ST27 – As relações entre formação docente, metodologias ativas e materiais didáticos na contemporaneidade
Coordenação:Renato Caixeta da Silva (CEFET-MG)Heliandro Rosa de Jesus (UFVJM/Posling-CEFET-MG) A formação inicial e ou continuada de professores de línguas estrangeiras é essencial para a melhoria do ensino de línguas, especialmente no contexto atual, que exige práticas pedagógicas mais dinâmicas e inclusivas. As metodologias ativas, como a sala de aula invertida e a aprendizagem baseada em projetos (Moran, 2015; Bacich & Moran, 2018), permitem que os alunos se tornem protagonistas de suas trajetórias de aprendizado, favorecendo a autonomia e o engajamento. No entanto, a implementação dessas metodologias exige a criação de materiais didáticos inovadores, sensíveis aos contextos culturais e linguísticos dos alunos. Segundo Leffa (2008) e Almeida Filho (2011), esses materiais didáticos em geral precisam ser cuidadosamente elaborados para promover um ensino reflexivo e inclusivo, respeitando a diversidade de identidades culturais. A pesquisa sobre a formação docente e questões relativas à produção e ao uso de materiais didáticos é crucial, pois permite que os professores em formação inicial ou continuada desenvolvam práticas pedagógicas que visem não apenas o ensino da língua, mas também permitam conscientização e trabalho a respeito das diferenças culturais e identitárias dos alunos, criando espaços de (re)existência para saberes plurais e interculturais. O simpósio propõe um espaço de troca entre acadêmicos e educadores, com o objetivo de explorar como conhecimentos a respeitos de metodologias ativas e materiais didáticos podem ser utilizados para formar professores mais preparados, capazes de enfrentar os desafios do ensino de línguas estrangeiras de maneira inclusiva, inovadora e respeitosa à alteridade. Palavras-chave: Formação de professores, Ensino de línguas estrangeiras, Metodologias ativas, Materiais didáticos.
ST26 – Inteligência Artificial e Formação de Professores: desafios e oportunidades no contexto das tecnologias digitais
Coordenação:Lilia Aparecida Costa Gonçalves (UNIGRANRIO)Natália Xavier Pereira da Costa (UNIGRANRIO) Com os avanços recentes da Inteligência Artificial (IA), intensificaram-se os debates sobre suas aplicações e desafios no processo educacional. Sob a ótica dos estudos sobre letramentos como práticas sociais de leitura e escrita (Kleiman, 1995) e da necessidade de novos letramentos em ambiente digital (Dudeney, Hockly & Pegrum, 2016), considera-se essencial desenvolver habilidades específicas para a utilização crítica e ética dessas tecnologias em práticas educacionais. O letramento em IA emerge como elemento relevante na formação contemporânea de professores, tornando-se essencial para garantir o protagonismo humano (Limongi, Marcolin, 2024; Unesco, 2024; União Europeia, 2024). Ng et al. (2021) defendem que o letramento em IA exige competências essenciais e destacam que é preciso conhecer e compreender, usar e aplicar, avaliar e criar. O desenvolvimento de IA, sobretudo as generativas, exige um novo repertório de letramentos, incluindo a compreensão de seu funcionamento, análise crítica das respostas geradas e uma utilização ética e eficiente dessas ferramentas (Chan, 2024). Estudos nessa área têm buscado entender os aspectos essenciais da formação docente (Castro et al., 2024) para uma integração crítica da IA na educação, bem como os impactos dessas tecnologias nas práticas de ensino-aprendizagem. Para Koedinger (2021), a IA pode personalizar o ensino ao fornecer feedback imediato, detectar lacunas de aprendizado e sugerir abordagens pedagógicas adaptadas. Além disso, conforme apontam Barbosa e Alves (2023), sistemas de ensino baseados em IA, como os tutores inteligentes, utilizam algoritmos avançados para acompanhar o desempenho dos alunos e ajustar os conteúdos conforme suas necessidades, auxiliando os professores na gestão da sala de aula e promovendo uma abordagem centrada no aluno. Nesse contexto, é fundamental garantir que professores e alunos desenvolvam um letramento que envolva a compreensão de questões éticas (Moorhouse et al., 2023), a navegação crítica na internet e a aquisição de competências digitais (Chan, 2024). Ainda há lacunas quanto aos conhecimentos específicos necessários para o letramento em IA. Assim, torna-se essencial investigar quais saberes docentes são fundamentais para a utilização eficaz da IA em sala de aula e como a formação docente pode propiciar esse letramento. A presente proposta visa aceitar estudos que abordem a aplicação da IA em diferentes práticas pedagógicas, a fim de compreender quais letramentos são necessários para a integração da IA generativa no processo de ensino e aprendizagem e contribuir para o desenvolvimento de abordagens teóricas e metodológicas mais eficazes na e para a formação de professores. Palavras-chave: Inteligência Artificial. Formação de Professores. Letramentos Digitais. Ensino e Aprendizagem.
