), que apresentam concepções distintas, porém intercambiáveis, compreendemos que a manifestação dessa relação se dá nas práticas diversificadas e sistematizadas que abarcam o processo de aquisição de leitura e escrita, sendo a elas associada posteriormente o conceito de multiletramentos, na concepção das múltiplas formas de letramentos ampliadas, principalmente pelas demandas tecnológicas e digitais (Cazden et al, 2021). Em uma perspectiva de diversidade linguística e cultural, tal relação torna-se fundamental, quando pensamos em abordagens didático-pedagógicas no ensino de línguas que possam corroborar para uma formação humana integral, bem como para a noção de um ensino que concentra diversos modos de representação para além do enrijecimento de uma língua ou mesmo do aprisionamento que pode ser ocasionado por uma organização curricular muito restrita às demandas de um sistema de ensino. A dinamicidade da linguagem, derivada de fatores históricos, sociais e culturais, na contemporaneidade, tem sido afetada pelo surgimento de fenômenos linguísticos e multimodais que emergem das diversas demandas da atualidade, como o consumo das redes sociais, entre outras, tornando necessária a reflexão acerca da forma como a escola tem tratado pedagogicamente essas representações (Ribeiro, 2021). Nesse viés, este simpósio temático objetiva receber pesquisas de pesquisadores e professores que discutam a relação entre letramentos, multiletramentos e alfabetização nas seguintes vertentes: a) no ensino regular; b) no ensino de grupos minoritários; c) na Educação de Jovens, Adultos e Idosos; d) na formação inicial docente; e) na formação continuada.
Palavras-chave: Pedagogia dos Multiletramentos. Ensino de línguas. Alfabetização.
Coordenação:
Elizandra Dias Brandão (UFPI)
Evando Luiz e Silva Soares da RochA (SEMED)
Nos últimos tempos temos nos deparado com uma sociedade desigual em concomitância com determinados grupos, o que tem despertado investigações por parte de pesquisadores que estudam sobre o assunto e constroem narrativas sobre esse mundo pesquisado. Nesse cenário, o/a pesquisador/a desempenha a função de intermediar as discussões teóricas de modo a deixar explicito a compreensão da língua como uma prática social. Em consonância com a proposta do III Encontro Nacional em Linguística Aplicada – Alteridades em Resistência (FALE/UFAL), considerando as pesquisas no campo da Linguística Aplicada, este simpósio objetiva reunir trabalhos concluídos ou em andamento que investiguem estudos do texto e do discurso e que provoquem discussões/ação sobre temas como: identidades, formação docente, ou ensino e aprendizagem de línguas. O objetivo é proporcionar a apresentação e a discussão de pesquisas na dimensão crítica dos estudos da linguagem que, através da análise do texto e/ou do discurso em diferentes contextos e através de metodologias de abordagem qualitativas de dimensão sócio-histórica, evidenciem a pluralidade de saberes e deem visibilidade às vozes silenciadas pelas desigualdades sociais resultantes de exclusão de diversas naturezas, valorizando, assim, identidades e grupos desfavorecidos ou subalternizados. Nesse sentido, aceitam-se resumos de trabalhos de graduação ou de pós-graduação, cuja fundamentação e discussões abordem, preferencialmente, autores que formam a base teórica da Análise Dialógica do Discurso Bakhtin, (2012) e da Análise de Discurso Crítica Fairclough, (2001, 2005, 2008); Magalhães, (2001, 2012) e outros, além de autores que embasam os estudos textuais discursivos e/ou interacionais (Marcuschi, 2002; Cavalcante, 2022) e outros. Os resumos devem ter entre 200 e 300 palavras e incluir, obrigatoriamente, título, objetivos, metodologia e análise de resultados ou discussão.
Palavras-chave: Identidade, Estudos textuais e Discursivos, Desigualdades, Formação Docente, Ensino de línguas
Coordenação:
Leila Patrícia Alves Dantas (IFPI)
Luciana Oliveira Atanásio (IFMA/UFPB-Proling)
Os estudos de práticas de letramento na sociedade contemporânea são marcados por avanços tecnológicos e pela diversificação cultural, de maneira que se exige uma abordagem interdisciplinar para compreendê-los plenamente. Nesse contexto, a Linguística Aplicada oferece ferramentas e perspectivas diversas para a análise das práticas de letramento, em contextos educacionais e sociais diversos. Isto posto, esse simpósio objetiva reunir trabalhos que discutam e promovam uma compreensão interdisciplinar do letramento e suas práticas associadas, com o intuito de discutir as contribuições da LA para o entendimento do letramento e de seus impactos na inclusão social e equidade educacional. O simpósio abarca estudos que abordem temáticas sobre os letramentos, relacionando-os aos contextos culturais, sociais e educacionais, na perspectiva da LA e suas intersecções, como letramentos e inclusão social, letramentos digitais, letramentos críticos, políticas de letramento escolar e social, entre outros, resultados de pesquisas já concluídas ou em andamento, realizadas por diversas metodologias, como estudos de caso, análise de discurso, pesquisas etnográficas, fundamentadas em abordagens interdisciplinares. A bibliografia inclui autores, como Street (2006, 2014) e Soares (2002), os quais trazem os letramentos como fenômenos sociais e culturais constituídos de identidade e de pessoalidade; quer dizer; estão vinculadas às identidades e expectativas sociais específicas sobre modelos de comportamentos e papéis sociais que cada indivíduo desempenha. Para Freire (2002) e Moita Lopes (2009), os letramentos são práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita em contextos específicos, socialmente situados e culturalmente determinados. Barton (1994) destaca que o(s) letramento(s) têm valores dados pela sociedade e por instituições sociais. Bell Hooks (2019) situa o letramento como uma prática capaz de promover a justiça social e a transformação política; um lugar de aprender a questionar e desafiar as estruturas de poder que oprimem as classes menos favorecidas, enfatizando a necessidade de reconhecer, questionar e confrontar o racismo, o sexismo e a luta de classes e outras formas de opressão existentes, a partir de uma perspectiva de práticas letradas decoloniais diaspóricas. Espera-se com esse simpósio que o debate em torno da relação interdisciplinar entre os Letramentos e a LA promova o compartilhamento, o reconhecimento e o respeito mútuo entre as diferentes pessoas e culturas, rompendo com a hegemonia de uma classe dominante que, pela imposição histórica de opressão, apagamentos e silenciamentos, perpetua uma visão eurocêntrica, no tocante à linguagem, à identidade, à pluralidade e à diversidade cultural brasileira.
