III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

CC09 – Aprender a ensinar com e sobre as tecnologias: relatos de experiências e práticas crítico-reflexivas de formação de professores de línguas adicionais para e com o uso de tecnologias

Coordenação:Camila de Lima Gervaz (USP)Luhema Santos Ueti (USP) O ensino de línguas adicionais tem uma profunda relação com as transformações tecnológicas que impactam diretamente as práticas sociais e educacionais (Menezes, 2019; Costa-Albuquerque; Mayrink; Oliveira, 2020). Atualmente, vivemos um momento decisivo nesse processo, marcado pela expansão de tecnologias de propósito geral, como as ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa (Kaufman, 2023). Assim como ocorreu no passado com outras inovações tecnológicas, as tecnologias emergentes têm continuamente transformado a vida em sociedade. Essas inovações reconfiguram práticas sociais e de linguagem, além de redefinirem as relações entre indivíduos e a coletividade, consolidando novas formas de interação mediadas pela tecnologia (Lévy, 2015; Moran, 2000). A integração de tecnologias emergentes no ensino de línguas adicionais tem potencial para ampliar a personalização, a autonomia e o engajamento dos aprendizes. Elas também oferecem suporte ao docente em ações como planejamento pedagógico, elaboração de atividades e avaliações; além de transformar a mediação nas interações linguísticas. Contudo, essas inovações também trazem desafios éticos e pedagógicos, como questões de segurança, privacidade e impactos cognitivos. Diante desse cenário, torna-se necessário desenvolver uma reflexão crítica sobre o papel das tecnologias no ensino de línguas adicionais, promovendo sua integração de forma consciente e ética nos processos de formação inicial e continuada de professores. Esta proposta de comunicação coordenada busca reunir pesquisadores e docentes para compartilhar práticas e experiências que exemplifiquem os potenciais e os desafios dessas tecnologias. À luz da Linguística Aplicada, a discussão explora temas como a influência das tecnologias nos currículos de formação docente e no ensino-aprendizagem de línguas adicionais, com foco nos princípios da Pedagogia dos Multiletramentos (Rojo, 2012) e nos fundamentos da Educação Linguística (Bagno, 2005). Além disso, analisa-se como essas teorias podem dialogar com as transformações nas práticas de linguagem promovidas pelas inovações tecnológicas no contexto contemporâneo. O objetivo é fomentar a troca de saberes e experiências que contribuam para a construção de práticas pedagógicas inovadoras, éticas e críticas. Busca-se promover uma formação linguística alinhada às demandas e desafios do século XXI, fortalecendo habilidades de professores e aprendizes para interagir de maneira crítica e reflexiva com as tecnologias emergentes. Palavras-chave: Formação de professores de línguas adicionais. Tecnologias. Formação crítico-reflexiva. Educação linguística. Pedagogia de Multiletramentos.

CC04 – Linguística Aplicada e propostas atuais para o ensino de línguas e formação de professores

Sara Guiliana Gonzales Belaonia (UFG) Heliandro Rosa de Jesus (UFVJM/Posling-CEFET-MG) Os estudos mais recentes da Linguística Aplicada, especialmente em sua dimensão crítica/transgressiva, têm direcionado suas preocupações para integrar novos aspectos teóricos e metodológicos da educação, da linguística e das ciências sociais às propostas de ensino de idiomas. Novos construtos teóricos como a decolonialidade, os estudos identitários e interculturais, as teorias queer têm contribuído de forma profícua para o ensino de línguas e para as pesquisas na área. Rajagopalan (2008) defende que a língua estrangeira não pode ser dissociada de seu papel na formação político-cultural da identidade social e individual dos estudantes, por meio do (re)conhecimento de diferentes culturas e formas de pensar e da relação que isso estabelece com a construção da própria identidade. É necessário ter uma visão mais ampla do que significa aprender e ensinar uma língua estrangeira, pois conhecer outro idioma vai muito além de dominar suas estruturas e funções linguísticas ou comunicativas. Também deve-se considerar a participação do aluno nos diversos âmbitos da sociedade globalizada e intercultural, o que conduz a uma maior interação com o mundo ao seu redor e as oportunidades que esse mundo lhe oferece (Leffa, 2012). Nesse contexto, metodologias ativas ganham relevância, pois promovem o protagonismo do aluno no processo de ensino-aprendizagem, estimulando a autonomia, o pensamento crítico e o engajamento com situações reais de interação. Aliadas a isso, as novas tecnologias desempenham um papel essencial na educação contemporânea e o uso de recursos digitais, plataformas colaborativas e ferramentas de inteligência artificial pode potencializar o ensino de línguas, tornando-o mais dinâmico e acessível, ao mesmo tempo em que desafia educadores e pesquisadores a repensarem suas abordagens didáticas. Diante dos desafios atuais, tanto para a educação em geral quanto para o ensino de línguas estrangeiras nas escolas, a formação dos professores de idiomas deve estar ancorada em atividades, conceitos teóricos e práticos que os preparem para atuar conscientemente no papel que desempenharão na formação intelectual, cívica, social, cultural e política dos estudantes. Isso implica não apenas a atualização teórica e metodológica, mas também a capacidade de incorporar a interculturalidade, as metodologias ativas e as novas tecnologias como elementos fundamentais no processo de ensino e aprendizagem. Esta proposta de Comunicação Coordenada tem como objetivo reunir estudos e relatos de experiências sobre os novos aspectos teóricos aplicados ao ensino e à formação de professores de línguas, considerando as contribuições da interculturalidade, das metodologias ativas e das novas tecnologias para o aprimoramento das práticas pedagógicas e das pesquisas na área. Palavras-chave: Linguística Aplicada. Ensino de Línguas. Formação de professores. Metodologias ativas.