ST25 – Letramentos e multiletramentos na educação básica: perspectivas de ensino, práticas pedagógicas e formação docente
Coordenação:Nayara da Silva Queiroz (COTUCA/UNICAMP)Rosivaldo Gomes (DEPLA/UNIFAP)Sirlei Adriani dos Santos Baima Elisiário (SEDUC-AM/UNICAMP) As pesquisas em Linguística Aplicada Crítica vêm colaborando para discussões sobre o campo dos estudos dos letramentos, multiletramentos, letramentos críticos e da decolonialidade no contexto da educação básica e em outros contextos de ensino ou de educação linguística, seja na perspectiva dos currículos recém implementados a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), seja na formação docente. Nesse sentido, entendemos aqui que o direcionamento de nossas pesquisas se volta tanto para as concepções de letramentos como práticas sociais historicamente situadas permeadas pelas relações de identidade e de poder (Street, 2014; Kleiman, 1995; 2016) quanto para os multiletramentos que consideram as multiplicidades de linguagens e culturas contemporâneas, nas quais práticas de linguagem são constituídas por multissemioses e por tentativas de práticas decoloniais (Gomes, 2024) ou esforços decoloniais (Silvestre, 2017; Pereira, 2024). De maneira geral, pesquisas realizadas no campo da Linguística Aplicada Crítica brasileira, que tratam sobre as implicações de práticas de letramentos e multiletramentos no ensino de línguas, têm demonstrado como os novos modos de significação devem estar inseridos no processo de ensino-aprendizagem de línguas e, portanto, nos currículos dos territórios (Brasil, 2017; 2018), que, em certa medida, deveriam integrar os conhecimentos culturais de modo a garantir um currículo processual em diálogo com as diversas realidades contextuais e com a concepção social de usos da leitura e da escrita (Lopes e Macedo, 2011; Kleiman, 2007). Dessa forma, interessa-nos promover pesquisas alinhadas a uma agenda relacionada com as práticas pedagógicas e à formação de professores, que não se limitem apenas a descrição de relatos de práticas pedagógicas, mas que dialoguem com essas abordagens teóricas para refletir como determinada performatividade perpassa por saberes, ações, pensamentos, criação e criatividade docentes localmente situadas (Signorini, 2007). Nesse escopo, este simpósio está interessado em trabalhos que investiguem três eixos principais: (i) políticas curriculares na educação básica, (ii) práticas pedagógicas e educação linguística no ensino de línguas e (iii) formação inicial ou continuada de professores em perspectiva crítica e decolonial. Nesse contexto, busca-se tecer diálogos com pesquisas concluídas, em andamento e relatos de experiência que possam gerar novas ideias para colaborações e para um espaço acadêmico que considere os estudos dos letramentos e/ou multiletramentos e decoloniais como questões de reflexões na agenda da LA contemporânea. Este simpósio visa reunir pesquisas que discutam os letramentos e multiletramentos no contexto da educação básica e outros contextos de ensino de línguas e formação docente. Palavras-chave: Letramentos, Multiletramentos, Currículo, Saberes docentes, Formação.
