Coordenação:
Ismar Inácio dos Santos Filho (UFAL-Campus do Sertão; PPGLL-FALE)
Hugo Pedro da Silva Santos (PPGEL-UFRN; UFAL-Campus do Sertão)
Ao considerarmos a constituição da Linguística Aplicada, desde seu surgimento, na década de 1940, e sua chegada ao Brasil, nas décadas de 1960-1970, é de grande relevância que problematizemos seus contextos, interesses, objetos, conceitos e procedimentos analíticos, de modo a nos situarmos na área. Nesse processo de uma historiografia desse campo de investigação nos estudos em linguagem, discutir e estranhar os (re)arranjos linguístico-morfossintáticos para o título “Linguística Aplicada” é do mesmo modo uma maneira de refletir e tomarmos decisões epistemológicas. No Grupo de estudos em linguística aplicada/queer-cuir em questões do sertão alagoano (Gelasal-Ufal), em constantes diálogos históricos com a Linguística Aplicada, assumimos uma filiação explícita e direta aos estudos em Linguística Aplicada em Luiz Paulo da Moita Lopes, Inês Signorini, Branca Falabella Fabrício e Alastair Pennycook, reconhecendo-nos em uma Linguística Aplicada trans-indisciplinar, crítico-transgressiva, “para cortar”, propondo-nos a ferir sensibilidades, sentimentos e pensamentos, visando (frente às perplexidades sociais, que são socio-enunciativas), provocar mudanças socioculturais, de modo a ensaiar (outros) futuros possíveis, produzindo espaços-relações em que todas as vidas sejam vivíveis, em projetos investigativos agridoces. Nesse desenho da área e de seu fazer pesquisa, a língua(gem) está para uma “efervescência de uma fervura” (Signorini, 2012) em práticas enunciativo-discursivas (nos parâmetros do Círculo de Bakhtin), em “assemblages” (Pennycook, 2024). Especificamente, temos empreendido um fazer Linguística Aplicada/Queer-Cuir (para cortar) que se reconhece como uma Geografia discursiva (Santos Filho, 2022; Santos Filho e Santos, 2024), na qual investigamos a interface linguagem e território, em suas diversas nuances, estranhando cenas enunciativo-discursivas que participam da produção do recorte espacial sertão/Nordeste/semiárido (e outros espaços), sob a amálgama espaços-tempos-sujeitos-linguagens. Assim, neste Simpósio, abrimo-nos a receber discussões interessadas no fazer Linguística Aplicada, em estranhar a relação linguagem-território, seja acerca do recorte sertão/Nordeste/semiárido, seja sobre outros espaços, tematizando ou a área, ou esse objeto de estudos, ou os processos metodológicos, ou os imbricamentos teórico-conceituais (em seus curtos-circuitos), ou a produção do corpus, ou os seus resultados, sob os propósitos de “atacar” espaços (em suas invenções discursivas – aqui em forte diálogos com o historiador dos espaços Durval Muniz de Albuquerque Júnior), para que possamos juntes participar da construção dessa Geografia discursiva, como uma importante contribuição aos estudos sociais e linguístico(semióticos)-enunciativo-discursivos.
Palavras-chave: Linguística Aplicada, Geografia discursiva, Linguagem e território.