Coordenação:
Karina Pacheco dos Santos Vander Broock (UFPR)
Caroline Kretzmann (UFPR)
No campo da Linguística Aplicada Indisciplinar (Moita Lopes, 2006, 2009; Fabrício, 2006), são recorrentes as discussões sobre as transformações relativas à vida sociocultural, política e histórica pelas quais o mundo tem passado, bem como as consequências disso para as variadas situações que envolvem as práticas de língua(gem) dentro e fora do contexto educacional. Esses estudos apontam a desaprendizagem (Fabrício, 2006) e a consciência crítica (Monte Mór, 2019; Freire, 2023) como possibilidades para a desestabilização de saberes essencialistas e o consequente aprimoramento do processo de conhecer. Potencializando essas discussões, os estudos decoloniais (Maldonado-Torres, 2018; Mignolo, 2003, 2005; Quijano, 2005; Castro-Gómez; Grosfoguel, 2007; Walsh, 2013; Oliveira, 2023; Queiroz, 2020) apresentam reflexões que nos permitem compreender as consequências da colonialidade como uma estrutura opressora nas relações de poder, saber e ser; bem como se configuram como um novo horizonte utópico e radical para ação libertadora humana (Ballestrin, 2013). Essas perspectivas outras têm influenciado no modo como são construídos os currículos e conduzidas as práticas docentes que se propõem a transgredir (hooks, 2017), sendo responsivas à vida social. Tais práticas se configuram como tentativas de contribuir para a ampliação da justiça social e diminuição de desigualdades (Queiroz, 2020) em um cenário cada vez mais crescente de violências de toda ordem, apagamentos, injustiças e desigualdades. Acreditamos, pois, numa Educação linguística crítica/ ampliada/ cidadã/ decolonial (Cavalcanti, 2013; Mattos Brahim; Jordão, 2023; Monte Mór, 2024; Gomes, 2025) como forma de nos aproximarmos dessas práticas outras, voltando-nos tanto para a formação linguística quanto social das/os estudantes. Ainda, preocupamo-nos com caminhos para propiciar esse tipo de educação, por isso, buscamos o compartilhamento de propostas teórico-metodológicas para a educação linguística em língua portuguesa e para a formação docente inicial e continuada crítica, considerando intersecções de raça, gênero, sexualidade, etnia, classe social etc. Essas propostas podem incluir, por exemplo, tanto a produção autoral de materiais didáticos quanto práticas outras de educação linguística que partam de lógicas plurais, mas contextualizadas à realidade das/os estudantes para que possam agir em seus contextos locais (Queiroz, 2020). Discussões nessa direção são prementes e ressaltam a importância de uma formação inicial e continuada docente voltada à: ampliação da criticidade (Monte Mór, 2023); valorização do repertório discente, das práticas de rigorosidade, da relação dialógica e da tolerância com o diferente (Freire, 1996); e, consequentemente, decolonialidade das práticas pedagógicas (Walsh, 2016).
Palavras-chave: Linguística Aplicada Indisciplinar. Decolonialidade. Educação linguística crítica. Formação docente. Materiais didáticos.