ST24 – Práticas Docentes: caminhos na Formação de Professores
Coordenação:Camilla Ferreira (FEUFF)Danuse Pereira Vieira (FEUFF) A formação acadêmica e crítica de futuros professores está intrinsecamente ligada à sua imersão no ambiente escolar. Em cursos de formação para a educação básica, o diálogo entre os conhecimentos teóricos e as práticas pedagógicas é inevitável e essencial. Essa interação se destaca principalmente nos gêneros discursivos presentes na esfera do trabalho docente, equilibrando o conhecimento teórico consolidado com a criatividade e autoria necessárias para a prática educativa. Coloca-se a discussão sobre práticas pedagógicas que consideram o uso dos gêneros aliado a diferentes práticas discursivas de leitura, escrita e oralidade como elementos centrais para o afastamento de perspectivas conservadoras, transmissivas, que muitas vezes reforçam uma visão de educação bancária, conforme delineado por Freire, e reproduzem o estudo da língua de acordo com abordagens baseadas em classificações e categorizações linguísticas desconectadas do uso textual/discursivo, raramente integrando o gênero em suas análises, mas operando com aspectos gramaticais isolados. Na formação de professores, o foco na ampliação do repertório teórico dos futuros docentes impulsiona o desenvolvimento de saberes ancorados em contextos de robustas pesquisas e, por vezes, colabora para formação de competentes leitores e produtores de textos. Entretanto, pensando na complexidade de saberes que integram os letramentos docentes, é necessário forjar licenciandos que construam práticas educativas que contemplem os gêneros em sua circularidade e historicidade. Tendo em vista as especificidades dos estudos sobre os gêneros, leitura e escrita em sala de aula e as características de cada contexto escolar, reitera-se a imprescindibilidade de trocas e reflexões sobre os usos dos gêneros discursivos e letramentos que interpretem a prática docente como uma práxis educativa vista como uma ação de coconstrução entre professor e estudante e, sobretudo, uma investida no fazer docente como autoria e não reprodução de um modo de fazer educação abstrato e alheio ao contexto específico de cada instituição. Pensando nesse cenário, este simpósio intenciona: (a) refletir sobre as especificidades dos letramentos na formação do licenciando na sua imbricação com os letramentos do fazer docente nas escolas; (b) dialogar com experiências sobre o uso dos gêneros discursivos e práticas de leitura e escrita em contexto escolar; (c) valorizar o fazer docente reflexivo, criativo e autoral do trabalho docente na sua relação com a educação básica. Palavras-chave: Formação docente, Letramentos do docente, Práticas docentes, Gêneros discursivos.
ST23 – Estudos discursivos à luz do Círculo de Bakhtin
Coordenação:Samuel de Carvalho Lima (IFRN)Rafael Lira Gomes Bastos (UECE) Conceitos advindos do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, Volóchinov e Medviédev), tais como interação discursiva, gêneros do discurso, enunciado, campo de atividade humana, vozes sociais, entre outros, têm sido mobilizados na Linguística Aplicada para criar conhecimento sobre práticas sociais diversas, influenciando, particularmente, a formação/profissão docente e o ensino de línguas. Esses conceitos têm sido mobilizados por pesquisadores/as que buscam criar inteligibilidade sobre tipos variados de interação discursiva, sejam elas realizadas por meio de enunciados orais, escritos ou verbovisuais. Nesse contexto, o Simpósio Temático Estudos discursivos à luz do Círculo de Bakhtin objetiva reunir investigações que se fundamentam teórico e metodologicamente na obra bakhtiniana para analisar práticas sociais em diversos contextos: cotidiano, acadêmico, científico, universitário, escolar, publicitário, jurídico, legislativo, jornalístico, entre outros. Assim, neste Simpósio Temático serão bem-vindos estudos que, explicitamente: i.) compreendam a interdependência entre os conceitos de interação discursiva, gênero discursivo e enunciado, mas não os tomam um pelo outro, isto é, não os confundem; ii.) pressupõem os gêneros do discurso como tipos relativamente estáveis de enunciados; iii.) realizam a análise de enunciado(s) à luz de procedimentos teórico-metodológicos orientados pela obra do Círculo de Bakhtin. Palavras-chave: Estudos discursivos. Círculo de Bakhtin. Enunciado.