ST54 – Mobilidade, Diferença e (Re)existência: migrações, multilinguismo e o português como língua adicional

Coordenação:Alan Silvio Ribeiro Carneiro (UNIFESP)Gabriela da Silva Bulla (UFRGS) A intensificação dos movimentos globais e o surgimento de diferentes paisagens no capitalismo tardio tornam necessárias reflexões sobre o que Sheller e Urry (1996) denominam como o novo paradigma das mobilidades, ou como discute Vertovec (2007), o paradigma da superdiversidade. Os lugares híbridos que se configuram a partir dos fluxos migratórios demandam uma reflexão sobre os modos de construção da diferença linguística e cultural, o que inclui formas de preconceito e discriminação, mas também a construção de aproximação e solidariedade (Keating, Carneiro, Diniz, 2022). O objetivo deste simpósio é refletir sobre como em diferentes cenários de migração multilíngues nos quais o português como língua adicional está presente, em meio a outros recursos, são construídas formas de agenciamento que possibilitam o exercício da cidadania linguística (Stroud, 2018; Rampton, Cooke, Holmes, 2018), entendida como o modo como sujeitos utilizam diferentes recursos comunicativos para construir novas subjetividades políticas fazendo frente a processos de subalternização. Interessa, nesse sentido, para este simpósio, investigações que abordam dimensões específicas de agenciamento que emergem de pesquisas em contextos de mobilidade, como nas práticas de ensino de português como língua adicional, como língua de acolhimento e como língua de herança, entre outras denominações; a produção e análise de materiais didáticos para o ensino de português; a avaliação de políticas públicas para o acolhimento de migrantes; as tensões e complexidades da educação linguística e da formação de professores para a superdiversidade, entre outros aspectos. Palavras-chave: Português como Língua Adicional, Multilinguismo, Migração, Mobilidade, Agenciamento.

ST53 – O Ensino de Línguas Adicionais no Contexto Brasileiro: Reflexões sobre Diversidade, Interculturalidade e a Formação Docente

