III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST36 – Políticas Linguísticas em Línguas de Sinais: impactos na vida das pessoas Surdas

Coordenação:Janine Soares de Oliveira do Carmo (UFSC)Bianca Sena Gomes (UFV) De acordo com Spolsky (2016), políticas linguísticas envolvem, além da gestão da linguagem, as práticas de linguagem e as crenças e valores que circulam a respeito delas. Expandindo essa ideia, Garcez e Schulz (2016) explicam que onde há grupos de pessoas que falam línguas, há também decisões sobre as línguas utilizadas. Os autores definem como “políticas” este grupo de escolhas e discussões que levam até elas. Entendemos que no âmbito das línguas de sinais (LS), incluindo a Libras, há uma significativa atividade política [linguística], desde as publicações de Stokoe (1960) e, no caso do Brasil, principalmente da promulgação da chamada Lei da Libras (Lei 10.436/2002). Tais ações, no Brasil, vão desde a articulação da sociedade civil organizada para a participação no texto do Decreto 5.626/2005 (Lodi, 2013), que regulamentou a Lei da Libras, passando pela oferta dos primeiros cursos de graduação em Letras-Libras (Quadros e Stumpf, 2014), bem como pela consolidação e expansão destes cursos – atualmente, são 69 cursos ofertados nas IES no país (Rocha, 2023) – chegando até a produção de glossários, videoaulas, materiais didáticos e uma intensa produção acadêmica sobre a Libras. O Decreto 5.626/2005 teve um papel marcante nessa trajetória pois, enquanto a Lei de Libras reconheceu a língua, foi ele que determinou diretrizes de como se formariam os professores desta língua e os profissionais tradutores-intérpretes. Deste modo, as políticas linguísticas no âmbito da Libras envolvem diferentes atores em diversos contextos. Ao propor este simpósio temático, estamos interessadas em pesquisas e práticas que almejam articular conversas sobre ações realizadas nestes diferentes contextos e que busquem além de “equipar” as Línguas de Sinais, com listas de vocabulários (glossários, dicionários, sinalários), dar visibilidade e garantia aos direitos linguísticos das pessoas Surdas. Além disso, propomos uma reflexão sobre o governamento linguístico (Witchs e Lopes, 2020), ou seja, sobre como a língua oficial opera como uma tecnologia de governamento, que age sobre a população Surda. Nesse sentido, entendemos que projetos voltados à partilha de conhecimentos em LS (pesquisas sobre aquisição da linguagem, ensino de LS, formação de professores), garantia de acesso à informação em LS para pessoas Surdas (tradução, interpretação etc.), bem como produção de materiais didáticos em LS (ou outras ações no campo da educação de Surdos) terão lugar neste espaço de debate transdisciplinar. Esperamos, a partir das discussões, estabelecer parcerias para ações futuras de atividades políticas linguísticas, visando promover a interação entre a universidade e a sociedade.  Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Pessoa Surda, Línguas de Sinais, Libras.

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