ST22 – Linguística aplicada localizada para além das teorizações e modelos
Coordenação:Paulo Rogério Stella (UFAL – FALE – PPGLL)Fábio Rodrigues dos Santos (UFAL – FALE) A linguagem como prática social tem sido foco de interesse e objeto de investigação da Linguística Aplicada (LA) em seus aproximados 70 anos (Menezes; Silva; Gomes, 2015). Opondo-se às propostas de ciências modalizantes, segue constituindo-se como ciência cujas pesquisas partem de observações da linguagem em uso no mundo. Nesse percurso, estabelece-se como campo de investigação que caminha “sem pudor”, isto é, faz-se transgressiva e crítica (Pennycook, 2006), perpassando por Estudos Culturais, Filosofia e Ciências Sociais, distanciando-se dos estudos essencialmente teóricos. Nesse contexto, o objetivo deste simpósio é agregar pesquisadores da LA cujas investigações circunscrevam a linguagem como prática social em suas relações com: a) tema e significação; e/ou, b) processos identitários (de gênero, classe etc.); e/ou, arquétipos de poder; e/ou, processos de ensino-aprendizagem de línguas. Partimos do pressuposto de que a LA caminha em busca de entendimentos de fenômenos da linguagem que escapem de visões essencialmente positivistas, reconhecendo a complexidade desses, trazendo para si problematizações gloco-locais e idiossincráticas, considerando abordagens disseminadoras de múltiplas oportunidades de aprendizagem, valorizando a qualidade de vida em sala de aula e, igualmente, inserindo-se em processos autocríticos em questões sensíveis, como as trazidas pelos próprios linguistas aplicados em teorizações sobre suas próprias práticas profissionais (Miller, 2013). Segundo Kleiman (2013), a partir de uma concepção suleadora da LA, que deve estar necessariamente implícita na agenda ética desse campo em decorrência da ênfase na produção das realidades sociais pela prática discursiva, a LA está em uma posição privilegiada para perceber e compreender as resistências (ou reexistências) de grupos minoritarizados que, a partir da periferia, ou de suas periferizações (socioidentárias, linguageira, econômicas etc.) constroem novos saberes num processo de transformação do global pelo local. Por assim dizer, as pesquisas apresentadas neste simpósio dizem respeito à busca pela compreensão de práticas discursivas emergentes das mais diversas esferas da atuação humana na proposição de oferecer perspectivas e reflexões que desafiem a nós e aos modelos estabelecidos nas sociedades contemporâneas, quer rompendo com eles, minando-os ou os problematizando para um entendimento mais profundo e crítico de tais práticas que os (nos) constituem e são por eles (nós) constituídas. Deste modo, espera-se, como resultado, que a interlocução promova a possibilidade de troca de saberes por meio do embate dialógico entre os vários pontos de vista que se constituirão na tensa construção de perspectivas para a construção de novas realidades, tanto locais quanto globais. Palavras-chave: Linguística Aplicada, Prática social, Prática discursiva, Novos saberes, Novas realidades.
ST21 – Linguística Aplicada e Análise Dialógica do Discurso: os tecnodiscursos e(em) redes sociais
Coordenação:Emerson Tadeu Cotrim Assunção (UNEB)Urbano Cavalcante Filho (UESC/IFBA) A história da Linguística Aplicada (LA) no Brasil é recente, se considerarmos os estudos da curricularização da Linguística nas Universidades brasileiras. Da década de 1960 pra cá, o foco e o escopo de interesse da LA têm se diversificado, mas sempre se pautando pelo viés da inter/tran/multidisciplinaridade, fato comprovado pelas suas vocações de pesquisas em estreitas relações com as ciências humanas e da linguagem (Moita Lopes, 2006, 2010, 2013; Kleiman; Cavalcanti, 2007; Signorini, 2001; Rajagopalan, 2003; Menezes; Silva; Gomes, 2009). Dentre as várias áreas de pesquisa no âmbito das ciências da linguagem, podemos destacar os estudos da LA em interface com os estudos da Análise Dialógica do Discurso (ADD) (Fiorin, 2010; Brait; Campos, 2009; Cavalcante Filho, 2022; Grilo, 2023; 2022), interessadas nas investigações em torno de discursividades advindas da Web, especialmente em redes sociais (Araújo; Leffa, 2016; Paveau; Costa; Barona, 2021; Paveau, 2022). É sobre esses estudos que esse Grupo de Trabalho (GT) pautará a sua área de interesse. As apresentações dos trabalhos se darão na forma de sessão coordenada de comunicações, com intervenções propositivas dos mediadores e dos comunicadores. Desse modo, espera-se que esse simpósio contribua com reflexões teóricas e empíricas para ampliações de quadros investigativos sobre pesquisas em linguagens em suas diversas formas de interesses e abrangências, em especial, àquelas que tomam as produções discursivas no ambiente digital como objeto de estudo. Assim, por intermédio de ações de interação sociocomunicativa, como a que propomos aqui, oportunizaremos que entrem em cena perspectivas teóricas que indiciam facetas multidisciplinares de compreensões desses estudos, produção de conhecimentos e momento dialógico de (re)significações de fenômenos linguísticos. Palavras-chave: Tecnodiscursividade, Enunciados digitais, Análise do discurso.