Coordenação:Cíntia Voos Kaspary (UFBA)Rita Maria Ribeiro Bessa (UFBA) Este simpósio tem como objetivo reunir e compartilhar pesquisas que reflitam sobre o ensino-aprendizagem de línguas adicionais na contemporaneidade, no contexto brasileiro. Desde a formação inicial de professores até a prática docente no cotidiano, os desafios são múltiplos e envolvem questões complexas que necessitam ser debatidas em espaços de interação, visando garantir que pesquisadores possam contribuir com seus pontos de vista e participar de um diálogo crítico. Um aspecto relevante a ser abordado é o apagamento da diversidade de línguas estrangeiras em documentos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), que privilegia a língua inglesa, e a Lei nº 13.415/2017, que reformulou o Ensino Médio e excluiu a obrigatoriedade do ensino de línguas, como o espanhol. Esse cenário resulta na desvalorização do ensino de línguas adicionais na escola, o que, por sua vez, impacta negativamente o âmbito universitário. Como consequência dessas políticas linguísticas, observa-se uma centralização do ensino-aprendizagem em uma única língua, restringindo progressivamente o acesso à diversidade linguística. Outro ponto relevante é a predominância de livros didáticos com uma perspectiva eurocêntrica e estadunidense, que orientam o ensino-aprendizagem de línguas adicionais. Nessa perspectiva, docentes comprometidos com uma visão de ensino que valoriza o desenvolvimento de competências linguísticas amplas, com foco na comunicação em contextos diversos, são desafiados a buscar alternativas que superem as limitações impostas por esses materiais. Essa busca é sustentada por uma abordagem que prioriza o desenvolvimento de competências linguísticas, preparando os alunos para uma comunicação efetiva em variados cenários de uso da língua. A discussão sobre o processo de ensino-aprendizagem proposto neste simpósio concebe a língua como mediadora de práticas sociais e inter(culturais), nas quais os sujeitos envolvidos participam de uma reflexão crítica e conjunta acerca da língua-alvo, configurando um “terceiro lugar” no processo de ensino-aprendizagem, denominado espaço intercultural. Este simpósio fundamenta-se, por um lado, em epistemologias que consideram os estudos (inter)culturais como lócus de diversidade e hibridismo (Almeida Filho, 2011; Burke, 2010; Mendes, 2011; Bauman, 2013; Bhabha, 2013; Hall, 2020), incorporando diretrizes metodológicas para o ensino que valorizam a diversidade linguístico-cultural, tanto no ensino da gramática e do léxico quanto no uso de ferramentas digitais, em diferentes modalidades. Por outro lado, baseia-se em estudos sobre a formação reflexiva de professores, alinhados às dinâmicas do mundo globalizado e da internacionalização, com ênfase no ensino de línguas para objetivos profissionais e acadêmicos, (Albuquerque-Costa, 2016; Mangiante; Parpette, 2004; 2010; Carras; Tola; Kohler, 2007; Fujita, 2012; Richer, 2008) defendendo a importância do plurilinguismo.Palavras-chave: Plurilinguismo, Diversidade Linguística, Formação Docente, Ensino-aprendizagem, Formação Docente.

ST52 -A língua oral como conexão: fenômenos, abordagens, metodologias e desenvolvimento de competências

Coordenação:Aline Fonseca de Oliveria (UFRPE)Miguel Mateo Ruiz (UFRJ) Este simpósio propõe-se a abordar estudos relacionados à língua oral, desde aqueles centrados nos fenômenos da fala, ou seja, os que focalizam a sua forma material, tanto no âmbito segmental como suprassegmental (Fonseca de Oliveira, 2013, 2021; Mateo, 2015, 2018; Mateo; Fonseca de Oliveira, 2015; 2023; Cerqueira; Moraes; Rilliard, 2019; Conceição Silva; Almeida Barbosa, 2017, entre outros), àqueles que buscam entender e teorizar acerca das especificidades da língua oral enquanto espaço discursivo de interação e comunicação, focalizando seu tratamento didático no âmbito da Linguística Aplicada (Leite Araújo, 2021; Montenegro 2021, Corrêa Lopes, 2021; Montenegro e Fonseca de Oliveira, 2023). Nos interessam questões como: (1) orientações e considerações metodológicas (Flege, 1980; Cantero, 2002; 2019; Cantero; Font-Rotchés, 2007; Cantero; Mateo, 2011; Dordron, 2022; ou Munro; Mackay, 2013, por exemplo), relacionadas à análise fonética, em particular a acústica e a perceptiva, na descrição da fala coloquial e na aquisição (e ensino/aprendizagem) da pronúncia, tanto na área dos sons quanto da prosódia; (2) propostas que focalizem o desenvolvimento das competências fônicas dos aprendizes de línguas adicionais em diversos entornos – presenciais, remotos, híbridos – e níveis educativos, com especial atenção ao contexto brasileiro (Alves; Lima Júnior, 2021; Barbosa, 2021; Brum, Corrêa; Fonseca de Oliveira, 2024; Figueiredo et al., 2021; Fonseca de Oliveira; Leite Araújo, 2023; Pinto; Couto, 2016, entre outros); (3) metodologias qualitativas e/ou quantitativas de avaliação da língua oral, como, por exemplo, em Leite Araújo (2021) ou López Colorado (2023). Palavras-chave: Língua oral, Fenômenos da fala, Didática da pronúncia, Enfoque oral, Competências fônicas.