Palavras-chave: Letramento, Linguística Aplicada, Decolonialidade, Resistência.
Coordenação:
Rogério Modesto (UESC)
Mauricio J. Souza Neto (IFBA)
A língua não é neutra. Vibra nos corpos, ressoa nas margens, ecoa nos silêncios impostos. A palavra carrega a tensão das histórias interrompidas, dos nomes desfeitos, dos sentidos desviados. No entrelaçar dos discursos, a racialização não é um acaso: é trama urdida pelo racismo, esculpindo identidades, limitando pertencimentos, hierarquizando humanidades. O discurso fabrica a cor que oprime, mas também a cor que resiste. A língua, ferida e ferindo, pode ser jugo ou rebeldia. O negro, o indígena, o cigano, o judeu, o amarelo – categorias forjadas na brutalidade colonial – são sujeitos que reescrevem a gramática da opressão em novos registros de existência. Onde se tentou silêncio, brotam vozes; onde se impôs apagamento, inscreve-se memória. Onde a linguagem foi violentada, surgem novas formas de enunciar o mundo. O discurso, enquanto campo de disputa, opera como ferramenta tanto da dominação quanto da resistência. O racismo se manifesta na estrutura da língua, nos enunciados que marginalizam e nos sentidos que delimitam os sujeitos dentro da ordem colonial. Mas a língua, em sua potência insubmissa, também é território de insurgência, abrindo brechas para a reconstrução de sentidos. Nesta sessão coordenada, acolheremos trabalhos que naveguem pelas correntezas da linguagem, investigando como discurso, colonialidade e resistência se entrelaçam. Buscamos reflexões que desvelem os mecanismos de invisibilização e silenciamento, mas, sobretudo, aquelas que iluminam as fissuras, os desvios e os espaços onde a linguagem insurge e reinventa. Queremos trazer para o debate as formas pelas quais a língua abriga a memória e a resistência dos sujeitos racializados. Porque a linguagem não apenas nomeia: ela reescreve histórias, reconfigura mundos e pode, enfim, libertar.
Palavras-chave: Discurso, Linguagem, Tensões Raciais, Racialização, Silenciamento.
Coordenação:
Georgiana Márcia Oliveira Santos (UFMA/PGLetras)
Wagner Barros Texeira (UNILA e PPGL-UFAM)
No atual cenário mundial, temos testemunhado fenômenos impactantes como novas enfermidades, o recrudescimento do embate entre o negacionismo e o conhecimento científico, a ameaça desafiadora das Fake News, a evidência dos discursos de ódio, de manifestações de intolerância, do preconceito e da xenofobia. Tudo isso acaba gerando crises sociais e políticas, muitas das quais culminando em conflitos armados que levam a crises humanitárias. Consequentemente, movimentos de deslocamento de pessoas têm crescido, intensificando processos migratórios e a diáspora de comunidades em diferentes regiões do planeta. Considerando-se o contexto brasileiro, nas últimas décadas, temos percebido a intensificação de processos migratórios de grupos minorizados, os quais demandam políticas de acolhimento que valorizem suas visões de mundo, bem como aspectos culturais, línguas e saberes constitutivos de suas identidades. Nesse sentido, é importante considerar ações que promovam a inclusão desses grupos, de forma significativa e transformadora, combatendo o preconceito, a intolerância, a xenofobia e o discurso de ódio. Na esteira do acolhimento no Brasil, são importantes, e cada vez mais necessárias, pesquisas e ações que evidenciem a correlação intrínseca entre políticas linguísticas e políticas de acolhimento em perspectiva plurilíngue, transgressiva e decolonial, e que reconheçam as relações identitárias entre territorialidades, fluxos migratórios, linguagens em movimento e processos de integração. Movidos por essa visão e pela proposta do III ENALA, a partir do Eixo Temático 9: “Políticas Linguísticas”, neste Simpósio, acolhemos trabalhos que busquem propor uma resposta ao seguinte questionamento: como integrar políticas linguísticas e processos de acolhimento no Brasil? Com vistas a responder a esse questionamento, optamos por tomar pressupostos teórico-metodológicos de duas áreas: a da Linguística Aplicada, em especial aqueles relacionados a sua perspectiva transgressiva (Pennycook, 2006) e indisciplinar (Moita Lopes, 2006), e a das Políticas Linguísticas, a partir da perspectiva Glotopolítica (Guespin e Marcellesi, 1986; Arnoux, 2000; 2014; Lagares, 2018; Zambrano e Reinoldes, 2021). Dessa forma, pretendemos promover a socialização e o debate sobre pesquisas, já concluídas e/ou em andamento, que evidenciem ações voltadas para o ensino de línguas que considere processos de acolhimento em diferentes esferas: a da formação docente, a do currículo, a da avaliação, a da prática de ensino na Educação Básica e no Ensino Superior, a de espaços transfronteiriços, a do material didático, a dos direitos linguísticos, entre outras.
Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Processos de acolhimento, Decolonialidades, Migrações, Linguística Aplicada Transgressiva e Indisciplinar.
Coordenação:
Thaís Nascimento Santana (UNEB)
Valéria Rios Oliveira Alves (UFBA)
Com avanço e desenvolvimento das tecnologias digitais, as práticas de linguagem foram sendo modificadas de modo que o predomínio da escrita verbal, foi dando espaço para o surgimento de gêneros discursivos cada vez mais multissemióticos/multimodais, o que demanda o desenvolvimento de outros letramentos, para além daquele da letra/livro, que deem conta das múltiplas linguagens presentes nos textos postos em circulação nas práticas sociais em rede (Rojo; Barbosa, 2015). A Base Nacional Comum Curricular propõe o desenvolvimento de diversas competências gerais, entre elas “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais” (Brasil, 2018, p. 9). No que tange à Língua Portuguesa, defende que “é preciso considerar a cultura digital e os multiletramentos”. Desse modo, torna-se relevante pensar criticamente de que maneira essas prescrições presentes na BNCC, inspiradas pela Pedagogia dos Multiletramentos (NLG, 1996; Rojo, 2012) têm repercutido (ou não) nos cursos de formação de professores das linguagens e nas salas de aula da educação básica. Nesse contexto, este simpósio pretende reunir trabalhos que discutam o ensino de Língua Portuguesa, bem como de Literatura, que levem em consideração as práticas de linguagem emergentes do uso das tecnologias e da cultura digital, bem como os multiletramentos e os letramentos críticos na formação inicial do professor e/ou nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. São bem-vindos, portanto, trabalhos resultantes de pesquisas concluídas ou em andamento, relatos de experiência de professores em formação e/ou em exercício, que tragam em suas discussões e/ou experiências uma articulação entre ensino das linguagens, o atravessamento das tecnologias digitais em suas aulas e/ou formação, na perspectiva dos multiletramentos e dos letramentos críticos.
Palavras-chave: Ensino de linguagens, Tecnologias digitais. Cultura digital. Práticas de linguagem. Multiletramentos.
Coordenação:
Fábia Fulni-ô (UFAL – Campus do Sertão)
Este Simpósio Temático visa a promover discussões em torno dos lugares que podem ser ocupados pela pesquisa em linguística no âmbito da educação indígena, considerando o ensino de língua materna ou de língua portuguesa – quando se tratar de situações em que a língua materna perdeu espaços de uso ou simplesmente não é mais falada na comunidade – sob uma perspectiva ampla, podendo englobar resultados de diferentes vertentes de pesquisas, incluindo descrições de línguas para propostas de alfabetização e ensino, bem como relatos de situações de ensino-aprendizagem e de descrição etnográfica de sala de aula de ensino de língua em uma ou mais comunidade indígena. Nesse sentido, serão aceitos trabalhos que apresentem discussões sobre a questão do ensino da chamada norma culta em situações de contato e de bilinguismo. Uma outra vertente de estudos a ser considerada diz respeito a investigações que buscam compreender a situação linguística de comunidades indígenas com foco em estratégias de revitalização e preservação, abrindo-se espaço também para relatos e/ou pesquisas sobre essas estratégias. Considerando que se trata de um campo vasto e no qual coexistem muitas e diferentes abordagens, não limitamos o alcance das abordagens teóricas e ou metodológicas utilizadas. Apenas sugerimos que estas estejam de algum modo relacionadas a discussões de caráter linguístico.
Palavras-chave: Descrição de língua, Educação indígena, Ensino de língua, bilinguismo.