ST20 – Leitura retórica e multiletramentos: texto, argumentação e ensino
Coordenação:Erinaldo da Silva Santos (IFAL)Romildo Barros da Silva (IFAL) Com propósito de problematizar os discursos que circulam nas esferas midiática, política e educacional, este simpósio pretende dialogar com estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisadores e professores interessados em criar inteligibilidades sobre práticas de linguagem em contextos que envolvam retórica, estudos textuais/discursivos, multiletramentos (Rojo, 2012) e práticas de educação linguística (Bagno, 2005), notadamente a partir de enfoques indisciplinares (Moita Lopes, 2006). Como marco histórico, é importante evidenciar que nas primeiras décadas do século XXI, vivenciamos, na sociedade brasileira, uma maior popularização do acesso à internet e aos dispositivos móveis, o que permitiu uma ampliação da possibilidade de produção e de circulação de sentidos (Maia, 2013), tendo como consequência um maior contato com outras formas de ser, de viver e de utilizar a linguagem. Esse processo de ampliação de “design de textos” (Mizan; Silva, 2021), além de permitir maior acesso à informação, possibilitou mais voz à “periferia” (Guimarães; Finardi, 2018), o que tem viabilizado a construção de discursos contra-hegemônicos e o questionamento de diversas assimetrias sociais. Em contrapartida, também experimentamos uma diversificação de dispositivos disponíveis para que grupos hegemônicos coloquem em circulação enunciados que reproduzem colonialidades (Mignolo, 2017), discursos de ódio e práticas de “violência linguística” (Silva, 2019), mobilizados com o propósito de impor posições de subalternidade a sujeitos periféricos. Há, desse modo, uma relação de conflito que emerge de um contexto em que as telas de celulares e computadores se tornam cada vez mais determinantes para a constituição de quem somos (Fabrício, 2022), fato que requer investigações acerca das mudanças que têm ocorrido nos processos de produção e circulação de sentidos, sobretudo, devido a um maior contato com a diversidade cultural, identitária e de usos da linguagem. Além disso, ao usar a língua argumentativamente o ser humano projeta realidades e imagens retóricas (ethos), principalmente nas práticas de natureza persuasiva. É, portanto, no universo dos múltiplos discursos que a retórica se instaura como a arte de persuadir pelo discurso, (Aristóteles, 2011), seja nos atos verbais e não verbais da língua/linguagem (Knapp e Hall, 1999). Assim, as várias projeções do eu (ethos retórico), (Meyer, 2007) e os processos de leitura estão reconfigurados com o advento do uso excessivo de telas, da disseminação de informações falsas e do incentivo ao discurso polêmico (Amossy, 2017). A proposta mostra-se relevante, uma vez que une os estudos em Linguística Aplicada aos Estudos Retóricos, com esse intuito serão aceitos trabalhos que dialoguem com essas áreas e perspectivas afins. Palavras-chave: Estudos discursivos, Identidades, Multiletramentos, Retórica, Texto.
