III Encontro Nacional de Linguística Aplicada

ST63 – Sob efeito das falas sintomáticas: caminhos e perspectivas no laço social

Coordenaçao:
Melissa Catrini (UFBA)
Desirée De Vit Begrow (UFBA)


A clínica dedicada a crianças e adultos com dificuldades de linguagem testemunha cotidianamente os efeitos perturbadores das falas sintomáticas sobre o outro – família, o próprio clínico e/ou profissionais da educação. De acordo com Lier-DeVitto (2006, p. 186), o sintoma na fala/linguagem é “aquilo que leva o sujeito à clínica e envolve, portanto, sofrimento, […] diz de uma diferença radical, uma marca na fala que implica o próprio sujeito à medida em que o isola dos outros falantes de uma língua […]”. Falas sintomáticas são produções estranhas que remetem a uma diferença de qualidade cujo efeito – imediato e inequívoco – é de perplexidade e patologia na escuta do outro e, muitas vezes, na do próprio falante (Arantes, 2001; Lier-DeVitto, 2019). Na sua presença, o estabelecimento ou a manutenção do laço social pela via da linguagem se torna difícil, já que o ideal comunicativo fica severamente abalado e o sujeito marginalizado. Esse Seminário Temático propõe, a partir da Clínica de Linguagem (perspectiva teórico-clínica proposta por Lier-DeVitto na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e que tem braços bem estabelecidos na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati – Paraná), acolher estudos que promovam uma discussão sobre os efeitos das falas patológicas de crianças e adultos em diferentes espaços de convívio e relação (família, escola, trabalho, entre outros). Fazemos alusão aqui a crianças com perdas auditivas em diferentes níveis, crianças com suspeita diagnóstica de autismo, ou aquelas que vivem impasses na aquisição da linguagem, e adultos com afasia e demência. Em suma, no centro das discussões deverão estar sujeitos (i) afetados por um diagnóstico, muitas vezes emitido bem cedo na vida da criança ou após a incidência de uma lesão neurológica, como pode ser o caso de adultos e idosos; (2) que apresentem um enlace peculiar com a linguagem e, portanto, com o outro. Espera-se que os trabalhos explorem a singularidade do falante, de sua relação com a própria fala e com a fala do outro na problematização dos caminhos e perspectivas que envolvem o estabelecimento do laço social quando falas sintomáticas participam do jogo dialógico.

Palavras-chave: Linguagem, Patologias de Linguagem, Laço social, Singularidade, Clínica de Linguagem.