Comunicações Coordenadas Presenciais
Coordenação:
Rita de Cássia Souto Maior (UFAL)
André Cordeiro dos Santos (IFAL)
Filósofo russo da linguagem, que teve e tem seus estudos repercutidos em várias dimensões de pesquisas na área da Linguística Aplicada, Mikhail Bakhtin (2003; 2004; 2011) parte da consideração de que a Vida Vivida é a realidade humana que precede a sua própria teorização. A linguagem não é um sistema abstrato e, se assim é estudada, é ficcional. Com essa premissa, ele busca compreender a vida a partir da própria vida e dos discursos que a constituem e que por ela são constituídos, a partir de tensões discursivas. Para ele e para seu círculo (Volóshinov, 2017; Medviédev, 2016), o signo é ideológico e as palavras são elos numa cadeia verbal. A língua, para esse filósofo e para o círculo, “acontece” nos discursos do cotidiano e nas dimensões dos discursos oficiais, também a partir das interações, que são dialógicas, e das relações de alteridade entre eu e o outro. A partir do cabedal de discussões do círculo bakhtiniano, propomos receber trabalhos de pesquisas discursivas e transdisciplinares em Linguística Aplicada ou da Linguística Aplicada Implicada (Souto Maior, 2022; 2023; 2024) que apresentem análise de dados qualitativa (Flick, 2009) das vivências em sala de aula, de estudos de caso e/ou de pesquisas que trabalhem teórica e/ou metodologicamente com a análise discursiva de textos do cotidiano, da literatura e/ou de documentos oficiais, a fim de que possamos, nessa sessão, socializarmos e aprofundarmos o conhecimento sobre aspectos ideológicos, dialógicos, de alteridade, da compreensão responsiva ativa, do ato responsivo etc., em diálogo com outras teorias a depender da proposta dos/as participantes.
Palavras-chave: Linguística Aplicada. Estudos bakhtinianos. Pesquisas discursivas em LA. Vida Vivida.
Coordenação:
Cristina Broglia Feitosa de Lacerda (UFSCar)
O desenvolvimento escolar do aluno surdo depende muito de seu domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Todavia, a Libras não é cotidianamente desenvolvida no ambiente familiar, e este domínio precisa ser alcançado, principalmente, no ambiente escolar, no qual espera-se que o aluno surdo tenha pares em sua língua e possa interagir por meio dela. Nesse sentido, assemelha-se ao desenvolvimento da oralidade de crianças ouvintes, já que é nas práticas dialógicas que se promove o desenvolvimento de língua e linguagem. Contudo, o ambiente escolar tem pouca tradição no trabalho com o desenvolvimento de língua oral/língua de sinais, em geral focalizando as atividades com a língua escrita como sua meta. Assim, pouco se discute sobre práticas que favoreçam o desenvolvimento da Libras no espaço escolar junto aos estudantes surdos. Os debates em torno da pertinência de práticas orais para o desenvolvimento do sujeito como um todo indicou a oportunidade de pensarmos uma proposta de avaliação da compreensão e produção em Libras pelos alunos surdos do ensino fundamental, como forma de acompanhar e implementar seu desenvolvimento em língua de sinais. O ensino da Libras é ainda mais crucial para as crianças surdas do que o ensino da oralidade para as crianças ouvintes, considerando que a aquisição da Libras geralmente ocorre somente no espaço educacional. Em estágio pós-doutoral, desenvolvemos uma primeira versão de um ‘instrumento de avaliação da expressão em língua de sinais catalã’ juntamente com pesquisadores da Universidade de Barcelona. Posteriormente, traduzimos e adaptamos os instrumentos e passamos a desenvolver pesquisas no Brasil a partir deles, que têm recebido financiamento FAPESP e CNPq. Nesta sessão, buscamos apresentar resultados de pesquisas em andamento acerca destes instrumentos considerando: aplicação dos instrumentos em mais de uma centena de estudantes surdos da educação básica e, ainda, a oportunidade de uso desses instrumentos para avaliação de usuários de Libras como segunda língua.
Palavras-chave: Avaliação; narrativa em língua de sinais; Línguas de Sinais.
Coordenação:
Karina Pacheco dos Santos Vander Broock (UFPR)
Caroline Kretzmann (UFPR)
No campo da Linguística Aplicada Indisciplinar (Moita Lopes, 2006, 2009; Fabrício, 2006), são recorrentes as discussões sobre as transformações relativas à vida sociocultural, política e histórica pelas quais o mundo tem passado, bem como as consequências disso para as variadas situações que envolvem as práticas de língua(gem) dentro e fora do contexto educacional. Esses estudos apontam a desaprendizagem (Fabrício, 2006) e a consciência crítica (Monte Mór, 2019; Freire, 2023) como possibilidades para a desestabilização de saberes essencialistas e o consequente aprimoramento do processo de conhecer. Potencializando essas discussões, os estudos decoloniais (Maldonado-Torres, 2018; Mignolo, 2003, 2005; Quijano, 2005; Castro-Gómez; Grosfoguel, 2007; Walsh, 2013; Oliveira, 2023; Queiroz, 2020) apresentam reflexões que nos permitem compreender as consequências da colonialidade como uma estrutura opressora nas relações de poder, saber e ser; bem como se configuram como um novo horizonte utópico e radical para ação libertadora humana (Ballestrin, 2013). Essas perspectivas outras têm influenciado no modo como são construídos os currículos e conduzidas as práticas docentes que se propõem a transgredir (hooks, 2017), sendo responsivas à vida social. Tais práticas se configuram como tentativas de contribuir para a ampliação da justiça social e diminuição de desigualdades (Queiroz, 2020) em um cenário cada vez mais crescente de violências de toda ordem, apagamentos, injustiças e desigualdades. Acreditamos, pois, numa Educação linguística crítica/ ampliada/ cidadã/ decolonial (Cavalcanti, 2013; Mattos Brahim; Jordão, 2023; Monte Mór, 2024; Gomes, 2025) como forma de nos aproximarmos dessas práticas outras, voltando-nos tanto para a formação linguística quanto social das/os estudantes. Ainda, preocupamo-nos com caminhos para propiciar esse tipo de educação, por isso, buscamos o compartilhamento de propostas teórico-metodológicas para a educação linguística em língua portuguesa e para a formação docente inicial e continuada crítica, considerando intersecções de raça, gênero, sexualidade, etnia, classe social etc. Essas propostas podem incluir, por exemplo, tanto a produção autoral de materiais didáticos quanto práticas outras de educação linguística que partam de lógicas plurais, mas contextualizadas à realidade das/os estudantes para que possam agir em seus contextos locais (Queiroz, 2020). Discussões nessa direção são prementes e ressaltam a importância de uma formação inicial e continuada docente voltada à: ampliação da criticidade (Monte Mór, 2023); valorização do repertório discente, das práticas de rigorosidade, da relação dialógica e da tolerância com o diferente (Freire, 1996); e, consequentemente, decolonialidade das práticas pedagógicas (Walsh, 2016).