ST51 – Perspectivas para a educação linguística em Português como Língua não materna em múltiplos contextos

Coordenação:Valdiney da Costa Lobo (UNILA)Tiago Alves Nunes (UFBA) Os contextos de educação linguística em português como língua não materna são diversos, levando em consideração os âmbitos políticos, sociais, interculturais, nacional e internacional, o português como língua pluricêntrica (Clyne, 1992; Muhr, 2012; Pinto, 2022) e o plurilinguismo (Maher, 2007). Assim, há uma variabilidade de campos teóricos e práticos que estão em constante desenvolvimento e em atividade, de modo que podemos citar alguns: a educação linguística em contextos bi/multilíngues (Megale; El Kadri, 2023) e/ou transfronteiriços; o ensino a migrantes em mobilidade transnacional de fluxo forçado, sobretudo oriundos do Sul Global; políticas de ensino de português a estudantes internacionais em Programas nacionais, como é o caso do PEC-G (Programa de estudantes-convênio da Graduação) etc. Nesse contexto de diversidade, este simpósio temático objetiva reunir pesquisas, de diversas naturezas teóricas e metodológicas, que abordem a educação linguística em português a partir de diferentes perspectivas, tais como as do português para falantes de outras línguas (PFOL), língua adicional (PLA), língua de herança (PLH), língua de acolhimento (PLAc), em suas mais distintas conjunturas de ensino e pesquisa. Para tanto, são bem-vindos trabalhos que discutam, por exemplo, de que modo as praxiologias em educação linguística estão sendo teorizadas e aplicadas; como materiais didáticos são construídos, utilizados e a partir de que perspectivas; de que maneira políticas locais e nacionais estão sendo desenvolvidas para subsidiar a educação linguística e a formação de professoras(es) nos contextos supracitados; como as identidades, a interculturalidade e a decolonialidade são pensadas, ou não, para a promoção de ambientes e aprendizagens com foco na valorização das diversidades linguísticas, social, cultural, política etc, bem como no engajamento de práticas de letramentos antirracistas, anti-xenófobas (Lobo, 2018; Mulico; Lobo, 2024) e outros temas sócio-historicamente relevantes que abarquem a perspectiva aqui explicitada. Palavras-chave: Educação Linguística, Português, Pluricentrismo, Multilinguismo.

ST50 – A Formação do docente de línguas Adicionais mediada pelas Tecnologias Digitais

Coordenação:Valéria Jane Siqueira Loureiro (UFS)Mercedes Magdalena Rodriguez (UEFS) Este simpósio tem como objetivo dialogar, interagir e refletir sobre a formação docente no âmbito das línguas adicionais, considerando os desafios e as oportunidades trazidos pelas tecnologias digitais no contexto atual da educação. Duas competências essenciais para os professores de línguas são destacadas: a sistematização de recursos semióticos em ambientes virtuais e a gestão de dispositivos pedagógicos baseados em hipergênero e navegação na textualidade navegante (ou nas textualidades navegantes). Essas competências são fundamentais diante da multimodalidade dos textos (Ribeiro, 2016) e das práticas linguísticas na Web 2.0, que ampliam as possibilidades de aprendizagem comunicativa e demandam novas formas de compreensão sobre o contexto e os eventos comunicativos. A pandemia de Covid-19 acelerou a incorporação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no ensino, fortalecendo as Competências Digitais Docentes (CDD). Com a adoção do Ensino Remoto Emergencial (ERE) (Hodges et al. 2020; Vicentini, 2020) e a transição para modalidades híbridas e à distância (Bacich; Neto; Trevisani, 2019), as universidades e instituições educativas reformularam suas práticas pedagógicas, promovendo maior flexibilidade e adaptabilidade nos processos formativos. Essa transformação se reflete na necessidade de desenvolver o letramento digital dos estudantes, essencial para sua educação linguística no mundo contemporâneo. O simpósio propõe-se como um espaço para compartilhar teorizações e práticas pedagógicas, baseadas na Linguística Aplicada e na Educação, que integram as TDIC na formação docente (Moreira; Henriques; Barros, 2020). Visa, também, refletir sobre o aprendiz como sujeito contemporâneo, com identidade em constante transformação (Moita Lopes, 2006; Hall, 2003) e engajado em um pensamento crítico de resistência (Walsh, 2017). Dada a crescente relevância do ensino de línguas adicionais, espera-se receber trabalhos que abordem experiências, desafios e estratégias em áreas como ensino remoto, híbrido, metodologias ativas, aprendizagem híbrida (blended learning), sala de aula invertida (flipped classroom), gamificação, aprendizagem ubíqua e contínua (seamless learning), bem como o uso de redes sociais, aplicativos, mídias digitais e telecolaboração. Em um cenário de transformação permanente, este simpósio busca contribuir para práticas pedagógicas inovadoras que garantam qualidade na educação, independentemente da modalidade, ao mesmo tempo que valorizam a diversidade de fluxos de informação, multiletramentos ou letramentos múltiplos (Rojo, 2010; Rojo; Moura, 2019) e adaptações curriculares para atender às demandas contemporâneas e futuras da formação docente mediada por tecnologias digitais. Palavras-chave: Plataforma Moodle, Ambiente Virtual de Aprendizagem, Material didático digital, Educação linguística bilíngue, Segunda Língua.

