III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST20 – Leitura retórica e multiletramentos: texto, argumentação e ensino

Coordenação:
Erinaldo da Silva Santos (IFAL)
Romildo Barros da Silva (IFAL)


Com propósito de problematizar os discursos que circulam nas esferas midiática, política e educacional, este simpósio pretende dialogar com estudantes de graduação, pós-graduação, pesquisadores e professores interessados em criar inteligibilidades sobre práticas de linguagem em contextos que envolvam retórica, estudos textuais/discursivos, multiletramentos (Rojo, 2012) e práticas de educação linguística (Bagno, 2005), notadamente a partir de enfoques indisciplinares (Moita Lopes, 2006). Como marco histórico, é importante evidenciar que nas primeiras décadas do século XXI, vivenciamos, na sociedade brasileira, uma maior popularização do acesso à internet e aos dispositivos móveis, o que permitiu uma ampliação da possibilidade de produção e de circulação de sentidos (Maia, 2013), tendo como consequência um maior contato com outras formas de ser, de viver e de utilizar a linguagem. Esse processo de ampliação de “design de textos” (Mizan; Silva, 2021), além de permitir maior acesso à informação, possibilitou mais voz à “periferia” (Guimarães; Finardi, 2018), o que tem viabilizado a construção de discursos contra-hegemônicos e o questionamento de diversas assimetrias sociais. Em contrapartida, também experimentamos uma diversificação de dispositivos disponíveis para que grupos hegemônicos coloquem em circulação enunciados que reproduzem colonialidades (Mignolo, 2017), discursos de ódio e práticas de “violência linguística” (Silva, 2019), mobilizados com o propósito de impor posições de subalternidade a sujeitos periféricos. Há, desse modo, uma relação de conflito que emerge de um contexto em que as telas de celulares e computadores se tornam cada vez mais determinantes para a constituição de quem somos (Fabrício, 2022), fato que requer investigações acerca das mudanças que têm ocorrido nos processos de produção e circulação de sentidos, sobretudo, devido a um maior contato com a diversidade cultural, identitária e de usos da linguagem. Além disso, ao usar a língua argumentativamente o ser humano projeta realidades e imagens retóricas (ethos), principalmente nas práticas de natureza persuasiva. É, portanto, no universo dos múltiplos discursos que a retórica se instaura como a arte de persuadir pelo discurso, (Aristóteles, 2011), seja nos atos verbais e não verbais da língua/linguagem (Knapp e Hall, 1999). Assim, as várias projeções do eu (ethos retórico), (Meyer, 2007) e os processos de leitura estão reconfigurados com o advento do uso excessivo de telas, da disseminação de informações falsas e do incentivo ao discurso polêmico (Amossy, 2017). A proposta mostra-se relevante, uma vez que une os estudos em Linguística Aplicada aos Estudos Retóricos, com esse intuito serão aceitos trabalhos que dialoguem com essas áreas e perspectivas afins.

Palavras-chave: Estudos discursivos, Identidades, Multiletramentos, Retórica, Texto.

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