Palavras-chave: Linguística Aplicada Indisciplinar. Decolonialidade. Educação linguística crítica. Formação docente. Materiais didáticos.
Sara Guiliana Gonzales Belaonia (UFG)
Heliandro Rosa de Jesus (UFVJM/Posling-CEFET-MG)
Os estudos mais recentes da Linguística Aplicada, especialmente em sua dimensão crítica/transgressiva, têm direcionado suas preocupações para integrar novos aspectos teóricos e metodológicos da educação, da linguística e das ciências sociais às propostas de ensino de idiomas. Novos construtos teóricos como a decolonialidade, os estudos identitários e interculturais, as teorias queer têm contribuído de forma profícua para o ensino de línguas e para as pesquisas na área. Rajagopalan (2008) defende que a língua estrangeira não pode ser dissociada de seu papel na formação político-cultural da identidade social e individual dos estudantes, por meio do (re)conhecimento de diferentes culturas e formas de pensar e da relação que isso estabelece com a construção da própria identidade. É necessário ter uma visão mais ampla do que significa aprender e ensinar uma língua estrangeira, pois conhecer outro idioma vai muito além de dominar suas estruturas e funções linguísticas ou comunicativas. Também deve-se considerar a participação do aluno nos diversos âmbitos da sociedade globalizada e intercultural, o que conduz a uma maior interação com o mundo ao seu redor e as oportunidades que esse mundo lhe oferece (Leffa, 2012). Nesse contexto, metodologias ativas ganham relevância, pois promovem o protagonismo do aluno no processo de ensino-aprendizagem, estimulando a autonomia, o pensamento crítico e o engajamento com situações reais de interação. Aliadas a isso, as novas tecnologias desempenham um papel essencial na educação contemporânea e o uso de recursos digitais, plataformas colaborativas e ferramentas de inteligência artificial pode potencializar o ensino de línguas, tornando-o mais dinâmico e acessível, ao mesmo tempo em que desafia educadores e pesquisadores a repensarem suas abordagens didáticas. Diante dos desafios atuais, tanto para a educação em geral quanto para o ensino de línguas estrangeiras nas escolas, a formação dos professores de idiomas deve estar ancorada em atividades, conceitos teóricos e práticos que os preparem para atuar conscientemente no papel que desempenharão na formação intelectual, cívica, social, cultural e política dos estudantes. Isso implica não apenas a atualização teórica e metodológica, mas também a capacidade de incorporar a interculturalidade, as metodologias ativas e as novas tecnologias como elementos fundamentais no processo de ensino e aprendizagem. Esta proposta de Comunicação Coordenada tem como objetivo reunir estudos e relatos de experiências sobre os novos aspectos teóricos aplicados ao ensino e à formação de professores de línguas, considerando as contribuições da interculturalidade, das metodologias ativas e das novas tecnologias para o aprimoramento das práticas pedagógicas e das pesquisas na área.
Palavras-chave: Linguística Aplicada. Ensino de Línguas. Formação de professores. Metodologias ativas.
Coordenação:
Jalmir Jesus de Souza Ribeiro (Promel/UFSJ)
A presente comunicação coordenada busca explorar a interseção entre o letramento literário e o letramento intermidial como ferramentas pedagógicas no ensino e na aprendizagem de literaturas, tanto em língua portuguesa como em língua inglesa, ou outras línguas. Partindo da necessidade apontada por Claus Clüver (2000) de fornecer subsídios teóricos e metodológicos para compreender os elementos intermidiáticos, abriremos a oportunidade para que seja discutida a relevância do letramento intermidial como um meio de desenvolver habilidades críticas para estabelecer conexões entre diferentes mídias (Domingos et al., 2023). Ademais, o letramento literário será abordado enquanto processo que potencializa a interação do leitor com a(s) obra(s), promovendo a construção de sentidos sobre os textos, sobre si mesmo e sobre a sociedade (Amorim et al., 2022), tal qual a apropriação desses objetos literários na construção de sentidos (Paulino, Cosson, 2009). A partir desses apontamentos teóricos, será evidenciada a importância de preparar leitores críticos e reflexivos, aptos a compreender os múltiplos sentidos de objetos intermidiáticos e literários. Assim, as apresentações serão fundamentadas em abordagens teórico-reflexivas, podendo contar com exemplos práticos de análises literárias e/ou intermidiais que ilustrem a aplicação dos conceitos discutidos. Desse modo, será promovido um espaço profícuo para debates, buscando integrar diferentes perspectivas e experiências dos participantes.