ST49 – Desenvolvimento fonético-fonológico de línguas não nativas

Coordenação:Felipe Flores Kupske (UFRGS)Joceli Rocha Lima (UESB) A área de desenvolvimento fonético-fonológico de línguas não nativas (LNN), de natureza interdisciplinar, tem mostrado um crescimento notável nos últimos anos, no Brasil e no mundo, como se pode notar pelo aumento na quantidade de estudos empíricos e teóricos abrangendo tanto a produção quanto, em menor escala, a percepção da fala. As contribuições do campo de desenvolvimento fonético-fonológico de LNN são significativas para a linguística teórica, ao oferecer dados empíricos capazes de corroborar ou desafiar modelos e conceitos sobre as línguas naturais, e para a linguística aplicada, especialmente no ensino de pronúncia e de oralidade, que, ao contrário das abordagens tradicionais, atualmente, focam na inteligibilidade e compreensibilidade de fala e são tomados como componentes vitais no ensino de línguas, como proposto pela própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nessa esteira, reconhecendo a amplitude, a riqueza e a relevância emergente do campo, este simpósio temático busca reunir pesquisadores e estudantes de diferentes perspectivas teóricas e metodológicas que investiguem o desenvolvimento sonoro de línguas não nativas, além de fomentar diálogos com áreas de interface, como psicologia, neurociência e tecnologia da fala etc. A proposta contempla trabalhos empíricos, experimentais, teóricos ou de revisão, desenvolvidos a partir de abordagens diversas, e visa promover reflexões inovadoras e avanços na área, acolhendo, mas não se limitando, trabalhos nestes temas: (i) aquisição e atrito fonético-fonológico; (ii) percepção e produção da fala; (iii) instrução/ensino de pronúncia; (iv) ensino de oralidade de LNN; (v) análise e elaboração de materiais didáticos para o ensino de oralidade e pronúncia; e (vi) variáveis sociais no/do desenvolvimento fonético-fonológico de LNN. Realizado remotamente, o simpósio também busca ampliar a participação de pesquisadores e estudantes de distintas regiões do Brasil, fortalecendo o debate nacional e incentivando colaborações interinstitucionais. Palavras-chave: Desenvolvimento fonético-fonológico, Línguas não nativas, Bilinguismo, Oralidade, Pronúncia.

ST48 – (Des)encontros epistemológicos e metodológicos da Linguística Aplicada, Complexidade e Transdisciplinaridade

