III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST66 – Ensino de línguas adicionais e decolonialidade: resistência, luta e transformação social na formação docente

Coordenação:
Lesliê Vieira Mulico (CEFET/RJ – Maria da Graça)
Patrícia Helena da Silva Costa (UERJ)


Este simpósio objetiva reunir trabalhos que suscitam discussões em torno da tríade resistência-luta-transformação social na formação de docentes das línguas inglesa e espanhola. Partindo do princípio de que língua(gem) e ideologia são dois lados de uma mesma moeda (Volóchinov, 2017), a existência da ideologia neoliberal de consumo nos discursos turísticos presentes em materiais didáticos e práticas de ensino hegemônicos, trazem uma dimensão culturalmente homogeneizante, economicamente elitista e, portanto, socialmente excludente para a educação e, consequentemente, para a formação de docentes das respectivas áreas. O resultado é um ciclo no qual perspectivas acríticas, mercadológicas e monoculturais que perpassam a formação desses/as educadores/as acabam sendo reproduzidas em suas salas de aula, garantindo, portanto, a manutenção das desigualdades sociais. Apesar dos avanços da educação linguística na contemporaneidade, ainda persistem ações pedagógicas e dispositivos de ensino que desqualificam e inferiorizam a língua(gem) e a inteligência de povos subjugados, sobretudo o do povo negro, produzindo o que Sueli Carneiro (2005) nomeia de “indigência cultural”. Tencionamos dar respostas a tais práticas colonizatórias atendendo ao chamado de Aimé Césaire (1978) a romper o silêncio assassino da colonização; e, com isso defendemos a tese de que ensinar e/ou formar pessoas que ensinam inglês e espanhol, ainda que línguas hegemônicas, pode ser feito pelo viés da justiça racial, cultural e de gênero, valorizando lutas e pautas interseccionais, conforme Lélia Gonzalez (2020). Ao problematizarmos os discursos e práticas da colonialidade, a perspectiva aqui adotada se constrói como um trabalho de politização da ação pedagógica (Walsh; Oliveira; Candau, 2018). Desta forma, o pedagógico e o decolonial se encontram enquanto projeto político destinado a desafiar a lógica da colonialidade, lógica essa que ainda permeia práticas de ensino de inglês e espanhol e/ou de formação de docentes que ensinam essas línguas adicionais. Dentro dessa visada decolonial, pretendemos mostrar, refletir e discutir sobre algumas iniciativas que promovem a formação de docentes críticos e ativistas em prol da promoção da justiça, igualdade e dos direitos humanos, como também algumas ações pedagógicas para o ensino do inglês e espanhol que se fundamentam na transgressão de hegemonias, na formação de comunidades pedagógicas e na prática da liberdade (hooks, 2017). Parafraseando bell hooks (2017), se o inglês e o espanhol são, em maior e menor nível, as línguas dos colonizadores, precisamos delas para “falar com você”, para internacionalizar ações humanitárias locais, para construir redes de comunicação e proteção de vidas ameaçadas, para combater a desinformação em nível global.

Palavras-chave: Ensino de línguas adicionais, Decolonialidade, Formação Docente.