Palavras-chave: Letramentos. Intermidialidade. Literatura. Ensino.
Coordenação:
Maria de Fátima Silva dos Santos (UFRPE)
Jane Cristina Beltramini Berto (UFRPE)
Sabe-se que o ensino de língua tem como objetivo principal a formação de um usuário (falante, escritor/ouvinte/leitor) competente, que seja capaz de usar a língua nas diversas situações de interação. Assim sendo, a necessidade de uma teoria linguística em que se possa verificar qual a direção que se dá ao ensino-aprendizagem de língua precisa ser feita por meio do texto, unidade fundamentalmente comunicativa da linguagem. Nessa direção, tem-se a Linguística Textual, a qual toma o texto como unidade de investigação, apresentando estudos consideráveis na constituição de um corpo teórico que possa proporcionar a professores e a professoras encaminhamentos para o ensino de língua. Há, portanto, para a Linguística Textual uma preocupação em se estudar o texto, bem como suas ações linguísticas, cognitivas e sociais. Considerando, pois, essa problemática, pretende-se discutir, entre outras questões nesta sessão de Comunicação Coordenada, as contribuições dos estudos linguísticos para o ensino de língua, principalmente de língua portuguesa, tendo os gêneros textuais como unidade de investigação em que se observará o trabalho com a escrita, por meio dos diversos gêneros. Especificamente, pretende-se acentuar pontos comuns que propõem pensar a sua contribuição para o ensino na articulação de elementos teóricos e metodológicos que consideram a língua em uso e, por extensão, os gêneros textuais como unidade de ensino, além de uma abordagem da produção de diversos gêneros e da análise linguística em sala de aula, e da formação docente.
Palavras-chave Ensino de língua portuguesa. Gêneros textuais/discursivos. Linguística Aplicada.
Coordenação:
Daniela Mascarenhas Benedini (UNEB)
Letícia Telles da Cruz (UNEB)
Os estudos sobre a Educação Linguística no Brasil têm revelado as demandas por um ensino de línguas mais humano, crítico e democrático. Os questionamentos da Linguística Aplicada (LA) nos anos 90 já anunciavam as transformações no campo de pesquisa com uma visão de linguagem que não fosse meramente funcional, ou seja, a-política e a-histórica. Assim, a LA reivindica o compromisso político-pedagógico da pesquisa científica sensível ao contexto social, cultural e político (Pennycook, 1998). Passadas três décadas, constatamos que muitos avanços foram alcançados tanto no que concerne ao caráter transdisciplinar dos estudos propostos, quanto à repercussão dos seus achados para compreendermos como o uso da linguagem é historicamente construído em torno de questões de poder e de dominação. No âmbito das licenciaturas de línguas estrangeiras, a perspectiva do pós-método (Kuramavadivelu, 2001, 2006 e ORTALE, 2023), a educação intercultural (Candau, 2020; Mendes, 2022; Benedini, 2018, 2020), as pedagogias decoloniais (Sanches, 2002; Landulfo e Matos, 2021; Walsh, 2009), a educação para justiça social, (BARROS, 2021) e os Letramentos (Ferreira, 2012, 2015, 202; Cruz e Anecleto, 2021) têm ampliado as discussões sobre o papel da linguagem no empoderamento do sujeito e, consequentemente, provocado questionamentos sobre a formação docente: como preparar o/a educador/a de línguas estrangeiras para que ele/ela possa acessar a variedade de expressões culturais em diferentes linguagens apresentadas dentro e fora da sala de aula e torná-la material fonte para realizar um ensino emancipatório de línguas?; como promover desenhos pedagógicos transdisciplinares, éticos e críticos voltados para o ensino de língua estrangeira, em diferentes tempo-espaço de aprendizagem? Nesse sentido, propomos para essa comunicação coordenada a apresentação de trabalhos que tragam pesquisas e experiências desenvolvidas no âmbito do ensino e da aprendizagem de línguas estrangeiras, orientadas para refletirmos sobre esse questionamento, de modo que possamos sugerir caminhos possíveis para a formação de futuros professores comprometidos em pensar uma educação voltada para a leitura do mundo.
Palavras-chave: Formação docente. Educação linguística. Línguas estrangeiras.