Coordenação:Maximina Maria Freire (PUC-SP)Cátia Veneziano Pitombeira (UFAL) Este simpósio investiga as contribuições e implicações da epistemologia da complexidade e da transdisciplinaridade, embasada, fundamentalmente, na perspectiva de Edgar Morin, para (re)pensar os currículos da escola básica e do ensino superior, a formação de docentes e discentes em contextos presencial, híbrido ou remoto, o design educacional, as interfaces e ambientes digitais de ensino-aprendizagem, dentre outras. Tomamos como desafio a complexidade que contradiz a linearidade, a fragmentação, a previsibilidade, as certezas, as dicotomias e as polaridades binárias tradicionais, buscando promover uma visão integrada, dinâmica e sistêmica dos processos de ensino-aprendizagem. A partir dessa concepção, e no âmbito da Linguística Aplicada, buscamos discutir como o referencial teórico-metodológico complexo e transdisciplinar pode contribuir para práticas formativas reflexivas, críticas e contextualizadas, possibilitando a compreensão do docente e do discente como um sujeito plural, global e planetário, situado em redes interdependentes de saberes e práticas em que questões culturais, sociais e éticas se entrelaçam em toda a sua multidimensionalidade e multirreferencialidade. No âmbito do desenho educacional, propõe-se a adoção de uma perspectiva integradora e sistêmica que reconheça as múltiplas dimensões envolvidas nos processos pedagógicos. Serão discutidos aspectos como a (co)(re)(des)construção do conhecimento e seu caráter inconclusivo, a valorização das singularidades dos aprendizes e a promoção de ambientes de aprendizagem abertos e flexíveis. É uma proposta para engajar os participantes em um diálogo transdisciplinar, capaz de simultaneamente contemplar partes e todo, questionando paradigmas tradicionais e incentivando a criação de propostas inovadoras que reflitam as demandas, as inquietações e os desafios do mundo contemporâneo. Ao valorizar a interação entre teoria e prática, o simpósio convida educadores, pesquisadores e demais interessados a repensar a formação docente e discente e as práticas educacionais à luz da complexidade e transdisciplinaridade no campo da Linguística Aplicada. Palavras-chave: Epistemologia da complexidade, Transdisciplinaridade, Formação de professores, Design educacional, Linguística Aplicada.

ST10 – A Proposta Multirrede-Discursiva no ensino-aprendizagem de línguas: subsídios para o trabalho docente

Coordenação:Yamilka Rabasa (UnB) A Proposta Multirrede-Discursiva (MR-D) foi desenhada e aprimorada por Silvana Serrani na Unicamp. Em 2005, com reimpressão em 2010, a proposta, denominada de Multidimensional-Discursiva, foi divulgada em um instigante livro em que Serrani aborda e fundamenta, com rigor teórico, as bases convocadas na elaboração da Proposta: a Linguística Aplicada, os estudos discursivos, os estudos da aquisição de línguas, do inconsciente e os teórico-literários. Em 2020, a proposta passou a adotar o nome multirrede, para indicar a “perspectiva reticular” que a caracterizaria. Na Proposta MR-D, “Propõe-se o trabalho com redes de discursos, que tematicamente girem em torno de um tópico cultural específico. A finalidade dessa rede é que diferentes posições de sentido sejam mobilizadas em relação aos conteúdos socioculturais de ensino em foco” (Serrani, 2020, p. 266). A MR-D está constituída por três componentes: o Componente Intercultural permite que contextualizemos os materiais no que diz respeito aos territórios, espaços, momentos histórico-culturais e grupos sociais contemplados, além de se observar a diversidade cultural considerando o contexto de partida e o de chegada; o Componente Língua-discurso e gêneros discursivos diz respeito aos conteúdos do sistema da língua enfocados a partir da compreensão discursiva da linguagem e aos gêneros discursivos em que se inscrevem (Bakhtin, 2011); o Componente Práticas de linguagens em oficinas multirrede-discursivas corresponde ao planejamento das práticas de audição, leitura, produção escrita, produção oral e tradução, porém, articulando os componentes anteriores. A MR-D permite abordar, de forma não banalizada, dimensões socioculturais, em articulação com conteúdos de língua-discurso, que possibilitem uma educação humana e crítica para pensar e (quem sabe?) mudar o estado de coisas atual. A partir de uma formação transdisciplinar, o professor multirrede-discursivo pode, ao mobilizar os critérios MR-D, analisar livros didáticos e materiais paradidáticos, selecionar textos em diversas linguagens para complementar o livro didático, planejar atividades, aulas e cursos de línguas. Assim, neste simpósio, convocamos professores, estudantes e pesquisadores da área para compartilharem suas experiências e pesquisas no que diz respeito a: metodologias de ensino, planejamentos de aulas e de cursos, relatos de práticas docentes e propostas teóricas que foquem na formação de professores e no ensino-aprendizagem de línguas desde perspectivas interculturalmente críticas, que concebam a língua como “um objeto complexo” (Revuz, 2016) para além de “um mero instrumento a ser dominado” (Serrani, 2010), comprometidos com uma educação para a emancipação (Freire, 2019). Que este simpósio possa ser o embrião de profícuas discussões atentas aos desafios da realidade da educação no Brasil hoje. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de línguas, Proposta Multirrede-Discursiva, Materiais didáticos, Cultura, Língua-discurso.