Coordenação:
Cíntia Voos Kaspary (UFBA)
Rita Maria Ribeiro Bessa (UFBA)
Este simpósio tem como objetivo reunir e compartilhar pesquisas que reflitam sobre o ensino-aprendizagem de línguas adicionais na contemporaneidade, no contexto brasileiro. Desde a formação inicial de professores até a prática docente no cotidiano, os desafios são múltiplos e envolvem questões complexas que necessitam ser debatidas em espaços de interação, visando garantir que pesquisadores possam contribuir com seus pontos de vista e participar de um diálogo crítico. Um aspecto relevante a ser abordado é o apagamento da diversidade de línguas estrangeiras em documentos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), que privilegia a língua inglesa, e a Lei nº 13.415/2017, que reformulou o Ensino Médio e excluiu a obrigatoriedade do ensino de línguas, como o espanhol. Esse cenário resulta na desvalorização do ensino de línguas adicionais na escola, o que, por sua vez, impacta negativamente o âmbito universitário. Como consequência dessas políticas linguísticas, observa-se uma centralização do ensino-aprendizagem em uma única língua, restringindo progressivamente o acesso à diversidade linguística. Outro ponto relevante é a predominância de livros didáticos com uma perspectiva eurocêntrica e estadunidense, que orientam o ensino-aprendizagem de línguas adicionais. Nessa perspectiva, docentes comprometidos com uma visão de ensino que valoriza o desenvolvimento de competências linguísticas amplas, com foco na comunicação em contextos diversos, são desafiados a buscar alternativas que superem as limitações impostas por esses materiais. Essa busca é sustentada por uma abordagem que prioriza o desenvolvimento de competências linguísticas, preparando os alunos para uma comunicação efetiva em variados cenários de uso da língua. A discussão sobre o processo de ensino-aprendizagem proposto neste simpósio concebe a língua como mediadora de práticas sociais e inter(culturais), nas quais os sujeitos envolvidos participam de uma reflexão crítica e conjunta acerca da língua-alvo, configurando um “terceiro lugar” no processo de ensino-aprendizagem, denominado espaço intercultural. Este simpósio fundamenta-se, por um lado, em epistemologias que consideram os estudos (inter)culturais como lócus de diversidade e hibridismo (Almeida Filho, 2011; Burke, 2010; Mendes, 2011; Bauman, 2013; Bhabha, 2013; Hall, 2020), incorporando diretrizes metodológicas para o ensino que valorizam a diversidade linguístico-cultural, tanto no ensino da gramática e do léxico quanto no uso de ferramentas digitais, em diferentes modalidades. Por outro lado, baseia-se em estudos sobre a formação reflexiva de professores, alinhados às dinâmicas do mundo globalizado e da internacionalização, com ênfase no ensino de línguas para objetivos profissionais e acadêmicos, (Albuquerque-Costa, 2016; Mangiante; Parpette, 2004; 2010; Carras; Tola; Kohler, 2007; Fujita, 2012; Richer, 2008) defendendo a importância do plurilinguismo.Palavras-chave: Plurilinguismo, Diversidade Linguística, Formação Docente, Ensino-aprendizagem, Formação Docente.