ST19 – Perspectivas Discursivas de Educação Linguística na Escola e na Universidade
Coordenação:Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)Jéssica do Nascimento Rodrigues (UFF) Este simpósio tem como principal intenção possibilitar e ampliar o debate e a reflexão coletiva sobre educação linguística e sobre formação docente para a realização do trabalho pedagógico, tanto nas escolas quanto nas universidades brasileiras. Entende-se por educação linguística, conforme Freitas (2021, p.6), “um processo escolar que articula a ampliação: (1) da competência linguístico-discursiva do estudante por meio da produção de sentidos, de textos e de reflexões sobre a língua e sobre a linguagem; (2) do pensamento crítico sobre questões socialmente relevantes que se materializam em textos verbais, imagéticos e verbo-visuais”. Para orientar as propostas deste simpósio, consideram-se os seguintes pressupostos: o texto como cerne do trabalho pedagógico realizado por professores na Educação Básica e no Ensino Superior; a aula como acontecimento (Geraldi, 2010) e, portanto, como um espaço no qual a educação linguística vai além da sistematização da língua e do desenvolvimento de decodificação e codificação, em diálogo com os letramentos enquanto práticas sociais; a formação de professores como lugar de (re)elaboração de conhecimentos que viabilizem os dois pressupostos anteriores. Com base nesses apontamentos, o viés teórico-metodológico que se pretende privilegiar é o da natureza discursiva, em sentido mais amplo, ou seja, buscando agrupar distintas perspectivas, como as diversas linhas de análise do discurso, a semiolinguística, o socionteracionismo e as vertentes bakhtinianas. O objetivo geral deste simpósio é, portanto, agrupar pesquisas concluídas ou em andamento sobre educação linguística e sobre formação docente para a realização do trabalho pedagógico no contexto escolar e no universitário. Destacam-se como elementos cruciais desses processos: o reconhecimento das práticas de linguagem como práticas sociais e, portanto, letramentos, marcados por circunstâncias históricas e culturais; o entendimento de que a língua se organiza em gêneros discursivos (Bakhtin, 2003; Volóchinov, 2017); a importância do engajamento discursivo dos estudantes nesses diferentes contextos e da ampliação de seus conhecimentos e, portanto, repertórios para a construção de textos apropriados, com diferentes intenções e endereçamentos, segundo a diversidade das situações de interlocução. Palavras-chave: Educação linguística, Formação docente, Trabalho pedagógico, Gêneros discursivos, Letramentos.
ST18 – Estudos textuais e discursivos, persuasão e memória
Coordenação:Maria Francisca Oliveira Santos (UFAL)Zoroastro Neto (IFAL) É de fundamental importância reflexões acerca da persuasão e da memória a partir dos estudos textuais e discursivos, com textos e imagens, em uma linguagem verbal e não verbal, como ancoragens para suscitar argumentos suscetíveis de sentidos significativos para a compreensão dos processos linguageiros nos diversos gêneros discursivos. Nos diferentes contextos, refletir criticamente sobre as estratégias retórico-textuais impulsiona a negociação dessas estratégias de textualização em contextos sociointeracionais (Cavalcante et al., 2020). Metodologicamente, interessam-nos propostas, finalizadas ou em andamento, que promovam a integração de abordagens qualitativas e/ou quantitativas que perpassem pela persuasão e pela memória, a partir da ancoragem com textos, imagens e som, com fundamentos nos constructos da Retórica aristotélica, da Nova Retórica e da Análise Crítica do Discurso. Amossy expande o conceito de argumentatividade ao sugerir que o discurso possui o poder de “orientar os modos de ver, pensar e sentir dos interlocutores” (Cavalcante et al., 2020, p. 30). Nessa convergência, o simpósio destina-se a acolher trabalhos que possam articular argumentação, persuasão, memória e provas retóricas em textos e discursos com temas de relevância social em pauta. A justificativa para a realização deste simpósio está na imprescindibilidade de promover um diálogo interdisciplinar que integre não apenas as teorias da argumentação, mas também as diferentes abordagens teóricas da argumentação em uso no contexto dos urdumes interacionais das práticas sociais de resistência, da visada argumentativa, entre outras. O leque de perspectivas para o estudo e a análise da persuasão e da memória nos estudos textuais e discursivos evidencia não apenas o caráter interdisciplinar das áreas propostas, mas também sua abrangência e complexidade nos estudos argumentativos da linguagem. Palavras-chave: Texto/Discurso, Estudos Retórico-argumentativos, Memória, Ancoragem texto/imagem.