Coordenação:
Wemerson Damasio (UFPR)
Mariana Cristine Gonçalles (UFPR)
A Linguística Aplicada (LA) em uma perspectiva crítica deve despir-se da concepção de que a pesquisa científica e o trabalho pedagógico trilham caminhos às margens da política e da realidade social (Rajagopalan, 2003), abrindo espaço para discussões e investigações que versem acerca de sujeitos diversos que compõem a sociedade sem que priorizemos determinados corpos em detrimento de outros (Louro, 2019). Esse posicionamento implica reconhecer que a linguagem, longe de ser um fenômeno neutro e puramente estrutural, está inerentemente ligada às relações de poder, às identidades sociais e às dinâmicas de exclusão e inclusão que permeiam diferentes contextos (Rajagopalan, 2003; Bezerra, 2023; Melo, 2024). Nessa direção, pesquisadores/as da LA (Moita Lopes, 2002; 2006; Menezes de Souza, 2019; Duboc; Menezes de Souza, 2021) têm contribuído significativamente ao questionarem paradigmas normativos e proporem abordagens transgressoras, a fim de redescrever práticas e ações injustas, violentas e de sofrimento às diferentes identidades e subjetividades que constituem os sujeitos. No campo de uma LA explicitamente identitária e sexual divergente, o da Linguística Queer (LQ), nomes como Fábio Bezerra (UFPB) e Iran Ferreira Melo (UFRPE; UFPE) destacam-se por tensionar categorias de gênero e sexualidade, desafiando concepções hegemônicas sobre identidade e subjetividade na linguagem. Esses pesquisadores, dentre outras e outros, buscam transgredir e indisciplinar (Moita Lopes, 2006) a LA, entendendo-a como uma área de pesquisa imbuída de questões políticas e emergências sociais, e, por isso, são consideradas essenciais para uma educação linguística pós-moderna, crítica, justa socialmente e inclusiva. Coadunando com os autores citados, esta proposta de comunicação busca ampliar os espaços para reflexões acerca de pesquisas que se debruçam sobre a representatividade linguística de corpos que divergem da norma estabelecida socialmente (Louro, 2019) no ambiente escolar. Considerando que a linguagem é um dos principais instrumentos de construção identitária e de posicionamento social, propõe-se fomentar um debate crítico sobre os efeitos da normatividade linguística e pedagógica na exclusão de grupos historicamente subalternizados, como pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e outros sujeitos cujas identidades não se encaixam nos padrões hegemônicos heteronormativos, transgredindo e indisciplinando conceitos linguísticos e educacionais construídos e impostos socialmente. Além disso, a comunicação almeja discutir as limitações e desafios da representatividade linguística na escola, bem como sugerir caminhos alternativos para a construção de práticas pedagógicas que promovam o pensamento decolonial ao tratar da diversidade e da inclusão.
Palavras-chave: Educação linguística crítica, linguística indisciplinar, linguística queer, representatividade, colonialidade/decolonialidade.
Comunicações Coordenadas On-line
Coordenação:
Camila de Lima Gervaz (USP)
Luhema Santos Ueti (USP)
O ensino de línguas adicionais tem uma profunda relação com as transformações tecnológicas que impactam diretamente as práticas sociais e educacionais (Menezes, 2019; Costa-Albuquerque; Mayrink; Oliveira, 2020). Atualmente, vivemos um momento decisivo nesse processo, marcado pela expansão de tecnologias de propósito geral, como as ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa (Kaufman, 2023). Assim como ocorreu no passado com outras inovações tecnológicas, as tecnologias emergentes têm continuamente transformado a vida em sociedade. Essas inovações reconfiguram práticas sociais e de linguagem, além de redefinirem as relações entre indivíduos e a coletividade, consolidando novas formas de interação mediadas pela tecnologia (Lévy, 2015; Moran, 2000). A integração de tecnologias emergentes no ensino de línguas adicionais tem potencial para ampliar a personalização, a autonomia e o engajamento dos aprendizes. Elas também oferecem suporte ao docente em ações como planejamento pedagógico, elaboração de atividades e avaliações; além de transformar a mediação nas interações linguísticas. Contudo, essas inovações também trazem desafios éticos e pedagógicos, como questões de segurança, privacidade e impactos cognitivos. Diante desse cenário, torna-se necessário desenvolver uma reflexão crítica sobre o papel das tecnologias no ensino de línguas adicionais, promovendo sua integração de forma consciente e ética nos processos de formação inicial e continuada de professores. Esta proposta de comunicação coordenada busca reunir pesquisadores e docentes para compartilhar práticas e experiências que exemplifiquem os potenciais e os desafios dessas tecnologias. À luz da Linguística Aplicada, a discussão explora temas como a influência das tecnologias nos currículos de formação docente e no ensino-aprendizagem de línguas adicionais, com foco nos princípios da Pedagogia dos Multiletramentos (Rojo, 2012) e nos fundamentos da Educação Linguística (Bagno, 2005). Além disso, analisa-se como essas teorias podem dialogar com as transformações nas práticas de linguagem promovidas pelas inovações tecnológicas no contexto contemporâneo. O objetivo é fomentar a troca de saberes e experiências que contribuam para a construção de práticas pedagógicas inovadoras, éticas e críticas. Busca-se promover uma formação linguística alinhada às demandas e desafios do século XXI, fortalecendo habilidades de professores e aprendizes para interagir de maneira crítica e reflexiva com as tecnologias emergentes.
Palavras-chave: Formação de professores de línguas adicionais. Tecnologias. Formação crítico-reflexiva. Educação linguística. Pedagogia de Multiletramentos.
Coordenação:
Mônica de Souza Serafim (UFC)
Maria das Doris Moreira de Araújo (UVA)
O ensino e a aprendizagem de língua materna baseiam-se nas contribuições significativas dos estudos linguísticos, principalmente, no tocante às abordagens de produção textual escrita e suas metodologias de ensino, que tornam o ensino e a aprendizagem mais efetivos e permitem que alunos e professores ampliem o conhecimento dessa prática de linguagem em ambientes intra e extra escolares. Tendo por base tal premissa, essa comunicação tem por objetivo congregar pesquisas sobre a produção textual escrita na sala de aula da educação básica. A importância de tal temática dentro dos estudos sobre o ensino e a aprendizagem de línguas reside na ênfase de que ainda é necessário conferir à escrita um papel que vai além da redação para fins de vestibular, mas sim como uma prática que circunda vários outros campos sociais. O desenvolvimento de habilidades da escrita como prática social é essencial para que os cidadãos estabeleçam propósitos comunicativos de maneira efetiva. Pretendemos, portanto, discutir o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, levando em consideração habilidades e especificidades da escrita, a partir de diferentes perspectivas teóricas, o que, a nosso ver, contribui mormente para diversos olhares sobre a escrita na sala de aula da educação básica.
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa. Escrita. Educação Básica.
Coordenação:
Tatiana Aparecida Moreira (IFES – campus Vitória)
Esta comunicação coordenada tem como proposta agregar trabalhos de iniciação científica e do mestrado profissional em Letras (Profletras) sobre discursos vinculados ao rap, ao samba de enredo e ao Slam. Essas manifestações culturais veiculam discursos diversos e potentes sobre situações relacionadas à desigualdade social, violências, ancestralidade, relações culturais, entre outras. A nossa proposta está vinculada, do ponto de vista teórico e metodológico, à Análise dialógica do discurso (ADD), logo, aos estudos do Círculo de Bakhtin (2016, 2017, 2019, 2021), tais como dialogismo, atitude responsivo-ativa e gênero do discurso. Desse modo, pretendemos acolher pesquisas em que as vozes presentes em raps, no Slam e em samba de enredo evidenciem posicionamento crítico e responsivo e dão visibilidade a discursos de resistência, no nosso dia a dia.
Palavras-chave: Rap. Samba de enredo. Slam. Discursos. Posicionamento crítico.
Coordenação:
Paulo Ricardo Ferreira Pereira (UFCG)
Aline Martins Costa (Universidade do Porto)
No triênio de 2020 a 2023, conforme reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o cenário pandêmico decorrente da propagação da COVID-19 (SARS-CoV-2) implicou na manutenção e no desenvolvimento de atividades em diferentes instituições socioprofissionais, em função das medidas administradas para diluir a propagação do vírus (Marques; Silveira; Pimenta, 2020). Na instituição escolar, instaurou um quadro educacional marcado por adaptações no processo educativo, de modo a incorrer nos artefatos (materiais e/ou simbólicos) e no trabalho docente viabilizados pelos professores, atuantes tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior, na dinâmica do ensino remoto emergencial, do ensino híbrido e/ou do retorno ao ensino presencial. Em um primeiro momento, para manter o funcionamento do sistema escolar e o vínculo interacional que marca a instituição escolar, o ensino de linguagens, em especial, ocorreu a partir de plataformas e aplicativos tecnológico-digitais, tais como YouTube, WhatsApp, Google Classroom, Zoom, entre outras; em um segundo momento, esse ensino de linguagens passou a ser (re)conduzido no ensino híbrido e/ou no retorno gradual ao ensino presencial, resguardando nuances do quadro sociossanitário vivenciado mundialmente. Essas transições no processo de ensino de linguagens parecem ter implicado não somente na forma de interação estabelecida entre os atores educacionais – notadamente, docentes e discentes -, mas também na própria apreensão do trabalho a ser realizado. Mediante a essa conjuntura socioprofissional, marcada pelas demandas do contexto pandêmico e da emergência de aparatos tecnológico-digitais, esta Comunicação Coordenada congrega estudos que focalizem o ensino de linguagens e suas implicações para a formação docente. Situada em uma compreensão indisciplinar de Linguística Aplicada (Moita Lopes, 2006; 2009; 2013), acolhe estudos que tematizam a articulação do trabalho docente e da formação docente na área de Linguagens, tal qual preconizada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), refletindo sobre questões que constituem e/ou atravessam esse ensino – a exemplo de relações interacionais entre os sujeitos, tratamento de conteúdos e objetos de ensino, abordagem didática de inteligências artificiais, entre outras questões – em uma das modalidades citadas – ensino remoto emergencial, ensino híbrido e/ou retorno do ensino presencial -, com foco no professor. Espera-se a contribuição de estudos sob diferentes constructos teórico-metodológicos e diversos enfoques analíticos. Esta Comunicação Coordenada visa proporcionar uma fotografia sociohistórica do ensino de linguagens na conjuntura delineada e suas implicações para a formação docente, registrando não somente os entraves, mas também as contribuições para a classe docente.
Palavras-chave: Conjuntura (pós)pandêmica. Trabalho Docente. Formação Docente. Ensino. Linguagens.